| Em greve há 52 dias, servidores da UFMG pedem apoio a 
            deputados Salários sem reajustes há 12 anos; perdas 
            acumuladas que ultrapassam 300%; piso salarial inferior a dois 
            salários mínimos e teto que não chega a seis salários; além de 
            diversas proposições consideradas desfavoráveis em tramitação no 
            Congresso. Essas foram algumas queixas apresentadas pelos servidores 
            técnicos administrativos em educação da Universidade Federal de 
            Minas Gerais (UFMG), durante audiência pública da Comissão de 
            Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, 
            realizada nesta quarta-feira (18/7/07). Em greve há 52 dias, desde 
            28 de maio, os servidores pediram apoio político aos deputados na 
            negociação com o governo federal. A reunião foi requerida pelo deputado Carlin Moura 
            (PCdoB), que salientou a dívida que o Brasil tem com a educação. Ele 
            lembrou que a greve que atinge as universidades federais é, na 
            verdade, um movimento em defesa do próprio País. "O crescimento 
            passa pela educação, inclusive superior. E ela não é possível sem a 
            valorização do servidor", decretou. O presidente da comissão, 
            deputado André Quintão (PT), adiantou que a ALMG poderá se 
            manifestar com uma ação política junto ao governo federal, o que foi 
            referendado, ao final da reunião, por Carlin Moura. "Nosso apreço 
            pela UFMG, como ex-aluno, se estende aos servidores em greve", 
            reiterou Quintão. A deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) também 
            participou da audiência e reforçou que a greve dos servidores busca 
            construir um novo projeto institucional de universidade. A 
            parlamentar convocou os grevistas a saírem da UFMG e irem às ruas, 
            para conquistar o apoio da sociedade. Greve atinge 46 instituições Segundo a diretora nacional da Federação de 
            Sindicatos de Trabalhadores de Universidades Brasileiras (Fasubra), 
            Cristina Del Papa, das 48 universidades filiadas, 46 estão em greve. 
            A representante do comando de greve da UFMG, Rosângela Gomes Soares 
            da Costa, completou que a negociação com o governo federal não 
            ocorre no ritmo desejado, em função da agenda federal. Desde 1994, 
            segundo ela, os servidores técnicos administrativos buscam uma nova 
            carreira, que acabou implantada em 2005, mas com muitas 
            indefinições. "Apesar de sermos um setor estratégico, temos a pior 
            tabela salarial da União", afirmou. O protesto dos servidores se voltou também contra 
            propostas do governo, entre elas a que transforma os hospitais 
            universitários, como o Hospital das Clínicas, de Belo Horizonte, em 
            fundações estatais de direito privado. De acordo com a categoria, a 
            medida poderá, inclusive, inviabilizar atendimentos pelo Sistema 
            Único de Saúde. "Gostaríamos de continuar assim: funcionários da 
            UFMG em serviço no hospital", afirmou Rosimary Coelho dos Santos, 
            diretora do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de 
            Ensino Superior (Sindifes-BH). Segundo ela, o Ministério da Educação 
            havia prometido fazer um debate antes de enviar o projeto ao 
            Congresso. De acordo com os servidores, porém, o governo é 
            reincidente em não cumprir acordos firmados com a categoria, 
            sobretudo durante as greves. Celina Alves Arêas, da direção nacional da Central 
            Única dos Trabalhadores (CUT), por outro lado, criticou o esboço da 
            "lei de greve", que, segundo ela, retira o direito de greve dos 
            servidores públicos, previsto na Constituição Federal. "A proposta 
            do governo exige a presença de um terço da categoria para se tirar a 
            proposta de greve em assembléia", justificou. No caso da Fasubra, 
            seriam mais de 50 mil pessoas. As críticas dos sindicalistas 
            atingiram ainda o Projeto de Lei Complementar, federal (PLP) 1/07, 
            que integra o Plano de Aceleração do Crescimento e se constitui, na 
            visão dos servidores, num arrocho na Lei de Responsabilidade Fiscal. 
            O PLP limita a correção anual das despesas com pessoal à variação do 
            INPC. Já a professora e assessora de comunicação social 
            da UFMG, Maria Céres Pimenta Spínola Castro, que representou o 
            reitor Ronaldo Tadeu Pena, salientou a dificuldade de se construir, 
            no Brasil, uma universidade com diversidade. Ela listou, por outro 
            lado, as ações da instituição em prol do movimento grevista. Segundo 
            a professora, o reitor já se reuniu com o vice-presidente, José 
            Alencar, e com a Secretaria de Recursos Humanos no Ministério do 
            Planejamento para expressar sua preocupação. "O Conselho 
            Universitário também divulgou nota em apoio à greve, o que é 
            politicamente relevante", completou. De acordo com Maria Céres, a 
            vontade de acertar é comum tanto a grevistas quanto aos dirigentes 
            da UFMG. Debate - Na fase de 
            debates, servidores fizeram críticas mais diretas à UFMG, relativas 
            à falta de capacitação de servidores; ao uso de força excessiva para 
            conter manifestações dos grevistas; e ao grande número de 
            funcionários terceirizados. A servidora de Viçosa, Vanda Lucas, 
            também ressaltou que a categoria não obteve reajuste neste ano, 
            enquanto os cargos comissionados, sem concurso, ganharam aumentos de 
            até 140%. "Minha ex-estagiária ganha mais que eu no setor de obras 
            da UFMG"" exemplificou também o arquiteto Eduardo Soares, da UFMG. 
            Vários servidores participaram, incluindo representantes da 
            categoria das universidades federais de Lavras e de Viçosa. Presenças - Deputados André 
            Quintão (PT), presidente da comissão; e Carlin Moura (PCdoB). Além 
            das autoridades citadas, compuseram a mesa o diretor do Sindifes-BH 
            Luiz Geraldo de Oliveira; o representante do comando de greve da 
            UFMG, Márcio Flávio dos Reis; e o representantes do DCE/UFMG, Fagner 
            Ribeiro Sena.    
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