Deputados querem negociação da Cohab com famílias do Morro Alto

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deslocou-se até a Companhia de Habitação do ...

03/07/2007 - 00:00
 

Deputados querem negociação da Cohab com famílias do Morro Alto

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deslocou-se até a Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab-MG), na tarde desta terça-feira (3/7/07), para intervir em favor de centenas de famílias ameaçadas de despejo no Conjunto Morro Alto, em Vespasiano. O presidente da Comissão, deputado Durval Ângelo (PT), e o deputado João Leite, pediram renegociação individual com as famílias inadimplentes, e se comprometeram a atuar politicamente para que não sejam despejadas.

O presidente da Cohab, Teodoro Lamounier, fez um histórico da situação. Desabrigados pelas enchentes de 1983 foram retirados das margens do Ribeirão Arrudas e transferidos para esse conjunto localizado em Vespasiano, assinando um contrato de financiamento habitacional que lhes dava o benefício de cinco anos sem pagar prestação. Muitos não quiseram ir. Outros se mudaram pouco tempo depois, transferindo o imóvel informalmente para novos ocupantes.

"A situação atual, decorridos 24 anos, é que a maioria não são os mutuários originais. Das 1.676 unidades, 477 estão com os contratos quitados e 426 famílias estão em dia com as prestações. A dívida dos 516 inadimplentes, sem juros de mora, soma R$ 28 milhões. Há 350 mutuários que não pagam há mais de seis anos", informou Lamounier. O deputado João Leite, embora reconhecendo que a Cohab não pode abster-se de cobrar na Justiça, propôs um entendimento mais favorável com as famílias devedoras.

Negociação com os atingidos da Linha Verde foi democrática

Questionados pelos deputados, os técnicos da Cohab informaram que a prestação média dos devedores é de R$ 28, mas algumas chegam a R$ 400, alcançando esse valor no início da década de 90 pela combinação perversa entre inflação desenfreada e arrocho salarial. O deputado Durval Ângelo deu exemplos de vários casos de reajustes por critérios absurdos, e lembrou que as famílias foram transferidas sem negociação. "Hoje precisamos negociar em tempos de democracia, como fizemos na Linha Verde, em que os direitos e o livre arbítrio foram respeitados".

A líder comunitária Edméia Souza ponderou que, na época, os moradores das margens do Arrudas foram transferidos para o Morro Alto em caminhões do Exército, sem direito de protestar, e argumentou que o dinheiro para remoção de mocambos, favelas e palafitas vinha a fundo perdido do governo federal. Ela quer condições favoráveis para quem puder quitar os financiamentos e anistia para os que não tiverem condição nenhuma.

Os deputados deixaram claro que não defendem o calote, mas que advogam em favor dos mais pobres. Quem puder pagar, que seja cobrado na Justiça. Saíram da reunião com a promessa de que, durante a negociação individual, as ações de despejo ficam suspensas. Ocorrendo o pagamento, serão anuladas.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente e João Leite (PSDB).

 

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