Comissão discute medidas para fortalecer cooperativismo

Parlamentares que integram a Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Ge...

21/06/2007 - 00:00
 

Comissão discute medidas para fortalecer cooperativismo

Parlamentares que integram a Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais farão um apelo à Câmara de Deputados para cobrar a votação do projeto que institui a política nacional do cooperativismo, que está tramitando há 18 anos no Congresso. A iniciativa foi proposta em requerimento do deputado Padre João (PT), vice-presidente da comissão, e foi um dos resultados de reunião com convidados, realizada nesta quinta-feira (21/6/07), também a requerimento do deputado petista, para discutir providências para desenvolver o cooperativismo como instrumento para reverter a perda de renda dos produtores agrícolas. Na mesma reunião, foram aprovados quatro pareceres favoráveis a projetos de lei (PLs).

O PL 530/07, do deputado Padre João, que fixa critérios para pulverização por via aérea de inseticidas, herbicidas e congêneres, foi um dos que teve parecer de 1º turno aprovado. O parecer, do deputado Chico Uejo (PSB), foi pela aprovação na forma do substitutivo no 1, da Comissão de Constituição e Justiça. Conforme o substitutivo, o projeto altera a Lei 10.545, de 1991, que regulamenta a produção e comercialização de agrotóxicos no Estado. O texto determina apenas que os órgãos competentes estabelecerão normas técnicas para a pulverização aérea de agrotóxicos, retirando a especificação de multas e distâncias mínimas propostas no texto original.

Também em 1º turno, foi aprovado parecer ao PL 630/07, do deputado Weliton Prado (PT), que dispõe sobre a Política Estadual de Agroindústria Familiar. O relator, deputado Chico Uejo (PSB), afirmou que as providências propostas pelo projeto estão parcialmente previstas na Lei 16.680, de 2007, e por isso, apresentou o substitutivo nº 1, de forma a transformar o projeto em uma alteração à referida lei. Com a alteração, ficaram prejudicadas as emendas nºs 1 e 2 que haviam sido aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça.

De acordo com Chico Uejo, o substitutivo aprovado pretende deixar claro o apoio aos produtores da agricultura familiar. O deputado Vanderlei Jangrossi (PP) defendeu que, no 2º turno, a comissão aprimore mais o projeto, por se tratar de assunto de extrema importância. Jangrossi foi cumprimentado pelos demais integrantes da comissão, por estar participando de sua primeira reunião após ter reassumido vaga na Assembléia, como suplente. Também foram aprovados, em turno único, outros dois projetos de lei e um requerimento que dispensam a apreciação do Plenário.

Debate sobre cooperativismo gera cinco requerimentos

Além da cobrança, ao Congresso, sobre a votação do projeto que institui a política nacional do cooperativismo, a comissão aprovou outros quatro requerimentos como resultado do debate sobre associativismo e a crise que atinge os produtores agrícolas. Também de autoria do deputado Padre João, foi aprovado requerimento para visita ao Rio Grande do Sul, na região das Missões, para conhecer a implantação de projetos de microdestilarias, desenvolvidos, em parte, com recursos da Petrobras.

Os outros três requerimentos são de autoria do deputado Antônio Carlos Arantes (PSC). Um deles propõe debate público para discutir uma agenda política e técnica para enfrentar a crise nos setores produtivos do agronegócio brasileiro e mineiro. Outro requer o envio de ofício à Secretaria de Estado de Educação solicitando maior apoio ao Projeto "Cooperativismo nas Escolas de Ensino Médio", desenvolvido pelo Estado em parceria com a Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg); e o terceiro solicita visita à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná e ao Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), na cidade de Maringá, com o objetivo de conhecer a mini-usina e o programa de biodiesel daquele Estado.

O contraste entre o crescimento do agronegócio e o empobrecimento dos produtores agrícolas deu o tom do debate com os convidados. O cooperativismo foi apontado, tanto pelos deputados como pelas demais autoridades, como a melhor alternativa para combater esse empobrecimento. Entre os dados que mais chamaram atenção, estão os apresentados pelo presidente da Ocemg, Ronaldo Scucato, a partir de estudo da FAO, agência das Nações Unidas para a agricultura e alimentos. De acordo com o estudo, que se restringiu aos países emergentes, apenas 11% da riqueza produzida pelo agronegócio fica com o setor primário da economia, ou seja, com os produtores agrícolas. O setor terciário, ou seja, o comércio, fica com 22% da riqueza, enquanto o setor secundário, representado principalmente pelas transnacionais responsáveis pelo processamento industrial dos alimentos, fica com 67% da riqueza.

