Oficiais da PM denunciam falta de transparência nas promoções

Dois oficiais da Polícia Militar, o major Nilton José Galdino e o tenente coronel Domingos Sávio Mendonça, foram ouvi...

21/08/2007 - 00:00
 

Oficiais da PM denunciam falta de transparência nas promoções

Dois oficiais da Polícia Militar, o major Nilton José Galdino e o tenente coronel Domingos Sávio Mendonça, foram ouvidos pela Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (21/8/07). Eles apresentaram denúncias de falta de transparência no processo de promoção nos quadros militares. O requerimento para ouvi-los foi apresentado pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT), que afirmou que as condições de trabalho dos policiais devem ser abordadas dentro da política de segurança pública.

O major PM Nilton José Galdino foi preterido na promoção que será concedida no dia 25 de agosto. Ao todo, serão promovidos 1.320 policiais, sendo 19 majores. O militar que está na polícia há 26 anos contou aos deputados que foi promovido a major em 1998 por merecimento, assim como teria acontecido em todas as promoções anteriores. Segundo ele, 11 majores da turma de 85, da qual ele faz parte, estariam aptos às três vagas abertas para a promoção. No entanto, embora tenha apresentado a melhor nota nos critérios objetivos de merecimento, seu nome não consta no quadro de acesso ao benefício, cujos nomes são escolhidos pela comissão de promoção de oficiais. "Só queria que o processo fosse mais transparente. Queria saber por que, pelo terceiro ano, fui preterido na promoção", explicou.

A Lei 5.301 estabelecia que os critérios para concessão de promoção seriam um terço por antigüidade e dois terços por merecimento. Essa lei foi alterada pela Lei Complementar 95, que passou a adotar apenas o merecimento como critério para promoção. De acordo com o major, quando foi divulgada a abertura das vagas para a promoção, a nova lei ainda não estava em vigor. Ele acredita que, no seu caso, o critério da antigüidade deveria ter sido observado como direito adquirido.

Presidente de Associação diz que critérios são subjetivos

O presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, o tenente coronel Domingos Sávio de Mendonça, acrescentou que os critérios utilizados hoje para a promoção são bastante subjetivos e que a promoção é por eleição e não por merecimento. Ele ponderou que o comandante-geral tem conduta inquestionável e, de acordo com pesquisa, teria 66% de aprovação da tropa. "A cultura da promoção é que está errada. Falta transparência, direito à ampla defesa e ao contraditório", afirmou.

Na opinião do tenente coronel, o serviço de rua deveria ser mais valorizado como critério de promoção, com o objetivo de estimular os policiais que estão na área administrativa a irem para as ruas. "Com isso, acredito que teríamos mais uns 7 mil policiais trabalhando na rua", completou.

Para o deputado Leonardo Moreira (DEM), o critério do merecimento é técnico e subjetivo ao mesmo tempo. "Não vejo arbitrariedade na avaliação quanto ao merecimento", afirmou Ele disse ainda que a carreira da PM tem a característica de ser mais inflexível, como é próprio da estrutura militar, que é hierárquica. "O que não significa que a hierarquia deva ser mais importante que o sentimento de humanidade", ponderou.

O deputado Sargento Rodrigues recorreu à Constituição para afirmar que o major Nilton está muito bem fundamentado na defesa de seus direitos. Ele considera que as denúncias feitas à comissão serão muito importantes para subsidiar a análise de futuros projetos. "A Constituição é clara e é para todos, militares ou não. O fato de uma instituição ser mais fechada não pode servir para justificar atos que contrariam os princípios norteadores da administração pública, como impessoalidade e publicidade, por exemplo", concluiu

A partir de denúncias de que um coronel que faz parte da comissão de promoção de oficiais do Corpo de Bombeiros não teria assinado o quadro de promoções da corporação, o deputado Paulo Cesar (PDT) afirmou que apresentará requerimento para que ele seja ouvido em audiência pública, assim como o comandante-geral "Essa denúncia é séria e precisa ser apurada. O que poderia ter levado o coronel a não assinar o relatório da comissão?", questionou. O deputado também demonstrou interesse quanto à possibilidade de cerca de 7 mil policiais que estão na área administrativa serem aproveitados em regiões do Estado com déficit de servidores da segurança.

Requerimentos - Durante a reunião, foram aprovados também outros dois requerimentos do deputado Sargento Rodrigues. Em um deles, o parlamentar pede que seja realizada audiência pública no município de Conselheiro Lafaiete para discutir questões ligadas à segurança pública na região. O outro pede o envio de ofício à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente solicitando agilidade na apreciação de inquérito. Essa investigação visa apurar falso testemunho em que os autores auxiliaram a mãe de um garoto de quatro anos a obter autorização judicial para viajar com o filho, que encontra-se desaparecido.

Também foi aprovado requerimento do deputado Délio Malheiros (PV) solicitando audiência pública para debater a exploração infantil nas estradas do Estado. Além desses, foi aprovado um outro requerimento que dispensa a apreciação do Plenário da Assembléia

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Paulo Cesar (PDT), vice; Leonardo Moreira (DEM) e Wander Borges (PSB).

 

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