Moradores de conjuntos da Cohab estão a salvo do despejo

A Cohab-MG vai suspender todas as ações de despejo que tramitam na Justiça contra mutuários carentes dos conjuntos Mo...

09/08/2007 - 00:00
 

Moradores de conjuntos da Cohab estão a salvo do despejo

A Cohab-MG vai suspender todas as ações de despejo que tramitam na Justiça contra mutuários carentes dos conjuntos Morro Alto, Caieiras e Palmital. Vai também rever os despejos já realizados e os contratos em vigor. O compromisso foi assumido diante de quatro deputados pelo presidente da estatal de habitação, Teodoro Alves Lamounier, durante audiência pública realizada no Teatro da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, pela Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, na manhã desta quinta-feira (9/8/07).

A medida, aplaudida pelas 200 pessoas que lotaram o Teatro e pelas lideranças comunitárias presentes, teve outro desdobramento: a criação de uma comissão com dois representantes de cada conjunto e a designação de um perito pela comissão, para investigar junto à Cohab a formação do saldo devedor de cada família que mora no conjunto, e buscar soluções individuais para casos tão díspares que alguns pagam R$ 6,98 por mês e outros têm débitos de R$ 72 mil e até R$ 320 mil. Outro benefício é dissipar o boato que circula nos conjuntos, segundo informou o deputado Irani Barbosa (PSDB), de que o Governo do Estado estaria estimulando os despejos porque não quer pessoas pobres morando nas proximidades do futuro Centro Administrativo.

Sem prejuízo para essas medidas que pretendem desatar nós antigos, os deputados Dinis Pinheiro (PSDB), 1º-secretário da Assembléia, e o deputado Irani Barbosa informaram que vão entrar com projeto de lei de anistia para os débitos dos mutuários desses conjuntos da Cohab. Como a sugestão partiu do próprio presidente Lamounier, Dinis pediu que a Cohab envie correspondência ao vice-governador Antônio Anastasia apoiando o projeto, e que contribua para a fundamentação, assegurando que se torne lei.

"Não é hora de comemorar nada ainda", preveniu Pinheiro. "Queremos contratar um perito pela comissão, para ver caso a caso e nos apresentar uma solução num prazo máximo de 60 dias".

Venerado como santo ou malhado como Judas

Irani Barbosa fez uma dura avaliação do histórico da Cohab. Disse que as famílias vítimas da enchente de 1983, que moravam na ponte do Perrela, foram retiradas de uma área central da cidade e despejadas em conjuntos desertos, a 40 km de distância, sem qualquer infra-estrutura, e tinham a expectativa de ganhar os imóveis, acabando por se tornar mutuárias do Sistema Financeiro da Habitação.

"No passado, a Cohab foi dirigida por pessoas inescrupulosas que deviam estar na cadeia, pelas negociatas que fizeram na compra de terrenos. Essa falta de escrúpulos levou a casos de dívidas absurdas como as que citei aqui. Se o senhor resolvê-las, Dr. Teodoro, será venerado como um santo naqueles conjuntos, e não malhado como um judas", disse Barbosa.

Inúmeras pessoas da platéia exibiram seus boletos bancários e cartas da Cohab ameaçando com despejo por falta de pagamento. O presidente da comissão, deputado Délio Malheiros (PV), manifestou sua indignação contra o aumento vertiginoso das prestações e recomendou que "a Cohab não mandasse mais essas cartas de ameaça, pelo menos antes de esgotar todas as possibilidades de negociação".

Lamounier disse que as sentenças de despejo vinham de situações herdadas dos governos anteriores, das quais sua administração sequer tinha conhecimento. Assegurou que o diretor de Habitação, ex-deputado Eduardo Braz, está cuidando pessoalmente de cada caso, e afirmou: "a Cohab, se foi algoz anteriormente, não é mais, e não o será enquanto o governador Aécio Neves me honrar com a sua confiança". Vários casos de quitação com os benefícios da Lei 10.150 foram analisados pelo presidente da companhia, que também falou sobre o limite de endividamento do programa Lares Gerais, fixado em apenas 20% do salário do mutuário.

O questionamento sobre a situação dos mutuários que já foram despejados foi levantado pelo deputado Walter Tosta (PMN), cuja proposta é que também esses despejos sejam revistos. A proposta de formação de uma comissão com dois representantes de cada conjunto foi acatada de imediato, e antes do final da reunião já estava resolvida. A proposição de uma lei anistiando as dívidas daqueles que efetivamente não podem pagá-las, embora desagradando aos que estão em dia com suas prestações, foi aplaudida pela maioria dos presentes.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente, Walter Tosta (PMN), Dinis Pinheiro (PSDB) e Irani Barbosa (PSDB). Além dos citados na matéria, compuseram a mesa o prefeito de Vespasiano, Ademar José da Silva; a ex-vice-prefeita de Vespasiano, Ilse Rocha; os vereadores Antônio Carvalho, Carlos Bola Branca, Marconi Ferreira e Valdeci Rocha, e o procurador geral de Vespasiano, Paulo Silva Passos.

 

 

 

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