Deputados defendem aumento de cobrança a mineradoras

O aumento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) foi defendida pelos deputados estadua...

03/07/2007 - 00:00
 

Deputados defendem aumento de cobrança a mineradoras

O aumento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) foi defendida pelos deputados estaduais em reunião realizada nesta terça-feira (3/7/07) pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Além dos deputados, prefeitos dos municípios mineradores de Minas Gerais também apoiaram a medida, e pediram pressão da Assembléia mineira sobre o Congresso, a fim de aumentar a cobrança. O movimento ganha força nos momentos finais de uma disputa judicial entre o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e as empresas Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Samarco, Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), condenadas a pagar uma dívida estimada em R$ 2,2 bilhões, referente à sonegação da Cfem. A sentença favorável ao DNPM foi pronunciada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 12 de junho, e as empresas estão contestando por meio de embargos declaratórios.

O vice-presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, deputado Jayro Lessa (DEM), disse que será elaborado um requerimento para formação de uma comissão especial para tratar das questões da alíquota da Cfem e da dívida das empresas, proposta que também foi defendida ou apoiada pelos deputados Padre João (PT), Elisa Costa (PT) e Carlin Moura (PCdoB). O prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, pediu aos representantes da Secretaria de Estado da Fazenda na reunião que levassem a questão ao governador Aécio Neves, a fim de que o Executivo também se engaje nessa campanha.

A alíquota da Cfem para a exploração do minério de ferro está hoje em 2% do faturamento líquido das empresas. De acordo com o coordenador da Divisão de Política Tributária da Secretaria de Estado da Fazenda, Ricardo de Souza, todo o setor minerador brasileiro contribuiu com R$ 326 milhões em 2004, referentes à Cfem. Em comparação, o setor petrolífero recolheu, no mesmo ano, R$ 11 bilhões de royalties, sendo que apenas a Petrobras contribuiu com R$ 7 bilhões. A alíquota do petróleo é de 5% sobre o faturamento bruto das empresas, mais uma participação especial de 5% a 10% em casos específicos.

Brasil tem a menor alíquota para minério de ferro

O prefeito de Itabirito e presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), Waldir Silva Salvador de Oliveira, comparou a alíquota brasileira com as cobranças compensatórias sobre a exploração de minério de ferro em outros países. O Brasil, segundo ele, é o único a cobrar sobre o faturamento líquido, algo que facilita a sonegação. Todos os demais cobram sobre o faturamento bruto: Austrália cobra de 5% a 7,5%; a China, 2%, assim como a África do Sul; já a Rússia, 4,8%. "As empresas argumentam que o aumento da Cfem acabaria com a competitividade internacional das empresas, mas esses números mostram que não. São com as empresas desses países que nossas empresas competem", afirmou o prefeito de Itabirito.

A mudança da legislação, de forma que a Cfem passe a incidir sobre o faturamento bruto, foi uma das principais reivindicações do presidente da Amig, Waldir de Oliveira. Prefeitos e deputados defenderam uma mudança da alíquota de 2% para 4%, embora alguns dos presentes, a exemplo da deputada Elisa Costa, tenham defendido uma elevação para 5%, a fim de igualar a alíquota dos royalties cobrados sobre o petróleo.

Apesar das críticas às empresas mineradoras e especialmente à Companhia Vale do Rio Doce, prefeitos e deputados também reconheceram os méritos do setor e da empresa, que conseguiu se articular de forma a elevar o preço do minério de US$ 8 para US$ 34, em oito anos. Waldir de Oliveira avaliou que só a virtual monopolização do setor promovida pela Vale desde sua privatização permitiu essa elevação do preço, com benefícios para todo o País. "É mérito dela. É uma pena que Estados e municípios não tenham se beneficiado da mesma forma", afirmou. Ele ressalvou, no entanto, que as autoridades públicas são as maiores responsáveis por este estado de coisas, por não terem modificado a legislação para adaptá-la a essa nova realidade.

O prefeito de Itabirito afirmou que, apesar da divergência com as mineradoras a respeito da Cfem, os municípios não deixarão de defender o setor. "A mineração responde por 51% da receita de Itabirito. Em Nova Lima, em 2004, o índice era de 36%", afirmou Waldir de Oliveira. "Ninguém é contra a mineração em um Estado chamado Minas Gerais, em uma cidade chamada Ouro Preto, chamada Itabirito, que é o nome de um tipo de minério", afirmou o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo.

Municípios recebem 65% da Cfem

Os municípios mineradores recebem 65% da arrecadação da Cfem, enquanto os Estados ficam com 23%, e 12% vão para a União. Estes mesmos percentuais serão aplicados sobre a dívida referente à disputa judicial entre DNPM e as empresas mineradoras. O diretor de Planejamento e Arrecadação do DNPM, Marco Antônio Valadares Moreira, ressalvou que o valor final dessa disputa ainda pode ser modificado, embora seja, de qualquer forma, superior a R$ 1 bilhão. O deputado Carlin Moura salientou que, mesmo confirmado o valor original de R$ 2,2 bilhões, isso não seria um valor insuportável para um setor que tem uma empresa como a CVRD, que apresentou, no primeiro trimestre de 2007, um lucro de R$ 5 bilhões.

Durante a reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, o representante do DNPM ainda explicou aos deputados, prefeitos e representantes municipais como utilizarem o site do órgão federal para acessar dados e contribuírem para a fiscalização aos empreendimentos mineradores, de forma a aumentar ainda mais a arrecadação. Ele afirmou que, graças ao melhor aparelhamento do DNPM e à parceria com a Secretaria de Estado da Fazenda, conseguiu-se resultados como a redução da inadimplência da taxa anual por hectare, que é cobrada sobre a área mineral pesquisada. A adimplência, em Minas Gerais, subiu de 50% para 92%.

Presenças - Deputados Jayro Lessa (DEM), vice-presidente, Agostinho Patrús Filho (PV), Antônio Júlio (PMDB), Lafayette de Andrada (PSDB), Padre João (PT), Gustavo Valadares (DEM), Carlin Moura (PCdoB) e Délio Malheiros (PV); deputada Elisa Costa (PT); e além das autoridades citadas na matéria, o prefeito de Santa Bárbara e presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, Antônio Eduardo Martins; e o assessor da Superintendência de Fiscalização da Secretaria da Fazenda, Marcos Correa.

 

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