Agricultores do Alto Paranaíba apresentam reivindicações a deputados

Produtores rurais do Alto Paranaíba reivindicam do governo do Estado redução de impostos e desburocratização dos proc...

10/07/2007 - 00:01
 

Agricultores do Alto Paranaíba apresentam reivindicações a deputados

Produtores rurais do Alto Paranaíba reivindicam do governo do Estado redução de impostos e desburocratização dos procedimentos de licenciamento ambiental. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Política e Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizada em São Gotardo nesta terça-feira (10/7/07). A audiência foi realizada a requerimento do deputado Chico Uejo (PSB) e reuniu lideranças políticas e agricultores de toda a região.

Uma das reivindicações apresentadas foi a desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), incidente sobre a energia elétrica utilizada para irrigação. Segundo o produtor rural Hugo Shimada, a alíquota de ICMS incidente sobre a energia utilizada nos pivôs de irrigação é de 12%, chegando a 18% no caso dos secadores de alho. Nas lavouras de trigo do Alto Paranaíba, a energia elétrica representa 24% dos custos de produção. "Se não fosse a irrigação, não seria possível produzir hortaliças e gerar empregos na região", afirmou o agricultor.

Os fazendeiros também reclamam dos impostos incidentes sobre os insumos agrícolas e pedem a criação de créditos tributários nas operações de compra de defensivos de outros Estados. Outra reivindicação levada aos deputados diz respeito ao desenvolvimento de pesquisas sobre as pragas que assolam as lavouras do Alto Paranaíba e estudos para o aproveitamento dos legumes sem valor comercial, mas que poderiam ser industrializados na própria região.

Os agricultores reclamam também da burocracia no licenciamento ambiental. Como não há mais áreas disponíveis para a formação de reservas legais nas fazendas, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) firmou um termo de compromisso que viabiliza a aquisição de áreas em outras regiões num prazo de seis meses. Mas, de acordo com a produtora rural Sílvia Suzuki Nishikawa, esse prazo não é suficiente para a aquisição das terras, regularização da documentação e aprovação do processo pelos órgãos ambientais. Por isso, ela pede que o prazo seja estendido para três anos. Os agricultores também solicitam a instalação de uma unidade do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) na região.

Os produtores de alho, por sua vez, pedem apoio para a renovação do acordo anti-dumping com a China, em tramitação no Ministério da Indústria e Comércio. Diante da concorrência com o alho chinês, o Brasil adota uma tarifa de US$ 4,80 para cada caixa de dez quilos. Mas os produtores do Alto Paranaíba temem a não renovação do acordo, que deve ser apreciado pela Câmara de Comércio Exterior nos próximos meses.

Uma das principais regiões agrícolas do Estado

O desenvolvimento da agricultura na região remonta a 1973, ano em que o governo federal, em parceria com o governo do Estado, instalou o Perímetro de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba (Padap) em São Gotardo e nos municípios vizinhos de Rio Paranaíba, Ibiá e Campos Altos. Foram assentadas 95 famílias (boa parte, descendentes de japoneses) em lotes de 250 hectares. A agricultura empresarial suplantou as pequenas propriedades familiares, e hoje a região é grande produtora de cenoura, batata, cebola, alho, frutas e grãos, em lavouras irrigadas e com uso intensivo de mão-de-obra. Apenas a cultura do alho requer a contratação de 200 pessoas para o plantio e outras 300 durante a colheita, para cada 100 hectares cultivados.

Mas a agricultura da região já viveu dias melhores. A área plantada de trigo, que chegou a atingir 9 mil hectares nos anos 90, hoje não passa dos 3,5 mil hectares, segundo o produtor rural Jorge Fukuda. A concorrência com a China faz sentir seus efeitos sobre a produção de alho. Nos anos 70, 80% do alho consumido no Brasil era produzido aqui. Hoje, a produção nacional responde por apenas 30% do consumo nacional. Ainda assim, o Alto Paranaíba continua sendo a principal região produtora. O alho plantado na região seria suficiente para abastecer o mercado interno durante 40 dias, segundo o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho, Jorge Nobuhico Kiryu.

Secretário de Agricultura: "Não faço milagre"

O secretário de Estado de Agricultura, Gilman Viana, foi enfático ao dizer que não tem condições de atender todas as reivindicações apresentadas durante a reunião. "Não aprendi a fazer milagre", disse. Ele argumentou que o governo Aécio Neves vem fazendo grandes investimentos em infra-estrutura, e isso demanda aumento na arrecadação. "Não tem nenhuma obra parada no Estado por falta de recursos, e isso tem um custo para todos", explicou. Mas ele se comprometeu a levar as reivindicações apresentadas às secretarias de Estado de Fazenda e de Meio Ambiente.

O deputado Chico Uejo lembrou os esforços do governo do Estado para a desoneração da produção agrícola, mas ressaltou que é preciso desonerar a produção ainda mais, para torná-la mais competitiva. O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) reclamou que a desvalorização do dólar prejudica o setor exportador e não se reflete em queda nos preços dos insumos agrícolas. Por fim, o presidente da comissão, deputado Vanderlei Jangrossi (PP), reiterou que a ALMG continua de portas abertas para ouvir as reivindicações dos produtores rurais.

Requerimentos - Ao final da reunião, foram aprovados oito requerimentos do deputado Chico Uejo com pedidos de providências para as demandas apresentadas pelos agricultores. Ele pede ao governo do Estado e ao Sebrae a criação de uma agência de desenvolvimento da agroindústria no Alto Paranaíba; uma reunião conjunta com a Comissão do Trabalho para debater a questão trabalhista no campo; à Secretaria de Estado de Fazenda, um estudo sobre a viabilidade da redução do ICMS sobre a energia consumida pela agricultura irrigada no cerrado; à Secretaria de Meio Ambiente, a criação de uma superintendência regional no Alto Paranaíba; à Secretaria de Agricultura e à Epamig, que firmem parcerias com universidades para o desenvolvimento de pesquisas sobre as pragas agrícolas da região; ao Copam, a revisão dos prazos para a recomposição da reserva legal; ao governo federal, à Faemg e à CNA, a renovação da tarifa anti-dumping para o alho chinês.

Presenças - Deputados Vanderlei Jangrossi (PP), presidente; Chico Uejo (PSB) e Antônio Carlos Arantes (PSC). Também participaram da reunião o prefeito de São Gotardo, Paulo Uejo; o presidente da Câmara Municipal, João Lúcio da Silva; o fiscal agropecuário Maurício Bento da Silva; o superintendente regional da Secretaria de Meio Ambiente, Helder Naves Torres; o pesquisador da Epamig, Maurício Antônio Oliveira Coelho; os produtores rurais Nilton Yamaguchi e Hamilton Mendes de Souza; e o presidente da Associação dos Municípios do Alto Paranaíba, Wilson José da Silva.

 

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