Deputados querem fechamento da Perícia Médica do Fórum Lafayette

A Central de Perícias Médicas do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, deve ser interditada até que a direção da instit...

22/08/2007 - 00:00
 

Deputados querem fechamento da Perícia Médica do Fórum Lafayette

A Central de Perícias Médicas do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, deve ser interditada até que a direção da instituição crie condições para que funcione dentro das exigências sanitárias e que ofereça atendimento digno às pessoas e ambiente adequado aos médicos que ali trabalham. Local alternativo deve ser providenciado para não penalizar as pessoas carentes que dependem daquele serviço. Essa foi a conclusão a que chegaram os deputados após audiência pública com os médicos peritos, representantes do Conselho Regional de Medicina e do Sindicato dos Médicos, fiscais sanitários e a Corregedoria do Fórum, realizada na manhã desta quarta-feira (22/8/07).

A reunião conjunta das comissões de Saúde, Administração Pública e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais foi convocada a requerimento do deputado Irani Barbosa (PSDB), que denunciou as más condições em que são atendidas as pessoas na Central de Perícias Médicas, submetendo-se a exames constrangedores em local inadequado no porão do prédio, ao lado da Carceragem. Outra denúncia trazida pelo deputado, de que os juízes concediam privilégios para peritos contratados em desfavor dos concursados, só se confirmou em parte. O representante da Corregedoria do Fórum, Robson Fonseca Pinto, disse que trabalham ali 14 profissionais concursados, sendo 4 psiquiatras, e que o grupo anterior ao concurso era composto por três médicos cedidos pela PBH e um pela Fhemig.

No entanto, o perito concursado Gerson Cavalcanti - que está sofrendo processo administrativo por "insubordinação grave" ao denunciar as más condições de trabalho ao seu sindicato, ao CRM e à Vigilância Sanitária municipal - disse que há dois casos de privilégios. Um deles seria o de um psiquiatra remanescente do grupo inicial, que não daria expediente na Central, realizando suas perícias em domicílio. O outro seria do ex-coordenador da Central,. Maurício Leão de Resende, que acumularia o trabalho de perito com o de presidente do Conselho Regional de Medicina, secretário de Saúde de Ouro Branco, médico da Fhemig e da Prefeitura de Belo Horizonte. Maurício Leão foi afastado em junho último, mas, segundo Cavalcanti, não há evidências de que tenha deixado de receber salários do Fórum.

TAC ou processo judicial contra o Judiciário

A proposta de interdição do local e transferência temporária dos serviços partiu do presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB), após confirmar com todos os presentes de que não há condições dignas de trabalho. Irani Barbosa foi além. Disse que ia propor o primeiro Termo de Ajuste de Conduta da Assembléia a ser aceito pelo Poder Judiciário, para evitar um processo judicial. O deputado Hely Tarqüínio (PV) cogita de requerer nova reunião, com a participação da alta direção do Fórum para debater uma legislação normativa que discipline a atividade de Perícia Médica. Ele acha incorreto que os juízes estejam fiscalizando trabalho médico e impondo normas comuns ao restante do funcionalismo. Os deputados Mosconi e Doutor Rinaldo (PSB) também criticaram a ausência do juiz André Leite Praça e do desembargador José Francisco Bueno, que têm capacidade de decidir pelo Fórum e poderiam apresentar uma solução na reunião.

Das queixas do perito Gerson Cavalcanti, Doutor Rinaldo se deteve sobre uma em particular. Cavalcanti foi a Portugal para fazer uma pós-graduação de um mês num curso de Perícia Médica que é requisito para o exercício da especialidade em toda a Europa. Teve negada a licença para a viagem, mas a realizou assim mesmo com recursos próprios e tirando férias. O deputado considera um absurdo que o Judiciário tenha tentado cercear o aperfeiçoamento de seu perito, e solidarizou-se com o colega, levando em conta que o representante do Fórum ali presente, não tentou contestar as denúncias.

Outro perito presente, Anderson Rodrigues Campos, disse que em Portugal a função das perícias médicas está a cargo do Instituto Médico-Legal, e que os juízes não indicam peritos, mas apenas o instituto. "Nossa obrigação é com a verdade. Temos que dar parecer técnico isento, sem ter compromisso com as partes nem com o juiz", disse Campos. Ao fazer críticas generalizadas ao Sistema Único de Saúde, o perito foi contestado pelo deputado Mosconi, que lembrou que a medicina privada no país também tem suas mazelas, e que os procedimentos de alta complexidade, transplantes e hemodiálises são todos assumidos pelo SUS.

Central foi restringida para aumentar a Carceragem

O coordenador de Fiscalização do CRM, Lincoln Porto de Queiroz, relatou duas vistorias que o Conselho realizou na Central de Perícia, em novembro de 2006 e em maio de 2007, sem que as reformas pudessem ser consideradas satisfatórias. Queiroz afirmou que a agência funciona sem o registro obrigatório no CRM. "As condições ali são deficientes tanto do ponto de vista legal/normativo quando do físico/funcional", resumiu.

As fiscais da Vigilância Sanitária municipal, Analice Crispim e Laice Marques, relataram as vistorias que realizaram, as quais resultaram num auto de advertência. O serviço funciona precariamente, sem alvará sanitário. Não tem dependências para material de limpeza e o descarte de material de exame é inadequado.

A direção do Fórum mandou instalar dois banheiros em dois consultórios, mas restringiu o espaço, aumentando a Carceragem. Não há sala anexa para exames ginecológicos ou urológicos, nem isolamento acústico para as entrevistas dos psiquiatras. Cinco médicos têm que atender por turno em apenas dois consultórios. Houve uma tentativa de deslocar o serviço para um prédio alugado nas proximidades, mas não se concretizou. A oferta dos peritos de atender em seus consultórios particulares até que uma solução seja alcançada pareceu correta ao deputado Carlos Mosconi, mas inaceitável ao deputado Irani Barbosa. Gerson Cavalcanti disse ter ouvido no Fórum que o diretor André Praça tem a intenção de extinguir o serviço e exonerar os médicos.

Mosconi indagou sobre como funcionam as perícias médicas nos demais Estados. Cavalcanti informou que apenas o Rio Grande do Sul tem um serviço regular e satisfatório de Central de Perícias, mas que nos demais estados os juízes têm competência para nomear peritos de sua confiança, mediante barganhas entre perícias gratuitas e as remuneradas.

Presenças: Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice; Doutor Rinaldo (PSB), Irani Barbosa (PSDB), Carlos Pimenta (PDT), Ruy Muniz (DEM), Elmiro Nascimento (DEM), Inácio Franco (PV) e Sebastião Costa (PPS).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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