Deputados criticam taxas para a autorização de poços artesianos

Deputados que participaram da reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de M...

08/08/2007 - 00:02
 

Deputados criticam taxas para a autorização de poços artesianos

Deputados que participaram da reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, na manhã desta quarta-feira (8/8/07), fizeram duras críticas ao processo de autorização de uso das águas subterrâneas. A reunião foi convocada a pedido do deputado Carlos Pimenta (PDT), preocupado com o clima de temor que se instalou no Norte de Minas com a ameaça de cobrança de multas sobre os poços artesianos que não possuem a outorga expedida pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).

"A impressão que se tem é de que o governo está lá para extorquir municípios que estão morrendo de sede. Falta água para beber, não é nem para tomar banho", disse Carlos Pimenta. O parlamentar traçou um panorama da triste situação de muitas cidades que sofrem com a seca prolongada no Norte do Estado. Segundo o deputado, a região tem cerca de 600 poços perfurados que não funcionam porque não foram equipados. Além disso, de acordo com Pimenta, mais de 200 escolas na zona rural não têm água para as crianças. "O pessoal leva água para a escola no lombo de burro", relatou.

O parlamentar acusou a falta de um órgão estadual para centralizar as ações de combate à seca. Para piorar a situação, a perfuração de poços pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) obedece a critérios políticos, de acordo com o deputado. Além disso, segundo Carlos Pimenta, não há controle da qualidade da água extraída dos poços artesianos em operação. Ele citou o caso de um poço em Verdelândia que atende uma comunidade rural de 300 habitantes. De acordo com o deputado, em um ano foram diagnosticados 18 casos de câncer de esôfago nessa população, e a análise posterior da água constatou uma quantidade de flúor 180 vezes superior ao limite máximo recomendado.

O deputado Gil Pereira (PP) também condenou a cobrança de multas e taxas pelo Igam. Ele informou que solicitou ao governo do Estado R$ 2,1 milhões para garantir o abastecimento de água na zona rural do Norte de Minas com caminhões-pipa. "Em pleno século 21, ainda dependemos de caminhão-pipa", criticou.

A cobrança da taxa para a concessão da outorga dos poços artesianos (que gira em torno dos R$ 700) foi duramente criticada pelo presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB). "Trata-se de serviço público essencial à vida. O Igam já tem suas receitas, não pode buscar seu custeio na renovação da outorga de água no semi-árido", condenou. O deputado Antônio Júlio (PMDB) defendeu a revisão urgente das taxas cobradas e propôs inclusive a suspensão de todos os atos do Igam pela ALMG.

Os deputados Fábio Avelar (PSC), Wander Borges (PSB) e Almir Paraca (PT) manifestaram preocupação com a falta de controle do Estado sobre as águas subterrâneas. Quem defendeu a atuação do Igam foi o deputado Lafayette de Andrada (PSDB). "É natural que a taxa exista. Todo serviço tem um custo", relativizou.

Igam diz que taxas serão revistas

Os dois representantes do Igam presentes à reunião rebateram as acusações dos deputados. Segundo o procurador jurídico do órgão, Breno Esteves Lasmar, uma comissão estuda a revisão da regulamentação do processo de outorga, com o objetivo de instituir a cobrança diferenciada de acordo com o uso da água. Além disso, segundo o procurador, será feita uma campanha para que os proprietários dos poços artesianos regularizem sua situação sem pagar multas. Com isso o governo do Estado espera fazer um levantamento da qualidade das águas subterrâneas e mapear a sua utilização.

A gerente de Apoio à Regularização Ambiental do Igam, Maricene Menezes Paixão, acrescentou que o processo de outorga tem custos, pois envolve o trabalho de técnicos especializados. Ela informou que o instituto monitora a qualidade das águas dos poços artesianos, e que as taxas cobradas são previstas na legislação estadual.

Transposição do São Francisco - A comissão abriu espaço para o coordenador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, que criticou a transposição do Rio São Francisco. Ele informou que, a partir do dia 20, uma caravana com 11 pessoas vai percorrer 12 capitais com o objetivo de mobilizar governadores, parlamentares e intelectuais contra o projeto de transposição.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Almir Paraca (PT), Rômulo Veneroso (PV), Wander Borges (PSB), Weliton Prado (PT), Carlos Pimenta (PDT), Gil Pereira (PP), Antônio Júlio (PMDB) e Lafayette de Andrada (PSDB).

 

 

 

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