Meta de investimentos do PMDI até 2011 é de R$ 80 bilhões

A meta de investimentos até o ano de 2011 para implementar as ações previstas no Plano Mineiro de Desenvolvimento Int...

26/06/2007 - 00:01
 

Meta de investimentos do PMDI até 2011 é de R$ 80 bilhões

A meta de investimentos até o ano de 2011 para implementar as ações previstas no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) é de R$ 80 bilhões, sendo R$ 20 bilhões do Tesouro do Estado e o restante dos recursos distribuídos entre empresas públicas e iniciativa privada. Essas informações foram repassadas, em entrevista coletiva, nesta terça-feira (25/6/07), pelo coordenador executivo do Programa "Estado para Resultados", Tadeu Barreto Guimarães. Ele foi um dos expositores do Ciclo de Debates sobre o PMDI, que está sendo promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais durante todo o dia, no Plenário. A secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, participou da abertura do evento, que foi coordenado durante a manhã pelo presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, deputado Zé Maia (PSDB).

Conjunto de ações de planejamento de médio e longo prazos (2007/23) envolvendo governo, sociedade e iniciativa privada, o PMDI tramita na Assembléia de Minas sob a forma de um projeto de lei: o PL 1.026/07, que pode receber emendas até o dia 9 de julho. O ciclo de debates promovido pela ALMG tem, entre outros objetivos, apresentar o plano aos segmentos interessados - que poderão contribuir para aperfeiçoá-lo sob a forma de emendas. Conforme destacou o presidente do Legislativo, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), o ciclo pretende colher sugestões da sociedade civil organizada, a serem encaminhadas à análise das comissões de Fiscalização Financeira e Orçamentária e de Participação Popular - que estão à frente desse processo. "A Assembléia está sempre disposta a colaborar para aperfeiçoar os programas de governo, principalmente por meio do debate e da participação", destacou o presidente, que falou para um Plenário lotado de autoridades.

Na entrevista coletiva, Tadeu Barreto Guimarães explicou como se materializam as propostas elencadas no PMDI. O Protagonismo Juvenil, por exemplo, uma das 11 áreas de resultados, tem, entre seus objetivos, o de aumentar a capacidade dos jovens de concluírem seus estudos. Uma das metas é aumentar a taxa de conclusão do ensino médio nos jovens de 15 a 24 anos dos atuais 46,1% para 70% em 2011 e 100% em 2023. Para cumprir essa meta, um dos instrumentos será o programa Poupança Jovem, lançado em março deste ano. Ele pretende estimular a permanência e o bom desempenho de estudantes de escolas de áreas de risco com uma poupança que é resgatada após a conclusão do ensino médio. Para receberem o dinheiro, os estudantes terão que cumprir metas de rendimento escolar e participação em programas culturais e cursos profissionalizantes.

Deputados e sociedade encaminham sugestões

Presidente da Comissão de Participação Popular, o deputado André Quintão (PT) defendeu que o Estado coloque o ser humano no centro de suas preocupações e promova o desenvolvimento sustentado pautado na justiça social. Ao elogiar o PMDI, o parlamentar apresentou sugestões de aprimoramento, como a valorização dos conselhos deliberativos de políticas públicas; o fortalecimento das metas de erradicação do trabalho infantil; mais destaque para as políticas de segurança alimentar e de assistência social; e a proposta de acoplar o programa Poupança Jovem a ações de acompanhamento social. André Quintão ponderou que, apesar dos avanços, Minas ainda apresenta indicadores preocupantes, como o fato de apenas 46% dos jovens concluírem o ensino médio e de ser o 10º Estado em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

O parlamentar lembrou que o debate sobre o PMDI é uma espécie de "aquecimento" para a discussão do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), no 2º semestre. Com a duração de quatro anos, é o PPAG que traz os programas estruturadores (prioritários) e que dá visibilidade às políticas que o governo se compromete a implantar, estabelecendo metas e estratégias gerenciais e de captação de recursos. Ele lembrou que, desde 2003, a Assembléia tem aprofundado, em parceria com o Executivo, o debate sobre as leis orçamentárias, envolvendo a sociedade civil organizada.

Conselhos e Fica Vivo - Gláucia Barros, da Frente dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais, cobrou do Executivo iniciativas para efetivar a prestação de contas à população, destacando que o controle social fica prejudicado pela falta de informações. Na opinião dela, o PMDI não menciona estratégias para dar transparência à gestão nem se refere aos conselhos deliberativos de políticas públicas. Em resposta, Tadeu Barreto listou ações do Executivo para divulgar seus projetos, como o governo eletrônico. Defendeu que não cabe ao PMDI a referência aos conselhos, mas ponderou que o próprio plano é proposto por um conselho, o de Desenvolvimento Econômico e Social.

Em resposta à indagação de Ernani Leandro sobre o programa "Fica Vivo", iniciativa de prevenção social destinada a jovens de 14 a 24 anos, o representante do governo informou que ele permanece como projeto estruturador. A meta do governo é municipalizá-lo neste segundo mandato, informou. "Não é uma questão simples", reconheceu. Hoje são 30 núcleos que atendem 15 mil adolescentes.

Políticas para as mulheres, agências de desenvolvimento e portador de deficiência

A deputada Maria Lúcia de Mendonça (DEM) questionou se não seria importante constar no PMDI a previsão de políticas públicas específica para as mulheres. Tadeu Barreto afirmou que o tema é tratado no PMDI de maneira geral, mas lembrou que o Estado já desenvolve vários programas e ações nesse sentido. Já a deputada Elisa Costa (PT) defendeu a universalização das políticas, mesmo que se enfatizem algumas áreas em projetos específicos. Ela informou que apresentará emendas tratando da implantação de agências microrregionais de desenvolvimento, de planos de recuperação de bacias hidrográficas e da criação de consórcios públicos. Tadeu Barreto disse que os temas por ela abordados deverão ser debatidos no âmbito do PPAG.

