Deputados conhecem inovações do programa de crédito fundiário

As inovações trazidas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) foram apresentadas aos deputados da Comissão...

09/08/2007 - 00:00
 

Deputados conhecem inovações do programa de crédito fundiário

As inovações trazidas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) foram apresentadas aos deputados da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (9/8/07), pelo secretário de Reordenamento Agrário do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Adhemar Lopes de Almeida. A visita dele à comissão atendeu a requerimento do deputado Padre João (PT). Segundo o secretário, entre as novidades do PNCF estão o poder deliberativo dos Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentável, a ampliação dos mecanismos de controle social, maior integração com as outras políticas do MDA e a criação de uma linha de crédito para cada público. Ele chamou a atenção também para a ampliação dos itens financiáveis e as novas condições de financiamento, com mais prazo para pagamento e a mesma carência.

As linhas de crédito são: consolidação da agricultura familiar; nossa primeira terra, para jovens de 18 a 28 anos organizados em associações; e combate à pobreza rural. O secretário do MDA falou da importância da parceria da ALMG para intensificar a execução do programa no Estado. Hoje, segundo ele, o programa é executado em 21 estados e atende a 53 mil famílias. Até o momento foram investidos R$ 1, 250 bilhões em agricultura familiar. "A grande diferença do PNCF em relação aos programas anteriores é a capacitação das famílias para acessar o crédito. Nenhuma família participa do programa sem saber o que está fazendo, os compromissos que está assumindo", afirmou.

Programa avança no combate à pobreza rural

Adhemar Almeida também apresentou dados que demonstram a aproximação do programa da sua principal meta: o combate à pobreza rural. De acordo com os indicadores apresentados pelo secretário, a renda por família aumentou de R$ 1.656,00, em 2003 para R$ 4.064,00 em 2005. O acesso à assistência técnica subiu de 30% para 65%, no mesmo período. O número de beneficiados morando dentro das áreas do projeto também aumentou de 8% para 66%. As moradias de alvenaria que eram 48% do total, em 2003, aumentaram para 99,5% em 2005. Os beneficiários que trabalham no projeto subiram de 57% para 89%; a produção no projeto foi de 37% para 82% e o beneficiamento ou processamento da produção aumentou de 20% para 59%.

Em Minas Gerais, segundo o secretário, foram investidos R$ 25 milhões, beneficiando 1.500 famílias. "Queremos dobrar o investimento até o final do ano e atingir mais 1.200 famílias, sobretudo no Norte do Estado", anunciou.

Reforma agrária - Para o diretor-geral do Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais (Iter), Luiz Chaves, parceiro do governo federal na implantação do PNCF, o programa vem ganhando força como programa complementar à reforma agrária. "A reforma agrária está sendo dificultada pela falta de terra improdutiva para ser desapropriada, assim, o crédito fundiário vai se consolidando como política pública", defendeu. Luiz Chaves disse que as diferenças do programa - transparência, controle social, esclarecimento das famílias - em relação ao extinto Banco da Terra têm calado seus críticos.

O diretor do Iter apresentou um dado que revela a situação de Minas Gerais, no entanto. Segundo ele, 2 mil famílias que poderiam ser beneficiadas no Estado na linha de combate à pobreza estão com os processos parados por falta de documentos. "Estamos conseguindo avançar mais na linha de consolidação da agricultura familiar", explicou.

Apesar de fazer algumas críticas à atuação do governo Lula quanto à reforma agrária, o deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) disse acreditar que o presidente tem acertado mais no segundo mandato em relação à agricultura familiar. O delegado federal do MDA em Minas Gerais, Rogério Correia, apresentou alguns dados para justificar a priorização da agricultura familiar pelo governo federal. Segundo ele, essa modalidade de produção é responsável por 60% do alimento consumido pelos brasileiros e gera de 2,5 a 3% de empregos a mais que o agronegócio. São 4,1 milhões de agricultores familiares no Brasil e quase 500 mil em Minas.

O deputado Padre João (PT) disse que, inicialmente, era radicalmente contra o PNCF. "O programa é um arranjo para o estrago que foi o Banco da Terra, que iludiu o agricultor que sonhava com um pedaço de terra. Ainda existe um passivo grande em relação aos remanescentes do Banco", afirmou o deputado, que ainda quis saber como a parceria com o Estado pode ser mais real e ampliar o acesso dos pequenos agricultores à terra.

A diferenciação entre a ideologia do Banco da Terra e do crédito fundiário foi feita pelo delegado do MDA, Rogério Correia. Segundo ele, o primeiro foi criado para barrar a reforma agrária, enquanto o crédito fundiário seria parceiro da reforma. Adhemar de Almeida disse que o Ministério mantém contato com os assentados do Banco da Terra e tem a intenção de repactuar a dívida dessas famílias.

Para o deputado Chico Uejo (PSB), a falta de coordenação das ações desenvolvidas pelos municípios, Estado e União dificulta a solução dos problemas. Ele defendeu que se busque envolver os prefeitos nesses projetos para que o município possa viabilizar infra-estrutura para garantir a permanência dos agricultores nos assentamentos. A deputada Elisa Costa (PT) também acredita na parceria com os municípios e alertou para a necessidade urgente de desconcentração da terra. "Os latifúndios geram o empobrecimento das regiões", afirmou. Ela também lembrou experiências negativas do Banco da Terra que provocou o endividamento do agricultor, que ficou sem condições de plantar. A deputada afirmou ainda que existem 15 mil famílias acampadas em Minas Gerais e o ritmo de entrega de títulos de terra é muito mais lento.

Durante a reunião foi aprovado requerimento de congratulações ao ex-deputado Rogério Correia pela posse como delegado federal do MDA em Minas Gerais, na próxima terça-feira (14). A posse contará com a presença do ministro Guilherme Cassel que, no mesmo dia, apresentará o Plano Safra na ALMG. O deputado Vanderlei Jangrossi (PP) destacou a importância da presença dos convidados e as contribuições apresentadas à comissão.

Projeto de incentivo a floricultura está pronto para o Plenário

A comissão também apreciou em 2º turno o Projeto de Lei (PL) 708/07, do deputado Padre João (PT), que institui política voltada para o incentivo da atividade de floricultura. O relator, deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), opinou pela aprovação do projeto na forma como foi votado em 1º turno pelo Plenário.

Originalmente, o projeto instituía política estadual de incentivo às culturas da floricultura e horticultura. O texto aprovado em 1º turno retirou a previsão da política de incentivo à horticultura, que já estaria disciplinada, e o estabelecimento de prazo para o Executivo regulamentar a futura lei. O texto que será submetido a nova votação pelo Plenário institui a política como instrumento de desenvolvimento agrícola, integrante do Plano Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável.

Para tanto, ficam estabelecidas várias diretrizes para o Estado, como: a afirmação da floricultura como estratégia de desenvolvimento regional; a valorização da flor como produto agrícola capaz de suprir necessidades ecológica e econômica; a priorização da geração de emprego e renda no meio rural, observando-se os princípios do desenvolvimento sustentável; a busca de parcerias com entidades públicas e privadas; a padronização e a classificação, com certificação de qualidade dos produtos e das embalagens; e facilidade de acesso ao crédito público para a produção, com prioridade para o produtor carente e as cooperativas e associação de produtores.

Presenças - Deputados Vanderlei Jangrossi (PP), presidente; Padre João (PT), vice; Antônio Carlos Arantes (PSC); Chico Uejo (PSB); e a deputada Elisa Costa (PT).

 

 

 

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