Relatório parcial sobre desaparecidos é aprovado

Os deputados das comissões de Direitos Humanos e Segurança Pública aprovaram, nesta terça-feira (21/8/07), relatório ...

21/08/2007 - 00:00
 

Relatório parcial sobre desaparecidos é aprovado

Os deputados das comissões de Direitos Humanos e Segurança Pública aprovaram, nesta terça-feira (21/8/07), relatório parcial sobre suas investigações dos casos de pessoas desaparecidas, especialmente crianças e adolescentes, assunto ao qual se dedicaram paralelamente às atribuições específicas de suas comissões desde o mês de abril. Os desaparecimentos que os deputados estão ajudando a apurar são os dos garotos Pedro Augusto Prates Beltrão, de 11 anos, e Daniel Almeida da Silva, de 7 anos, ocorridos há cerca de um ano.

Os interrogatórios conduzidos pelos parlamentares - sete deles reservados e apenas dois abertos - reforçam as suspeitas sobre um policial civil e um militar, que são irmãos. Segundo o relatório, os deputados "formaram a convicção de que há fortes indícios da mesma motivação para os dois desaparecimentos, possivelmente sacrifício em rituais místicos". Forçados a comparecer perante as comissões após uma primeira recusa, os dois policiais se mantiveram em silêncio e informaram que só se pronunciariam em Juízo. Uma emenda apresentada ao relatório pelo deputado Paulo Cesar (PDT) pede o afastamento de ambos até que se conclua o inquérito policial.

O deputado Durval Ângelo informou que, na manhã desta terça-feira, uma operação sigilosa da Polícia apreendeu, na casa do policial civil, um computador onde haveria o diário de um de seus filhos, relatando ataques sexuais do pai a ele e a seu irmão. As duas crianças informaram aos deputados, em reunião reservada, que tinham visto o pai e os tios sacrificando um menino que poderia ser Pedro Augusto. O surgimento do corpo de Daniel Almeida no ribeirão Arrudas sem o coração e os genitais levantou um elo de motivação comum nos dois desaparecimentos.

Outra revelação do presidente da Comissão de Direitos Humanos é de que uma testemunha importantíssima havia decidido contar tudo o que sabe no inquérito, e que esse depoimento seria crucial para incriminar os acusados. O deputado Paulo Cesar pediu que ela fosse ouvida também pelos deputados, em audiência reservada.

Relatório contém 26 recomendações e recebeu uma dezena de emendas

O relatório lido pelos deputados Durval Ângelo, Luiz Tadeu Leite (PMDB) e Paulo Cesar contém 26 recomendações e sugestões, entre elas o aumento dos efetivos e veículos da Divisão de Pessoas Desaparecidas, treinamento especial para esses agentes, criação de uma subdivisão de Crianças e Adolescentes nessa Divisão, integração de cadastros policiais, divulgação pelos sites institucionais de fotos e dados dos desaparecidos, distribuição e afixação de cartazes, controle mais rigoroso nos aeroportos e rodoviárias, informação nos estádios de futebol, campanhas pela rádio Inconfidência e pela Imprensa Oficial, edição e divulgação de cartilhas para alertar a população sobre a questão, e a realização de um fórum técnico na Assembléia para formatar políticas públicas eficientes contra o desaparecimento.

Os deputados incluíram novas sugestões e pedidos através de emendas ao relatório. Querem que uma força-tarefa composta pelas polícias e bombeiros faça buscas e varredura nas matas e pontos prováveis onde possam ter sido enterrados ou abandonados corpos de desaparecidos, especialmente na Mata do Inferno, perto de General Carneiro. Uma série de sugestões e solicitações foram incorporadas ao relatório durante a reunião. O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), quer uma mudança radical na conduta operacional das corporações. "Adultos desaparecem na maioria dos casos por vontade própria, mas os casos de desaparecimentos de crianças têm que ser investigados imediatamente", disse ele.

Rodrigues apontou também falhas inaceitáveis no inquérito sobre a morte do menor Daniel Almeida. Ele quer que a Corregedoria e o Ministério Público reconstituam o percurso do menino desde a casa de sua mãe biológica até a casa da avó, onde desapareceu. Quer também que a mãe biológica, D. Rosiléia, seja ouvida pelas comissões, tendo em vista que jamais compareceu diante dos deputados. O deputado Durval Ângelo lembrou-se também de cobrar do Ministério Público denúncia contra o policial civil acusado de violência sexual cometida contra os próprios filhos.

Anastasia quer empenho na solução dos desaparecimentos

Segundo informou o deputado Durval Ângelo, o Governo de Minas já se antecipou a algumas das recomendações do relatório. Ao dar posse aos membros do Conselho de Defesa Social, que preside, o vice-governador Antônio Anastasia informou sobre o aumento de efetivos policiais na Divisão de Pessoas Desaparecidas e manifestou-se empenhado na idéia de uma força-tarefa composta pelas polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros Militar para combater o problema. Anastasia também determinou a realização de estudo comparativo com a situação de outros Estados, e se disse disposto a criar não uma subdivisão, mas uma Delegacia Especializada em Crimes contra Crianças e Adolescentes.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos fez incluir no relatório uma lista de 75 casos de desaparecimento de menores não solucionados desde 2005, extraída do próprio site da Polícia Civil. As cidades com maior número de casos são Belo Horizonte (45), Contagem (8), Vespasiano (3), Montes Claros (2) e Santa Luzia (2). A lista traz os nomes, datas de nascimento, município, data do desaparecimento e idade que o menor teria hoje. "Surgiram 31 novos casos enquanto 14 eram solucionados", ilustrou.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança Pública; Luiz Tadeu Leite (PMDB), Paulo Cesar (PDT), Domingos Sávio (PSDB) e Antônio Carlos Arantes (PSC).

 

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