Deficientes - O deputado André Quintão foi questionado sobre a existência, no PMDI, de projetos específicos para portadores de deficiência mental e autistas. Ele afirmou que no plano não há nada nesse sentido, mas lembrou a possibilidade de apresentação de emenda popular. Para o deputado, é necessário discutir se seria apropriado apresentar uma emenda com esse teor no PMDI ou se o momento adequado seria a discussão do PPAG. As emendas populares devem ser encaminhadas à Comissão de Participação Popular, que é responsável por avaliar a sua pertinência.

O deputado João Leite (PSDB) afirmou que o debate sobre o PMDI é um momento importante para Assembléia, governo e sociedade e demonstra que o Legislativo mineiro está aprimorando a participação social e avançando na criação de instrumentos de avaliação e de acompanhamento da execução orçamentária. Tadeu Barreto Guimarães concordou: disse que é perceptível o crescimento da participação popular nos debates promovidos pelo Legislativo. "A Assembléia está mostrando que ela pode ser efetiva e não apenas retórica."

Secretária defende agenda de desenvolvimento; "Estado para resultados" é detalhado

A secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, afirmou, no discurso de abertura, que o "Estado para Resultados" é um conceito que reúne as agendas econômica, social e fiscal. Ela defendeu uma agenda de desenvolvimento que se paute pela qualidade fiscal e gestão pública eficiente, alcançando-se metas econômicas sem negligenciar o social. Na avaliação da secretária, existe hoje uma falsa dicotomia entre as diferentes agendas. "Acreditar em dilemas intransponíveis é se conformar com o baixo desenvolvimento econômico", resumiu.

Complementando a fala da secretária, Tadeu Barreto Guimarães destacou que as premissas do "Estado para Resultados" são a qualidade fiscal e a gestão pública eficiente. Ele fez uma longa exposição sobre a metodologia utilizada para formulação do PMDI - que é proposto pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e elaborado pelo governo. Listou as 11 áreas de resultados e os cinco destinatários do plano, informando que cada área de resultado será alvo da intervenção de um grupo de projetos estruturadores. Até o final deste semestre, acordos de resultados estarão assinados com as diferentes secretarias de Estado, para "contratualização das estratégias".

Em vez de objetivos prioritários, o PMDI define 11 áreas de resultados, com objetivos, indicadores e projetos estruturadores para cada uma delas. As áreas de resultados incluem educação de qualidade; vida saudável; protagonismo juvenil; investimento e valor agregado da produção; inovação, tecnologia e qualidade; logística de integração e desenvolvimento; redução da pobreza e inclusão produtiva; rede de cidades e serviços; qualidade ambiental; desenvolvimento do Norte de Minas, Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce; e defesa social. Os destinatários das políticas públicas foram organizados em cinco eixos estratégicos, que englobam o atingimento destes resultados: "pessoas instruídas, saudáveis e qualificadas"; "jovens protagonistas"; "empresas dinâmicas e inovadoras"; "eqüidade entre pessoas e regiões" e "cidades seguras e bem cuidadas".

Entre as metas do governo para 2023, estão: universalizar o acesso de domicílios a redes de esgoto ou fossa séptica; ampliar para 90% o acesso à disposição adequada do lixo; acabar com as restrições às exportações mineiras de carne; elevar de seis para 43 o número de cursos de pós-graduação de Minas Gerais com nota sete na Capes; reduzir a taxa de crimes violentos contra o patrimônio, dos atuais 450 casos por 100 mil habitantes para 136; ampliar para 100% o percentual de professores com curso superior no ensino médio e de 5ª à 8ª séries; e aumentar para nove e 12 anos a escolaridade média do jovens de 15 e 18 anos, respectivamente.

Avaliação - Na segunda parte do ciclo, falaram o professor titular do Departamento de Demografia da UFMG, Eduardo Rios Neto, integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social; e o economista sênior do Banco Mundial, Pedro Olinto. Eduardo Rios Neto relatou casos de avaliação de impacto, citando o Plano Estadual de Qualificação Profissional (Planfor), do governo Eduardo Azeredo, e o programa Bolsa Família. Avaliado entre 1996 e 2000, o Planfor apresentou, segundo o pesquisador, um pequeno impacto positivo sobre a escolaridade média dos treinandos, de 0,37 a 0,7 ano adicional de estudo (um ano de estudo por década). No caso do Bolsa Família, ele conseguiu reter as crianças na escola, aumentando a freqüência escolar e reduzindo a evasão. Não teve o mesmo impacto, porém, na promoção escolar. "É preciso uma política escolar que motive o desempenho educacional. Caso contrário, se corrobora a repetência", avaliou.

Pedro Olinto, economista do Banco Mundial, explicou a metodologia do Monitoramento e Avaliação baseados em Resultados (M&A - BR), destacando que hoje o consenso é que a gestão pública eficiente é condição para o desenvolvimento social e econômico. Nesse sentido, elogiou o governo de Minas. Segundo Olinto, o M&A - BR é uma ferramenta que ajuda os gestores a monitorarem o progresso e a demonstrarem o impacto de programas e políticas públicas. Explicou que, nesse processo, não basta concluir as atividades estipuladas, mas conseguir avaliar se melhoraram ou pioraram os indicadores de interesse relativos a determinada política pública. Um fluxo de informações "rápido, freqüente e crível" é o grande desafio, concluiu.

 

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