Criação do Parque da Serra de Ouro Branco é considerada necessidade

A criação do Parque Estadual da Serra de Ouro Branco, cuja área prevista engloba terras desse município e de Ouro Pre...

11/07/2007 - 00:00
 

Criação do Parque da Serra de Ouro Branco é considerada necessidade

A criação do Parque Estadual da Serra de Ouro Branco, cuja área prevista engloba terras desse município e de Ouro Preto, é reconhecida como uma necessidade para preservação do ecossistema. Mas tal preservação precisa vir acompanha de compatibilização com as atividades produtivas já existentes na região. Estas foram as conclusões da audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (11/7/07), em Ouro Preto. A audiência foi requerida pelo deputado Padre João (PT) e serviu ainda como cumprimento das exigências legais para a criação de áreas de preservação permanente.

A área prevista do parque, no estudo feito pela empresa de consultoria Terra Brasilis, a pedido da Gerdau-Açominas, dona de grande parte das terras, é de 15.234 hectares, sendo 95% em Ouro Branco e o restante em Ouro Preto. Ela engloba as serras de Ouro Branco e da Itatiaia e o Bico da Pedra. Segundo o estudo, a incidência de atividades produtivas é pequena, destacando-se a pecuária extensiva, sobretudo na parte alta da serra, em Ouro Branco, considerada o principal fator de degradação ambiental; e a mineração na divisa de distritos de Ouro Preto, como Rodrigo Silva, com a exploração do topázio imperial e Santa Rita, com a exploração da pedra-sabão. Na área do parque, do lado de Ouro Preto, existem 304 processos em andamento para exploração de lavra, e 38 do lado de Ouro Branco.

Em audiência realizada em Ouro Branco em 14 de dezembro de 2006, o estudo da Terra Brasílis foi apresentado à comissão e depois entregue ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), outra etapa legal para a criação do parque. No levantamento foram identificadas 800 espécies de plantas na serra, num estudo técnico que envolveu análises de geomorfologia, que apontaram a ocorrência de solo frágil e sujeito a erosões; flora campestre; flora arbórea; herpetologia (répteis e anfíbios); uso e ocupação do solo; e aspectos históricos e culturais, como sítios históricos e trechos da Estrada Real, que cortam o maciço.

O consenso entre deputados e autoridades de Ouro Preto e Ouro Branco é de que a criação de um parque é sempre bem-vinda, mas não se pode esquecer o "lado humano, da vida, das atividades que já existem no local", como salientou o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo. Ele e os deputados Padre João, Sávio Sousa Cruz (PMDB), Rômulo Veneroso (PV), Fábio Avelar (PSC) e Wander Borges (PSB) sugeriram que o tema fosse mais discutido com a sociedade. Como os convidados da área ambiental do Estado - Secretaria de Meio Ambiente e IEF -, não compareceram por ter o convite chegado muito próximo da data da audiência, segundo Padre João, foi sugerida a realização de outra audiência pública em Ouro Preto, com mais participação de todos os envolvidos.

Padre João, Ângelo Oswaldo e o vereador Flávio Andrade, do PV de Ouro Preto, lembraram que não adianta criar uma unidade de conservação se não houver o comprometimento da comunidade do entorno com sua conservação. "A realidade é mais forte do que a lei. Esta tem de estar conforme a realidade e não o contrário", enfatizou o vereador

A vice-prefeita de Ouro Branco, Valéria Nunes Gomes, cidade onde o movimento pela criação é mais intenso, disse que concorda com a compatibilização de todas as atividades, mas destacou que a Serra do Ouro Branco é o marco zero da Cadeia do Espinhaço, tombada pela Unesco como Reserva Mundial da Biosfera. O diretor do Parque Estadual do Itacolomi, em Ouro Preto, Alberto Vieira Matos, disse que o estudo técnico é muito competente, "e por isso, não deve sofrer alterações no IEF".

Projeto dos mercados Santa Tereza e Cruzeiro é apreciado

O Projeto de Lei (PL) 1.016/07, que declara como patrimônios históricos e culturais de Minas Gerais os mercados distritais do Cruzeiro e de Santa Tereza, em Belo Horizonte, foi apreciado pela comissão, tendo parecer do deputado Rômulo Veneroso aprovado, com a emenda sugerida pelo deputado Fábio Avelar. A emenda inclui um artigo que declara como objetivos do projeto: preservar a tradição e a cultura desenvolvidas nas áreas dos mercados e entornos; e permitir a revitalização econômica e ambiental das áreas ocupadas pelos mercados pela agregação de atividades correlatas às tradicionalmente desenvolvidas ali.

O texto original não implica tombamento das estruturas físicas, apenas registra os locais como bens culturais de natureza imaterial do patrimônio cultural de Minas Gerais, de acordo com o inciso IV do parágrafo 1º do art. 1º do Decreto 42.505, de 2002 (citado no projeto). Os autores do PL 1.016/07 são os deputados João Leite (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Durval Ângelo (PT), Ademir Lucas (PSDB), Fábio Avelar (PSC), Walter Tosta (PMN), Gustavo Valadares (DEM), Gláucia Brandão (PPS), André Quintão (PT), Elmiro Nascimento (DEM), Doutor Rinaldo (PSB), Carlin Moura (PCdoB), Maria Lúcia Mendonça (DEM), Agostinho Patrús Filho (PV), Domingos Sávio (PSDB), Gustavo Corrêa (DEM), Wander Borges (PSB), Ronaldo Magalhães (PSDB) e Délio Malheiros (PV).

Outro projeto da pauta, o 1.093/07, do deputado Adalclever Lopes (PMDB), recebeu pedido de diligências ao IEF e à Copasa, mediante requerimento do deputado Padre João. A proposição altera o art. 1º da Lei 15.979 de 2006, que criou a Estação Ecológica do Cercadinho, propondo uma expansão de aproximadamente 86 hectares, em sua área.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Rômulo Veneroso (PV), Wander Borges (PSB) e Padre João (PT). Além dos convidados citados na matéria, participaram vários vereadores e secretários municipais das duas cidades, bem como ambientalista João Paulo Coutinho, coordenador da entidade Guardiães da Serra de Ouro Branco, responsável pelo recolhimento de cerca de cinco mil assinaturas pedindo a criação do parque.

 

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