Presidente debate PLC 17 em programa de TV em Brasília

O presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado Alberto Pinto Coelho (PP) e o deputado Lafayette de ...

01/08/2007 - 00:05
 

Presidente debate PLC 17 em programa de TV em Brasília

O presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado Alberto Pinto Coelho (PP) e o deputado Lafayette de Andrada (PSDB), participaram na noite da última terça-feira (31/7/07), em Brasília, do programa "Tribuna Independente", da Rede Vida. A pauta do programa foi o debate sobre o Projeto de Lei Complementar (PLC) 17/2007, que altera procedimentos processuais dos membros do Ministério Público Estadual. Participou também o procurador do Estado de Goiás, Ronald Bicca, que é presidente da Associação Nacional dos Procuradores de Estado (Anape).

O apresentador, jornalista e escritor Aristóteles Drummond, introduziu o assunto afirmando que leu atentamente a proposição e que a imprensa tem tratado de maneira deturpada o assunto, levando a opinião pública a imaginar que se trata de um mecanismo para assegurar a impunidade dos políticos. Drummond disse que é preciso acabar com a impunidade, mas "proteger os homens de bem". Lamentou que "os homens responsáveis, dotados de espírito público, hoje estejam retraídos e não aceitem ingressar na vida pública. Isso resulta na baixa qualidade dos quadros de governo e da representação pública".

Aristóteles Drummond apresentou o presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho, não apenas como presidente da Assembléia - lembrou que ele foi líder do governo Itamar Franco, "o homem das mãos limpas", e do primeiro governo Aécio Neves, "que reestruturou e modernizou a administração em Minas". Elogiou também o deputado Lafayette de Andrada como herdeiro de uma tradição política que vem desde os tempos do Império, há mais de dois séculos.

O presidente da Assembléia disse que há uma desinformação do conteúdo da proposta, e lembrou que o deputado Andrada, como relator da matéria, analisou cerca de 70 emendas apresentadas pelos deputados, apresentando depois um substitutivo que finalmente foi aprovado. O resultado foi uma proposição extensa, complexa, com dispositivos importantes que visam o controle externo, a eficácia e a transparência do Ministério Público. Alberto Pinto Coelho elogiou o papel dessa instituição. "Entre os avanços mais significativos da Constituição de 1988 estão as prerrogativas adquiridas pelo Ministério Público. Todavia, qualquer poder tem que ter seus contornos e seus limites, para ter mais visibilidade e mais transparência em sua atuação", ponderou o presidente do Legislativo mineiro.

Somente a iniciativa de inquérito cabe ao procurador-geral

O ponto mais reforçado pelo presidente durante o programa foi a decisão da maioria dos deputados de concentrar, no procurador-geral, a iniciativa da proposição investigativa contra as autoridades listadas. Ele ressalvou que o Projeto de Lei Complementar 17 diz respeito à ação civil pública, mas apenas à investigação inicial. "Essa passa pelo crivo inicial do procurador-geral, ao qual cabe, com a responsabilidade da sua investidura, fazer o primeiro exame. A proposta não vai além disso. Não há razão para tanta celeuma", informou, acrescentando que legislação análoga já está em vigor em São Paulo, Bahia, Tocantins e Mato Grosso.

Lafayette de Andrada assegurou que o PLC 17 não cria o foro privilegiado, não cria direito novo nem extingue direito antigo. Não restringe a ação do MP, nem cria ações novas. E deu um exemplo hipotético: um promotor numa cidade de Minas que fica longe da Capital está investigando irregularidades em uma escola e resolve intimar a diretora, a tesoureira e a secretária de Estado de Educação. Esse requisito, que obrigaria o titular da Pasta a ausentar-se frequentemente de seus deveres no gabinete, passaria pelo crivo do procurador-geral, e se fosse realmente necessário ouvi-lo, que pudesse depor na Capital.

Foro privilegiado já existe na Constituição

O procurador Ronald Bicca esclareceu que o foro privilegiado para julgar deputado já está estabelecido no artigo 56 da Constituição Estadual mineira como o Tribunal de Justiça. E acrescentou que o problema maior não é o deslocamento da autoridade para depor, mas o fato de que em muitos estados a defesa da autoridade não é feita pela Advocacia Geral, e sim pelo próprio acusado, com despesas pagas de seu próprio bolso.

Bicca concordou que a questão está sendo tirada de foco pela imprensa. "Não é o caso de criar foro privilegiado, pois este já existe nas Constituições. O que ocorre é que estamos vivendo um momento de expectativa de impunidade. O caso é de técnica processual, e não de garantia de impunidade das autoridades", disse ele.

Qualquer pessoa pode denunciar abuso de membro do MP

Alberto Pinto Coelho disse que muitas vezes os membros do Ministério Público são instados a tomar iniciativas que vão além de suas atribuições, mas que as tomam de boa-fé, entendendo que estão agindo dentro de suas prerrogativas. Disse que o relator Andrada incluiu no PLC 17 sanção para promotor que cometer ato leviano, bem como dispositivo que acrescenta, às responsabilidades do Corregedor, receber denúncia de qualquer pessoa contra abuso de membro do MP. "Em qualquer caso, será instaurado inquérito administrativo, e, mesmo com a absolvição, cópia do inquérito será encaminhada ao Conselho Nacional do Ministério Público", afirmou.

A questão do foro privilegiado foi novamente abordada pelo procurador Bicca. Este revelou que, nos últimos dez anos, foram julgadas apenas 4,6% das ações abertas pelo Supremo Tribunal Federal com foro privilegiado. No Superior Tribunal de Justiça o percentual seria ainda menor: 2,2%.

Questionado pelo entrevistador sobre o que está por vir após a aprovação do PLC 17, que o governador tem até o dia 6 de agosto para sancionar ou vetar, o deputado Lafayette de Andrada disse que o governador Aécio Neves é sensível à opinião pública, mas o é também à verdade. "Ele tem o aconselhamento de uma equipe jurídica de altíssimo gabarito, que vai estudar com muito cuidado se deve sancionar ou vetar". Andrada está confiante na qualidade do trabalho realizado pela Assembléia e prevê que outros estados vão seguir o exemplo de Minas.

O presidente da Assembléia estranhou que a imprensa paulista tenha sido a mais crítica ao PLC 17, sendo que a medida está em vigor nesse Estado desde 1995. "Está em vigor liminarmente, porque ainda não houve julgamento do mérito. O procurador-geral de São Paulo disse a um jornal mineiro que apenas em Tocantins a lei é aplicada, embora a posição do STF de que é permitido ao Poder Legislativo estadual legislar sobre procedimentos processuais seja cristalina. Não cumprir uma lei em vigor é, no mínimo, arranhar o Estado democrático de Direito", disse Pinto Coelho.

Alberto Pinto Coelho disse que a imprensa explora um conflito inexistente entre a Assembléia Legislativa e o Ministério Público. "O Legislativo atua na sua função constitucional de legislar e o Ministério Público pode divergir do resultado. Essa divergência será dirimida, num primeiro momento, pela análise do governador Aécio Neves. Num segundo momento, pelo Supremo Tribunal Federal".

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715