Críticas ao aborto marcam reunião da Comissão de Saúde

Em Minas Gerais, o aborto é a quarta causa de mortalidade entre as mulheres decorrente do processo da gravidez. Essa ...

11/07/2007 - 00:01
 

Críticas ao aborto marcam reunião da Comissão de Saúde

Em Minas Gerais, o aborto é a quarta causa de mortalidade entre as mulheres decorrente do processo da gravidez. Essa foi uma das informações trazidas pela coordenadora estadual de Promoção da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente da Secretaria de Estado de Saúde, Marta Alice Romanini, que participou de reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (11/7/07). Estiveram presentes na reunião 12 deputados, que defenderam o aprofundamento do debate, mas se manifestaram contrariamente à descriminalização do aborto.

Marta Alice Romanini afirmou que os números existentes sobre a quantidade de abortos que são realizados em Minas Gerais e no Brasil são imprecisos, pois muitas vezes, na certidão de óbito não consta a verdadeira causa da morte da mulher. Para ela, uma das formas de tentar diminuir a incidência de abortos é através do desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o planejamento familiar, com a disponibilização de informação e também de métodos contraceptivos. "O aborto é uma agressão física e psicológica à mulher. Nenhuma mulher faz o aborto porque quer, mas porque não encontra alternativa para a sua situação", afirmou.

Segundo Marta Alice Romanini, o governo do Estado vem procurando justamente oferecer as alternativas às mulheres. Ela citou como exemplo os centros do Programa Viva Vida, que estão sendo instalados em todo o Estado, cujo objetivo é prestar o atendimento à saúde sexual e reprodutiva da mulher e das adolescentes. De acordo com Marta Alice Romanini, o governo pretende instalar 75 centros em todo o Estado. "O nosso objetivo é não deixar que mulheres continuem morrendo em Minas Gerais por causa do aborto", destacou.

A representante da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil, Andréa Maria Borges, lembrou que a discussão em torno do aborto também deve envolver a situação na qual muitas mulheres ficam grávidas de maneira indesejada. Ela afirmou que conhece a realidade das mulheres que se encontram em unidades prisionais e que, na maioria dos casos, ficam grávidas de maneira indesejada. Andréa Maria Borges defendeu a adoção de políticas públicas voltadas para a conscientização e a educação das crianças e dos adolescentes.

Deputados cobram políticas públicas de apoio às mulheres

Deputados presentes na reunião se manifestaram contrariamente à descriminalização do aborto e defenderam a adoção de políticas públicas de prevenção à gravidez indesejada e de apoio às mulheres. O deputado Fahim Sawan (PSDB), autor do requerimento para realização da reunião, afirmou ser contrário ao aborto e lembrou que é necessário que o Estado e a sociedade ofereçam alternativas para as mulheres grávidas e que haja investimentos em políticas de prevenção. Ele destacou que é preciso aprofundar a discussão, já que existem dados que indicam que 1,4 milhão de abortos são realizados todos os anos no Brasil.

Já o deputado Célio Moreira (PSDB) também apresentou posição contrária ao aborto e afirmou que em Minas Gerais são realizados quase 27 mil abortos por ano. Ele contou que, em visita feita a clínicas e hospitais de Portugal, onde o aborto foi legalizado, encontrou várias mulheres arrependidas e com depressão por terem abortado. Célio Moreira também lembrou que no Brasil as mulheres que possuem dinheiro conseguem fazer o aborto, sem nenhuma penalidade.

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB), defendeu um aprofundamento da discussão. Segundo ele, é necessário defender a vida do feto, mas também a vida da mãe. "O Estado precisa apoiar as mães adolescentes, depois que elas dão à luz", considerou. No mesmo sentido, o deputado Eros Biondini (PHS) disse que não é importante salvar apenas o feto, mas também a mãe. "Toda mulher que faz aborto morre, seja fisicamente ou psicologicamente", destacou.

A deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM) destacou que está muito preocupada com a maneira em que a descriminalização do aborto está sendo tratada. Ela afirmou ser contrária ao aborto, mas que teme o crescimento de grupos favoráveis à sua descriminalização. O deputado Carlin Moura (PCdoB) disse que é preciso discutir a questão de maneira laica. Para ele, a principal questão a ser debatida é qual o papel do Estado e da sociedade na defesa da vida e das mulheres.

Informação é uma das formas de diminuir os abortos clandestinos

Vários deputados defenderam a necessidade de disponibilizar informação às mulheres sobre os métodos contraceptivos para evitar a gravidez indesejada. O deputado Carlos Pimenta (PDT) defendeu a melhoria do acesso da população às informações sobre os métodos contraceptivos. Ele afirmou que as políticas públicas são insuficientes e que o governo federal concentra a distribuição de camisinhas apenas em períodos festivos, como o Carnaval. "Hoje não existe uma instituição para acolher e prestar informação às adolescentes", destacou.

O deputado Doutor Rinaldo (PSB) afirmou que hoje o que leva à gravidez indesejada é a falta de informação e de acesso aos métodos contraceptivos. O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) defendeu a adoção de ações concretas de conscientização da população contra o aborto. Para ele, através da conscientização é possível evitar que a gravidez indesejada.

A deputada Rosângela Reis (PV) também defendeu políticas públicas voltadas para disponibilizar informações para as crianças e para os adolescentes. Já o vice-presidente da comissão, deputado Hely Tarqüínio (PV), disse que as mulheres que fazem aborto adquirem problemas psicológicos. Ele pediu cautela ao Congresso Nacional antes de colocar em debate ou votação projetos que legalizem o aborto.

Abaixo-assinado - O deputado Carlos Pimenta ainda leu um manifesto do arcebispo de Montes Claros, Geraldo Magela, contrário à legalização do aborto. Ele afirmou que está colhendo assinaturas para levar um abaixo-assinado ao Congresso Nacional com o objetivo de evitar a votação de projetos favoráveis à legalização do aborto. No final, os deputados Célio Moreira e Fahim Sawan cobraram a ausência de alguns convidados na reunião, como os representantes da Igreja Católica e da Igreja Evangélica.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio, vice-presidente; Carlos Pimenta (PDT), Doutor Rinaldo (PSB), Ruy Muniz (DEM), Fahim Sawan (PSDB), Eros Biondini (PHS), Célio Moreira (PSDB), Carlin Moura (PCdoB), Antônio Carlos Arantes (PSC); e deputadas Maria Lúcia Mendonça (DEM) e Rosângela Reis (PV).

 

 

 

 

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