Profissionais de saúde querem integração das farmácias ao SUS

Parlamentares e farmacêuticos debateram, na manhã desta quinta-feira (5/7/07), em audiência pública da Comissão de Sa...

05/07/2007 - 00:00
 

Profissionais de saúde querem integração das farmácias ao SUS

Parlamentares e farmacêuticos debateram, na manhã desta quinta-feira (5/7/07), em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a necessidade da construção de políticas públicas que transformem as farmácias em estabelecimentos de saúde integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A autora do requerimento que motivou a reunião, deputada Elisa Costa (PT), teve o apoio de representantes de conselhos regionais de Farmácia e da Federação Nacional de Farmacêuticos, que realizam a campanha "Farmácia não é um simples comércio - Sua vida não tem preço", que defende a regulamentação do comércio nesses estabelecimentos. O tema vem sendo discutido no Congresso Nacional, por meio do Projeto de Lei (PL) 4.385/07.

O presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais, Lauro Mello Vieira, disse que intenção da campanha e da categoria é resgatar o conceito de farmácia como estabelecimento de saúde e não como mero comércio de produtos correlatos, tais como cosméticos e artigos veterinários. Segundo ele, o objetivo do PL, que tramita em Brasília, é fazer com que as farmácias voltem a ser obrigadas a manter farmacêuticos que prestem assistência e orientação sanitária aos consumidores. "Segundo dados da Febrafarma, o Brasil é o campeão em intoxicação por uso irregular de medicamentos, e isso se dá pela falta de informação ao cliente", alertou. Ele acredita que o aumento das propagandas e promoções de remédios têm induzido ao uso desnecessário e a auto-medicação.

O diretor do Sindicato dos Famacêuticos de Minas Gerais, Rilke Novato Públio, acredita que as indústrias farmacêuticas são as grandes responsáveis pela o incentivo à comercialização e promoção de medicamentos. De acordo com ele, funciona hoje a lógica do "vale tudo" no mercado de farmácias no Brasil. "Nossa missão de origem é ser um estabelecimento de saúde, de interesse social, mas houve uma mudança de percurso para atender interesses comerciais maiores. Acho que integrar as farmácias ao SUS pode ser o início da solução do problema", disse.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) fez coro à reivindicação dos farmacêuticos e lembrou que a falta de qualificação dos profissionais que atuam nas farmácias também significa prejuízo à população e ao próprio segmento.

Deputados propõem comércio com responsabilidade

Os parlamentares ponderaram que não é possível eliminar o comércio de produtos correlatos das farmácias, uma vez que é um serviço que beneficia os próprios consumidores e proprietários. Segundo o presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), muitos estabelecimentos dependem da venda desses produtos para sobreviver. Os deputados Ruy Muniz e Doutor Rinaldo, ambos do DEM, também defendem a liberdade de comércio, desde que, no caso das farmácias, haja regulamentação. "Sugiro que os estabelecimentos sejam divididos fisicamente. De um lado, ficaria a farmácia, para comercializar exclusivamente medicamentos; de outro, um local para venda de produtos que também atendam à população, tais como cosméticos, alimentos e artigos para animais", disse.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Minas Gerais, Lázaro Luiz Gonzaga, defende um modelo de comercialização que seja condizente com a realidade brasileira. De acordo com ele, o modelo de estabelecimento de saúde é europeu e o de venda mista de produtos é norte-americano, por isso há distorções no segmento. "Queremos preservar todo o setor. Não adianta priorizar apenas o farmacêutico em detrimento do proprietário do estabelecimento", argumentou. Ele acredita que o segmento está evoluindo e que o varejo não é predatório para o sistema de saúde.

SUS - O deputado Carlos Mosconi lembrou ainda que o SUS vive sérios problemas de orçamento, portanto, é preciso refletir se a integração das farmácias ao sistema é a melhor solução para o problema. Segundo ele, enquanto em 1993 eram destinados R$ 80 bilhões para a saúde, hoje são repassados apenas R$ 36 bilhões, para o atendimento a toda a população brasileira. "Espero que o PL 4.385/07 leve isso em consideração e compatibilize o estabelecimento de saúde ao varejo farmacêutico", concluiu.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT); Doutor Rinaldo (PSB), Ruy Muniz (DEM) e Weliton Prado (PT) e a deputada Elisa Costa (PT); a diretora da Vigilância Sanitária, Terezinha Póvoa; e a representante da Secretaria de Estado da Saúde, Marília Assunção; além dos convidados citados na matéria.

 

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