Prefeitos do Triângulo são contra mudança na divisão do ICMS

Prefeitos do Triângulo Mineiro não querem a aprovação do Projeto de Lei (PL) 637/07, que altera os critérios de distr...

12/07/2007 - 00:00
 

Prefeitos do Triângulo são contra mudança na divisão do ICMS

Prefeitos do Triângulo Mineiro não querem a aprovação do Projeto de Lei (PL) 637/07, que altera os critérios de distribuição de repasses do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os municípios. Eles participaram de reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizada em Prata nesta quinta-feira (12/7/07), a pedido do presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB).

De autoria do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), o PL 637/07 trata da distribuição de 4,67% do ICMS, parcela dividida entre os municípios na proporção direta do chamado Valor Adicionado Fiscal (VAF), que representa o movimento econômico de cada cidade. O objetivo é beneficiar os municípios com arrecadação de ICMS per capita inferior à média estadual, a maior parte deles localizados no Vale do Jequitinhonha e no Norte de Minas. Estima-se que a mudança beneficiaria 762 municípios, enquanto outros 91 teriam perda de receita.

Dos 35 municípios do Triângulo Mineiro, 27 teriam queda nos repasses de ICMS com a aprovação do PL 637/07, segundo projeções feitas pela Consultoria da Assembléia. É o caso de Prata, onde a receita com ICMS cairia de R$ 523 mil para R$ 450 mil mensais (redução de 14%). Uberlândia, a cidade mais rica da região, veria seus repasses de ICMS caírem de R$ 13,2 milhões para R$ 12,2 milhões ao mês (queda de 7%). A maior redução percentual - 33% - seria verificada em Comendador Gomes, onde a receita passaria de R$ 126 mil para R$ 84 mil mensais.

Os prefeitos da região são todos contrários a essa mudança e fizeram duras críticas ao PL 637/07. "Solidariedade tem limite", afirmou o prefeito de Campina Verde, Fradique Gurita da Silva. "Não vamos abaixar a cabeça e aceitar essa imposição", avisou a prefeita de Itapagipe, Benice Nery Maia. Os prefeitos alegam que os orçamentos municipais são comprometidos com os investimentos constitucionais em saúde e educação. Além disso, muitas prefeituras arcam com despesas que seriam de responsabilidade do Estado, como a manutenção de cadeias e delegacias de polícia. Eles reclamam também que a vinda das usinas de álcool tem trazido uma grande população flutuante que gera novas demandas de serviços públicos.

Proposta será discutida no segundo semestre

Na Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, o PL 637/07 recebeu um substitutivo elaborado pelo deputado Weliton Prado (PT), que altera os critérios do texto original de modo a atenuar a perda de receita dos municípios mais ricos. Além disso, o substitutivo prevê que a futura lei só será colocada em prática se o governo do Estado criar um fundo de compensação para as cidades com queda nos repasses do ICMS. O projeto ainda deve passar pelas comissões de Administração Pública e de Fiscalização Financeira antes de ir a votação em Plenário. No segundo semestre deste ano, a ALMG vai promover um fórum técnico para debater a questão, com reuniões regionais a serem realizadas em 12 cidades.

Deputado defende independência do Triângulo

O deputado Zé Maia considera que o PL 637/07 representa um retrocesso e um desestímulo às regiões mais desenvolvidas do Estado. "É uma afronta e um desrespeito com o Triângulo Mineiro. O que se propõe é a divisão da pobreza", criticou. Ele avalia que o governo do Estado já privilegia as regiões mais pobres, e defende a independência do Triângulo. "Não há outro caminho a não ser a divisão do Estado. Mais cedo ou mais tarde isso terá que acontecer, pois é muito difícil governar um Estado com 853 municípios e regiões tão diferentes", afirmou.

Para o deputado Weliton Prado (PT), a solução para o problema passa pela revisão do pacto federativo. Ele defende o aumento da porcentagem do ICMS destinada aos municípios (atualmente de 25%) e a divisão dos recursos arrecadados com a Contribuição Permanente sobre Movimentação Financeira (CPMF) e com a Contribuição sobre Intervenção do Domínio Econômico (Cide), hoje concentrados nas mãos da União. O parlamentar é contra o PL 637/07 por considerar que mesmo cidades ricas como Uberlândia têm grandes bolsões de miséria. "Imagine essa cidade perdendo uma arrecadação de R$ 12 milhões ao ano", comentou.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; e Weliton Prado (PT). Também participaram da reunião o consultor da ALMG, Hélio dos Santos; o prefeito de Prata, Luís Roberto Santos Vilela; e o presidente da Câmara Municipal, João Divino Silva.

 

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