Outro exemplo dessa distorção foi oferecido pelo chefe da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura do Estado (Faemg), Rodolfo Osório de Oliveira. Ele afirmou que, atualmente, apenas 8% da renda obtida pela cadeia produtiva do café vai para o produtor rural. "Há 20 anos, eram 30%", afirmou o representante da Faemg.

Organização das Cooperativas cobra reforma legal e apoio

Para combater o domínio da indústria alimentar sobre o restante do agronegócio, Ronaldo Scucato cobrou um fortalecimento do cooperativismo, por meio da aprovação, em nível federal, de um novo marco regulatório para o setor, que já aguarda há 18 anos por essa providência. "Precisamos de seguro rural, financiamento, capacitação, educação. No Brasil, costumamos ter um discurso solidário e uma prática solitária. Só 10% da população está ligada ao cooperativismo, enquanto nos países desenvolvidos, são 40%", afirmou o dirigente.

Para exemplificar o potencial do cooperativismo na defesa dos interesses do agricultor, Scucato citou o exemplo da Dinamarca, onde quase todos os produtos lácteos comercializados são provenientes de uma grande cooperativa nacional. Quase não são vendidos produtos de transnacionais. O caso também foi utilizado pelo presidente da Ocemg para ilustrar a importância da aglutinação de cooperativas em grandes organizações de âmbito nacional. "Só aqui em Minas Gerais, temos 130 cooperativas de laticínios. As pequenas cooperativas serão engolidas pelas multinacionais", previu. Outro argumento em favor da união das cooperativas, segundo ele, é o ganho de escala de produção, que evita a formação de pequenas organizações dependentes de subsídios. "Cooperativa é negócio. Nada contra a filantropia, mas ela não se exerce dentro das cooperativas", salientou Scucato.

O deputado Padre João afirmou que o grande problema das cooperativas, em sua avaliação, ainda é a falta de uma legislação adequada. "A lei favorece mais a microempresa do que a cooperativa, em termos de impostos, capacitação, capacidade de endividamento", afirmou. Um dos casos graves, para o deputado, é o da pedra sabão, em que indústrias recebem permissão para explorar e exportar o mineral bruto, enquanto grupos de trabalhadores com 200 anos de atuação e história têm dificuldade para manter a atividade que gera um produto com valor agregado, o artesanato.

Antônio Carlos Arantes defendeu a articulação de cooperativas para produção de álcool combustível, seguindo o modelo do leite. "O sistema econômico agride cada vez mais o pequeno. Temos a responsabilidade de cobrar do governo uma ação mais forte", defendeu. Ele citou a Ocemg como um exemplo de competência para o próprio setor público, ao coordenar 800 cooperativas com um efetivo de apenas 25 pessoas.

O deputado Vanderlei Jangrossi parabenizou os colegas de comissão pela iniciativa de propor o estudo de experiências em que o cooperativismo se associa à produção de combustíveis renováveis. Ele citou o Estado de São Paulo como um exemplo da importância do etanol para a economia. O deputado Chico Uejo, por sua vez, destacou dados que confirmam o setor agrícola como o maior criador de empregos do país. "A questão trabalhista é um dos maiores gargalos do setor", afirmou o parlamentar.

Presenças - Deputado Padre João (PT), vice-presidente; deputados Antônio Carlos Arantes (PSC), Vanderlei Jangrossi (PP), Chico Uejo (PSB), Getúlio Neiva (PMDB), Weliton Prado (PT) e Doutor Rinaldo (PSB). Além das autoridades citadas na matéria, participaram o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez; a diretora de Cooperativismo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Miranda Maia Prado; o gerente do Departamento Técnico da Emater, Feliciano Nogueira de Oliveira; a analista da Área de Educação, Empreendedorismo e Cooperativismo do Sebrae, Cacilda Nacur Lorentz Thusek; o gerente técnico da Ocemg, Carlos Eduardo Ávila Borges.

 

 

 

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