Deputados defendem mineroduto e pedem compromisso com ambiente

A ausência da formalização do pedido de licenciamento da cava mineral aos órgãos ambientais do Estado; um processo ci...

27/06/2007 - 00:04
 

Deputados defendem mineroduto e pedem compromisso com ambiente

A ausência da formalização do pedido de licenciamento da cava mineral aos órgãos ambientais do Estado; um processo civil por irregularidades no início das obras, ajuizado pelo Ministério Público; e a defesa do empreendimento como forma de desenvolvimento econômico, mas com responsabilidade ambiental, marcaram a audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (27/6/07). A requerimento dos deputados Fábio Avelar (PSC), vice-presidente da comissão, e Wander Borges (PSB), os deputados debateram os impactos ambientais e sociais da construção do mineroduto Minas-Rio.

O mineroduto é um empreendimento da empresa MMX Mineração e Metálicos S.A., que pretende levar minério de ferro das cidades de Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas e Serro (Região Central), onde estão as jazidas, até o Porto de Barra do Açu, em São João da Barra (RJ). O mineroduto vai percorrer 25 cidades mineiras e sete fluminenses. Entre as mineiras, além daquelas onde estão as jazidas, ele passará por Morro do Pilar, Santo Antônio do Rio Abaixo, São Sebastião do Rio Preto, Santa Maria de Itabira, Nova Era, Rio Casca, Abre Campo, Carangola e Pedra Dourada, numa extensão de 525 km.

De acordo com informações do diretor geral da MMX, Rodolfo Landim, o mineroduto Minas-Rio tem investimento previsto de R$ 1,6 bilhão, com capacidade de transporte de 24 toneladas de ferro por ano. A capacidade de produção do empreendimento (exploração e beneficiamento) é de 26,5 milhões de toneladas/ano de ferro. Na fase de instalação deverá gerar 1.574 empregos diretos e 4.722 indiretos e na fase de funcionamento, serão 104 empregos diretos. No Rio, o empreendimento no porto usará uma área de 7,2 mil hectares.

Segundo Rodolfo Landim, o empreendimento está em processo de licenciamento junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), responsável neste caso, porque o Minas-Rio envolve dois estados da Federação. Mas o licenciamento de exploração da cava tem de ser feito pelos órgãos ambientais de Minas e até o momento não foi pedido, segundo o subsecretário de Gestão Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ilmar Bastos. A anuência para implantação do mineroduto já foi feita pelo município de Conceição do Mato Dentro. Mas o licenciamento para as obras tem de ser feito pelo Estado. Segundo a empresa, os impactos ambientais e sociais estão previstos no projeto e já foram cumpridos alguns requisitos, com a realização de audiências públicas nas cidades atingidas.

Ministério Público exige termo de ajustamento

Segundo a promotora do Meio Ambiente, Luciana Imaculada de Paula, o Ministério Público apresentou denúncia civil e criminal contra a MMX por irregularidades nos trabalhos iniciais, o que gerou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) a ser assinado com a empresa. A Secretaria de Meio Ambiente prepara um termo de referência preliminar, não só para a MMX, mas que contemple outros empreendimentos na região, com compatibilização entre presença humana e crescimento econômico. "Regiões como os municípios do Espinhaço Norte, onde a biodiversidade é muito rica e uma das mais ameaçadas de extinção, precisam de um tratamento especial", disse.

O empreendimento foi defendido pelo subsecretário de Indústria e Comércio, Carlos Alberto Orsini, que destacou a mudança de paradigma para a instalação de projetos ambientais no Estado. "Os novos empreendimentos têm que contemplar a geração de renda, a capacitação dos jovens locais e o desenvolvimento regional. Mas o mineroduto, com o porto em São João, vai representar o desafogamento dos corredores de exportação do Estado".

Deputados e ambientalistas pedem mais esclarecimentos

A superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, chamou a atenção para a importância de se fazer o licenciamento ambiental com responsabilidade e isenção. Segundo ela, existem diversos empreendimentos no Estado que obtiveram a autorização da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) com interferências políticas e econômicas. "Não temos competência técnica para dizer se o empreendimento da MMX na Serra do Espinhaço vale ou não a pena em termos ambientais. Só espero que os estudos sejam feitos de forma independente e realmente identifiquem os impactos ambientais diretos e indiretos que o mineroduto possa causar a um dos mais importante biomas de Minas Gerais. O critério deve ser técnico e não político", alertou.

O deputado Carlin Moura (PCdoB) fez coro às palavras de Maria Dalce e lembrou que o ponto principal é conhecer os impactos ambientais que a mina pode trazer. Para ele, a Serra do Espinhaço é um dos maiores patrimônios de biodiversidade no mundo, e as decisões devem ser tomadas com responsabilidade. "A captação de água será feita por meio do Rio do Peixe, que já é degradado. Precisamos discutir se esse é o caminho certo para o desenvolvimento em Minas Gerais e para as futuras gerações", alertou.

Preocupação com o abastecimento de água, principalmente em Alvorada, Serro e Conceição do Mato Dentro, também foi manifestada pelo deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT). Para ele, é necessário um compromisso da empresa não só com esta questão, mas também com a educação sexual dos futuros trabalhadores, "para que as cidades não herdem o passivo de centenas de adolescentes grávidas, ao final das obras". O deputado quer realizar uma audiência pública em Alvorada.

Wander Borges, um dos autores do requerimento, disse que a audiência teve como objetivo assegurar o contraditório, destacando que o empreendimento é importante economicamente para o Estado, mesmo ponto de vista defendido por Fábio Avelar. O presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), lembrou que o debate é necessário para esclarecer não só a população, mas também os parlamentares.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Almir Paraca (PT), Wander Borges (PSB), Alencar da Silveira Jr. (PDT), Jayro Lessa (DEM), Dinis Pinheiro (PSDB), Weliton Prado (PT), Carlin Moura (PCdoB), Elmiro Nascimento (DEM) e Délio Malheiros (PV).

 

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