Escolas públicas não estão preparadas para receber deficientes

As escolas públicas de Minas Gerais não possuem infra-estrutura adequada para atender alunos com deficiência mental o...

25/06/2007 - 00:00
 

Escolas públicas não estão preparadas para receber deficientes

As escolas públicas de Minas Gerais não possuem infra-estrutura adequada para atender alunos com deficiência mental ou autistas. Essa foi a tônica das reclamações que pais de crianças com tais deficiências apresentaram, na tarde desta segunda-feira (25/6/07), na reunião da Comissão Especial para o Estudo da Atenção à Pessoa com Transtorno Mental, Deficiência Mental ou Autismo da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O tema do encontro foi "Infra-estrutura das escolas públicas", com os subtemas "necessidades de adaptação do espaço escolar", "orçamento público", "transporte escolar" e "prioridades".

A presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais (Apape), Estela Mares Guillen de Souza, sugeriu que o Estado estabelecesse parcerias público-privadas com escolas especializadas para corrigir a carência e incluísse os investimentos no orçamento estadual. Estela reclamou, também, da ausência de transporte para os portadores de deficiência mental e afirmou que isso inviabiliza o atendimento a muitas dessas pessoas. "Eu mesma já fui expulsa de táxi por causa do comportamento de meu filho. Sei de casos de mães que não podem nem trabalhar porque não têm como transportar seus filhos", relatou.

Ela voltou a reclamar da falta de escolas especializadas e disse não entender porque essas instituições especiais são consideradas exclusivas, e não como ferramentas para os casos mais graves. "Os deficientes estão perdendo cada vez mais o espaço", lamentou.

Líbia Gonçalves Dias, mãe de Luna Rose Gonçalves Ferreira, de 17 anos, fez um depoimento emocionado sobre a negligência com sua filha. A menina estuda na Escola Municipal Caio Líbano, em Belo Horizonte, numa sala com adolescentes e adultos em liberdade vigiada, ou seja, infratores que estão sendo ressocializados. Ela tentou fazer a transferência para uma escola estadual próxima de sua casa, mas foi informada de que Luna teria que estudar à noite porque durante o dia não poderia fazer parte da turma com crianças de 12 e 13 anos. "Eu temo pela segurança dela. Isso não é escola inclusiva; é exclusiva", desabafou.

Representante do governo admite custo alto

O deputado Walter Tosta (PMN), que é paraplégico há 33 anos, reconheceu que tem havido avanços para a inclusão de deficientes na sociedade, mas considera ainda muito pouco e ressalvou que os projetos são mais voltados para deficientes físicos. "De fato, precisamos de políticas públicas especiais para os portadores de deficiência mental e autismo", sugeriu. Segundo o parlamentar, existem muitas leis voltadas para a questão, mas que não são devidamente implantadas. "É preciso que sejam colocadas em prática", disse.

A diretora de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação, Ana Regina de Carvalho, admitiu que a adaptação das escolas para o atendimento às pessoas com necessidades especiais é difícil porque é uma ação cara. Lembrou que Minas tem quase 4 mil escolas que precisam permanentemente de recursos. Segundo ela, o governo estadual tem priorizado obras para melhorar a acessibilidade nas escolas do Projeto Incluir e as localizadas na região Norte, onde existem prédios em condições mais precárias.

Quanto ao transporte, Ana Regina explicou que essa é uma responsabilidade dos municípios e que o Estado contribui com recursos ou veículos numa ajuda complementar às prefeituras. Não há qualquer programa de transporte para alunos com deficiência. "Depende de cada prefeitura, não há uma regra geral".

A deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), que presidiu a reunião, alertou que o governo sozinho não consegue resolver todos os problemas. "É preciso ter o clamor e a participação da sociedade". A deputada, que é a relatora da comissão, disse que pretende fazer de seu relatório não apenas mais "um escrito", e, sim, sugestões executáveis. Maria Lúcia Mendonça pretende antecipar a apresentação do parecer para o dia 12 de julho, quatro dias antes da data prevista.

Presenças - Deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), que presidiu a reunião; deputado Walter Tosta (PMN), os convidados citados na matéria e o coordenador de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência (Caade), Flávio Couto de Oliveira.

 

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