Ocupantes de prédio na Serra reivindicam desapropriação

As famílias que invadiram o prédio inacabado da construtora Encol na Serra, em Belo Horizonte, cobraram a regularizaç...

05/07/2007 - 00:00
 

Ocupantes de prédio na Serra reivindicam desapropriação

As famílias que invadiram o prédio inacabado da construtora Encol na Serra, em Belo Horizonte, cobraram a regularização de sua situação em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quinta-feira (5/7/07). São cerca de 100 famílias, que reivindicam a desapropriação do edifício com a indenização dos mutuários da falida construtora. Em abril, essas pessoas enfrentaram uma ação de reintegração de posse, interrompida por um recurso interposto pelo Ministério Público. Enquanto o processo está suspenso, o clima é de incerteza e apreensão.

"Não temos para onde ir. Todas as famílias estão em condições difíceis. Por favor, nos ajudem", pediu, emocionada, Marinalva de Almeida, que vive longe dos filhos porque não tem onde morar. Sarah de Souza Otoni, líder das Brigadas Populares, um dos movimentos que organizaram a ocupação, reclama que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) se recusa a negociar uma solução para o problema. "Essas famílias vão ficar 40 anos na fila esperando para ter uma casa. Mas nós não estamos dispostos a esperar", reclama.

O representante do Fórum de Moradia do Barreiro, Bruno Vieira, também acusa a ausência de programas habitacionais voltados para famílias que ganham um salário mínimo. Ele argumenta que os mutuários da Encol teriam pago apenas 10% do valor dos apartamentos e devem mais de R$ 120 mil de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o que justificaria a desapropriação do imóvel.

Prefeitura não consegue atender à demanda

Existem pelo menos 13 mil famílias cadastradas à espera de uma moradia popular em Belo Horizonte, e a prefeitura não tem condições de atender a essa demanda de imediato. De acordo com o secretário adjunto municipal de Políticas Urbanas, Carlos Henrique Cardoso Medeiros, em 2006 foram construídas 3.155 unidades através do Orçamento Participativo da Habitação. O Programa de Arrendamento Residencial (PAR), financiado com recursos da Caixa Econômica Federal (CEF), tem assinados 5 mil contratos para a construção de moradias, das quais 1,5 mil foram entregues no 1o semestre deste ano.

Mas o secretário reiterou que o caminho da negociação passa pelas assembléias do Orçamento Participativo, pelo Conselho Municipal de Habitação e pelas conferências municipais que discutem o assunto. Medeiros espera que o recém-criado Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social destine recursos a Belo Horizonte para a construção de moradias populares. "Sem uma parceria com os governos estadual e federal, é impossível minimizar esse déficit habitacional secular", afirmou.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), que solicitou a reunião, disse que vai levar a reivindicação dos movimentos populares ao prefeito Fernando Pimentel (PT). Ele defende uma solução negociada que contemple a desapropriação, que no caso dos prédios invadidos em Santa Tereza, se deu com recursos do Ministério das Cidades. Ele teve aprovado um requerimento de sua autoria para a realização de uma visita da comissão ao prédio na Serra. O deputado Ruy Muniz (DEM), por sua vez, apresentou um requerimento que solicita à PBH que pague os aluguéis das famílias, caso elas sejam despejadas do prédio ocupado.

Denúncia de abuso policial

A comissão ouviu ainda relato de suposto abuso cometido por policiais militares. A dona de casa Regina Célia Abade diz ter sido espancada por dois PMs dentro de uma loja do Ponto Frio no Centro de Belo Horizonte. O deputado Durval Ângelo apresentou requerimentos para convocar os policiais e o gerente da loja para prestar esclarecimentos à comissão, além de pedir providências à Corregedoria, à Ouvidoria e ao Comando da Polícia Militar.

Foi aprovado também requerimento do deputados Fábio Avelar (PSC) para a realização de visita da comissão ao mercado distrital de Santa Tereza, fechado pela PBH na madrugada desta quinta-feira (5). O deputado João Leite (PSDB) apresentou requerimento para manifestar o repúdio da comissão à decisão da PBH. O deputado Durval Ângelo apresentou vários requerimentos com pedidos de providências para os problemas constatados por ele em visita à cadeia pública de Manhuaçu na última sexta-feira (29). Ele teve aprovado também requerimento em que solicita à Cemig a relação dos funcionários terceirizados da empresa que sofreram acidentes de trabalho entre 1999 e 2007.

A comissão aprovou ainda requerimento do deputado Carlin Moura (PCdoB) com pedido de providências para denúncias apresentadas por movimentos de luta pela terra na região de Setubinha (Vale do Jequitinhonha). Da deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), foi aprovado requerimento para que a comissão ouça depoimentos dos vereadores Antônio Félix e Teresa Cristina, que teriam sido agredidos durante reunião da Câmara Municipal de Rio Acima (Região Metropolitana de BH).

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice; João Leite (PSDB), Ruy Muniz (DEM), Fábio Avelar (PSC) e Getúlio Neiva (PMDB).

 

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