Autoridades e especialistas apontam Confins como aeroporto ideal

O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, por todos os ângulos em que seja avaliado, é aquele que tem melhores condiç...

14/08/2007 - 00:00
 

Autoridades e especialistas apontam Confins como aeroporto ideal

O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, por todos os ângulos em que seja avaliado, é aquele que tem melhores condições de receber o tráfego aéreo redistribuído de Congonhas e de se tornar um aeroporto "hub", ou seja, centralizador de operações de vôos para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esta foi a opinião unânime de todos os especialistas e autoridades que participaram do debate realizado na tarde desta terça-feira (14/8/07), na Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

O evento foi uma audiência pública conjunta das comissões de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, convocada a requerimento do deputado Eros Biondini (PHS) e presidida pelo deputado Vanderlei Miranda (PMDB). Biondini divulgou, na semana antes da reunião, uma lista de vantagens e benefícios que apontam Confins como o aeroporto ideal, e disse que as informações e sugestões apresentadas na audiência seriam reunidas num documento a ser entregue ao vice-presidente da República, José Alencar.

O deputado Fábio Avelar (PSC) sugeriu ao colega do PHS que aproveitasse o relatório da Comissão Especial dos Aeroportos, realizada nos primeiros meses de 2004, e que ele integrou juntamente com o deputado Gustavo Valadares (DEM). "A comissão teve papel importante na decisão da transferência dos vôos da Pampulha para Confins, e muitas das suas recomendações foram implementadas", disse Avelar.

Infraero tem 30 técnicos de alto nível na ociosidade

O deputado federal Miguel Martini (PHS), que tem como profissão a de controlador de vôo e é membro da CPI da Crise Aérea, analisou os acidentes de avião mais recentes e sustentou que ocorreram por uma somatória de fatores. "Na queda do Boeing da Gol, até agora 39 fatores foram suscitados. Assim como nos acidentes, a crise aérea também tem muitos fatores. Antigamente o DAC tinha um gestor, o Ministério da Aeronáutica. Quando o DAC foi extinto e criada a Anac, esta foi loteada politicamente para pessoas sem expertise. O mesmo ocorreu com a Infraero, oferecendo um risco enorme para a aviação civil. Fui informado que na Infraero há 30 técnicos do mais alto nível que estão encostados para dar lugar aos apadrinhados políticos", denunciou.

A respeito dos aeroportos, Martini detalhou como a malha aeroviária de São Paulo está congestionada e seus aeroportos sem condições de expansão, a não ser a um custo muito alto. Em Guarulhos, segundo ele, seria necessário remover 10 mil pessoas e construir um trem metropolitano. Em Viracopos, seria necessário construir um trem-bala para unir Campinas a São Paulo. Tudo isso teria um custo astronômico, segundo ele. Martini também não vê condições de expansão no Galeão, e combate a opção por Brasília, que hoje é o aeroporto mais movimentado do País e não tem condições de receber mais nenhum vôo internacional. "É nosso dever, como políticos, mostrar ao Brasil que podem até decidir diferente, mas que a solução é Confins", conclamou.

Confins pode dobrar sua capacidade com investimentos modestos

Do depoimento do superintendente do Aeroporto de Confins, José Wilson Bastos Massa, Biondini pôde anotar que aquela instalação tem 20% de capacidade ociosa e poderia receber 20 novos vôos diários sem nenhuma providência ou gasto adicional. Sua área é de 15 milhões de m², e pode receber mais uma pista de 3,6 km para vôos de carga e quatro novos terminais de passageiros. Hoje movimenta 3,7 milhões de passageiros por ano, mas pode chegar a 8 milhões com investimentos de apenas R$ 40 milhões. De 2003 a 2006, o aeroporto recebeu R$ 20 milhões em obras e equipamentos. As receitas saltaram de R$ 15,7 milhões em 2003 para R$ 48 milhões em 2006. O número de passageiros também subiu verticalmente: 364 mil em 2003, 388 mil em 2004, 2,9 milhões em 2005 e 3,7 milhões em 2006.

Luiz Antônio Athayde Vasconcelos, subsecretário para Assuntos Internacionais da Secretaria de Turismo, defendeu que Confins se tornasse também aeroporto multimodal para cargas aéreas. "Hoje só 2% das mercadorias, em termos de peso, são transportados por via aérea, mas o tráfego de carga aérea vai triplicar em 17 anos. Atualmente 13% do comércio exterior brasileiro é feito por aviões. Minas, que tem 10% da economia, transporta apenas 4,2% por via aérea", afirmou.

A secretária de Turismo, Érica Drummond, avalia que a solução da crise aérea não está sendo buscada da forma emergencial que seria necessária. Segundo ela, o turismo de lazer e de negócios depende do acesso. Enquanto não melhorar o acesso, a indústria do turismo não deslancha. "Existe o famoso aeroporto 'hub' natural, pela localização e condições, e o artificial, feito na canetada", disse ela, acrescentando que hoje, na maioria dos aeroportos, os passageiros têm que se resignar a deitar no carpete.

Minas tem a melhor oferta para a solução da crise aérea

Roberto Fagundes, vice-presidente da ACMinas, também mostrou uma visão de futuro. Disse que Minas é a 3ª economia do País, mas Confins é o 8º aeroporto em movimento. "Um dia depois do acidente em Congonhas, Rio, Curitiba e Brasília se articularam rapidamente para conseguir recursos para expandir seus aeroportos, o que nos deixou muito indignados, já que, em termos de investimentos e soluções, Minas tem a melhor oferta", afirmou.

Três empresários presentes à reunião acrescentaram seus pontos de vista. O piloto aposentado Edson Myrrha e seu sócio Wadson Vilela expuseram um plano de realização de uma feira internacional de turismo e negócios aeroviários que reuniria cinco eventos hoje esparsos pelo País. "A terra natal de Santos Dumont é o lugar ideal para um evento como o que formatamos. Uma feira dessas, realizada no Chile, enseja negócios de US$ 2 bilhões", disse Vilela. O gerente de vendas da Varig Log, John Roth, disse que sua empresa nada tem a ver com a Varig e vem crescendo, mas não deslancha em Minas porque as cargas para exportação são levadas para São Paulo e passam pela Receita de lá, que é mais lenta que a de Confins.

Por sua vez, o deputado Agostinho Patrús Filho (PV) acrescentou que a remessa de mercadorias para serem embarcadas em São Paulo aumenta o seu custo de transporte, de seguro e oferece o risco de roubo de cargas. Ele disse que Confins hoje perde em movimento até para o aeroporto de Vitória, no Espírito Santo, e elogiou o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer, por ter trazido para Confins o centro de manutenção da Gol.

O deputado Vanderlei Miranda, presidente da reunião, quer a criação de uma nova superintendência da Infraero em Minas, já que hoje Confins e Pampulha estão subordinados ao Rio e os aeroportos do Norte e Triângulo se subordinam a Brasília. Propôs também um requerimento de visita da Comissão e dos convidados ao aeroporto, para conhecer pessoalmente suas condições.

Presenças - Deputados Vanderlei Miranda (PMDB), presidente; Gustavo Valadares (DEM), Bráulio Braz (PTB), Eros Biondini (PHS), Fábio Avelar (PSC) e Agostinho Patrús Filho (PV).

 

 

 

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