Falta de recursos dificulta atendimento do Ipsemg no interior

A melhoria e ampliação do atendimento do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Estado de Minas Gerais (...

04/07/2007 - 00:00
 

Falta de recursos dificulta atendimento do Ipsemg no interior

A melhoria e ampliação do atendimento do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), especialmente no interior do Estado, são dificultadas pela insuficiência de recursos. Essa foi uma das afirmações feitas pelo presidente do Ipsemg, Antônio Abrahão Caram Filho, e pelo diretor, Roberto Porto Fonseca, que participaram de reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (4/7/07). Para reverter a situação, Caram Filho anunciou que já foi publicado edital para contratação de uma empresa de consultoria que deverá identificar um formato novo para o Ipsemg, como plano de saúde de adesão espontânea.

Antônio Abrahão Caram afirmou que o governo do Estado tem feito grandes esforços para melhorar as condições de atendimento do Ipsemg, no entanto a falta de recursos vem dificultando o funcionamento do sistema. Ele explicou que a insuficiência de verba foi em parte causada pela Lei Complementar 64, de 2002, que alterou as formas de financiamento do Instituto. Segundo ele, a lei separou a contribuição previdenciária da contribuição para o sistema de saúde. O presidente do Ipsemg disse que, para o sistema previdênciário, a separação foi positiva, à medida que atrelou a contribuição dos servidores ao salário recebido.

Entretanto, segundo Antônio Abrahão Caram, para o sistema de saúde, o atrelamento ao salário do servidor é inadequado, tornado os percentuais de arrecadação muito baixos para o plano de saúde. "O cálculo a ser pago pelo plano de saúde não deve ser atrelado ao valor do salário e sim à faixa etária e ao sexo do paciente, como é feito pelos planos particulares", disse. Ele destacou ainda que a Lei Complementar 64 também acabou com os recursos orçamentários que eram utilizados para o custeio da máquina administrativa do Ipsemg. "As dificuldades de atendimento no interior estão ligadas ao fato de não existir esse custeio específico", afirmou.

O diretor do Ipsemg, Roberto Porto Fonseca, apresentou dados sobre o financiamento da saúde no Brasil e em Minas Gerais. Segundo ele, em 2006, o orçamento do governo federal para o Sistema Único de Saúde (SUS) foi de R$ 36 bilhões, enquanto o valor ideal para o atendimento da população seria de R$ 211 bilhões. No caso do Ipsemg, Roberto Porto Fonseca afirmou que o valor disponível encontra-se também muito abaixo do ideal, sendo que o sistema gasta cerca de R$ 20 por usuário, enquanto o ideal seria mais de R$ 60.

Roberto Porto Fonseca ainda lembrou que, no Ipsemg, apenas 40% dos usuários do sistema contribuem, pois o restante são dependentes e cônjuges de servidores públicos que não pagam para receber o atendimento. "Para que um plano de saúde funcione de maneira adequada é importante que todos os usuários contribuam com alguma parcela", considerou.

Deputados cobram melhoria do atendimento no interior

Deputados presentes à reunião reconheceram os esforços que têm sido feitos pela direção do Instituto, mas cobraram a melhoria do atendimento, em especial, no interior do Estado. Autor do requerimento para realização da reunião, o deputado Carlos Pimenta (PDT), lembrou a situação da região de Montes Claros, que é responsável pelo atendimento dos contribuintes de 87 municípios. Segundo ele, já houve muitos avanços, mas é necessário ainda realizar com urgência novos credenciamentos de profissionais. "Estou inclusive aqui com um abaixo-assinado da população solicitando esses credenciamentos", afirmou.

O deputado Fahim Sawan (PSDB) disse que as realidades do atendimento no interior e na Capital são muito diferentes. Ele afirmou que no Triângulo Mineiro os servidores públicos vêm enfrentando grandes dificuldades para serem atendidos. O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) reclamou do fechamento de agências no Sul de Minas e fez um apelo para que mais médicos e hospitais sejam credenciados na região. O parlamentar ainda afirmou que irá solicitar a instalação de uma comissão especial na Assembléia para acompanhar o atendimento disponibilizado pelo Ipsemg no Estado.

Já o deputado Doutor Rinaldo (PSB) também pediu a melhoria do atendimento na região Centro-Oeste e o credenciamento de mais hospitais. Esteve presente na reunião o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Tóto Teixeira, que solicitou que o posto de atendimento ambulatorial, localizado na Gameleira, não seja fechado com a inauguração do Cardiominas. As carências do atendimento na região de Divinópolis foram destacadas pelo deputado Domingos Sávio.

Durante os debates, o presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB), afirmou que ficou extremamente preocupado com a realidade do orçamento da saúde apresentada pelo presidente e pelo diretor do Ipsemg. "Com esse orçamento fica muito difícil dar um atendimento de qualidade à população", considerou. O vice-presidente da comissão, deputado Hely Tarqüínio (PV), destacou que o Estado deve repensar a viabilidade de manter o plano de saúde do Ipsemg no seu atual formato.

Antônio Abrahão Caram Filho informou aos deputados que, além do problema de poucos recursos, o credenciamento no interior é prejudicado também pelas limitações legais, que impedem a celebração de convênios com instituições devedoras do Estado. E anunciou que entre as melhorais em implantação pelo Ipsemg, está o Programa de Fornecimento de Medicamentos, que em convênio com o Sindicato do Comércio Farmacêutico Varejista, vai permitir ao servidor comprar remédios com cartão eletrônico e com desconto em folha. E o desdobramento desse projeto, que é a entrega domiciliar gratuita de medicamento para pacientes crônicos, como os de aids, diabetes e hipertensão.

Requerimentos - Na reunião foram aprovados oito requerimentos. O primeiro, do deputado Carlos Mosconi, solicita a instalação da Gerência Regional de Saúde em Poços de Caldas.

Outros seis requerimentos são do deputado Dalmo Ribeiro Silva. O primeiro convida o secretário de Estado de Saúde para expor as ações desenvolvidas pela Secretaria no âmbito do Programa de Prevenção Primária do Câncer. O segundo pede a realização de uma audiência pública da comissão para debater o Projeto de Lei (PL) 219/07, do Senado Federal, que altera a Lei 8.080, de 1990, para dispor sobre a oferta de procedimentos terapêuticos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os outros: visita da comissão à Fundação Ezequiel Dias para conhecer as ações sobre o Programa Farmácia Minas; de audiência pública para debater a Consulta Pública nº 50, da Anvisa, que propõe a padronização para as formas farmacêuticas; audiência em Pouso Alegre para debater os benefícios dos convênios com o Ipsemg. E por último, do Doutor Rinaldo, que convida os representantes da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), para esclarecer a situação dos hospitais da rede no Estado.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice-presidente; Carlos Pimenta (PDT), Doutor Rinaldo (PSB), Elmiro Nascimento (DEM), Domingos Sávio (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Fahim Sawan (PSDB), João Leite (PSDB) e Weliton Prado (PT); e a deputada Glaucia Brandão (PPS). Além das autoridades citadas também esteve presente na reunião o vice-presidente do Ipsemg, Paulo Elisiário Nunes.

 

 

 

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