ALMG discute novas oportunidades de emprego no setor ambiental

A preocupação em aliar desenvolvimento ambiental sustentável com geração de emprego e renda levou deputados da Assemb...

21/06/2007 - 00:03
 

ALMG discute novas oportunidades de emprego no setor ambiental

A preocupação em aliar desenvolvimento ambiental sustentável com geração de emprego e renda levou deputados da Assembléia Legislativa de Minas Gerais a Ipatinga, cidade de 227 mil habitantes, no Vale do Aço, nesta quinta-feira (21/6/07). Participaram da audiência pública, realizada na Câmara Municipal da cidade, deputados das comissões de Meio Ambiente e Recursos Naturais e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social e da Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe Rio Doce). Cerca de 150 pessoas, que lotaram o auditório da Câmara, ouviram do prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão, que a cidade tem 30 mil desempregados e ouviram dos especialistas as diversas possibilidades de geração de emprego e renda na área ambiental.

Mas para criar essas novas oportunidades de emprego, segundo a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, são necessárias mudanças culturais, nas leis e nas políticas públicas, nos setores tributário, de meio ambiente e econômico. Para ela, o mercado de crédito de carbono tem o grande potencial de geração de emprego nessa área. Maria Dalce citou ainda números que mostram que a economia ambiental sustentável já criou 14 milhões de empregos em todo o mundo. "A geração de empregos através da preservação do meio ambiente tem aumentado significativamente, apesar de existirem poucos dados. O processo se iniciou com a exigência de licenciamento ambiental de empreendimento potencialmente degradador e se fortaleceu com ações da sociedade civil", afirmou.

Maria Dalce afirmou ainda que somente a reciclagem processa, no mundo, mais de 600 milhões de toneladas de materiais anualmente e emprega mais de 1,5 milhão de pessoas. No Brasil, o faturamento anual da reciclagem é de R$ 1,4 bilhão. "A coleta é vista como uma atividade marginal. Temos que mudar esse conceito", disse Maria Dalce, ao defender a importância do poder público como estimulador de oportunidades. "Se nós tivéssemos uma coleta seletiva obrigatória no País, imaginem o aumento da geração de renda que poderíamos produzir", alertou.

O gerente de Meio Ambiente do Sistema Fiemg, Wagner Soares Costa, também destacou a diversificada cadeia de empregos que pode ser produzida a partir da preservação ambiental. Destacou os exemplos apresentados por Maria Dalce, nos quais podem surgir empregos nas áreas de: estudos ambientais, formação de profissionais, reciclagem, mercado de crédito de carbono, recuperação de áreas com erosão e florestas, destinação de resíduos, adoção de fontes energéticas alternativas e turismo. Wagner Costa defendeu ainda o aumento dos trabalhos de empreendedorismo na área e criticou o excesso de tributos para os produtos reciclados e apontou a falta de mão-de-obra especializada no setor e de laboratórios capacitados para a área ambiental.

Sugestões da reunião serão enviadas às autoridades

No início da reunião, a autora do requerimento para a audiência pública e presidente da Comissão do Trabalho, deputada Rosângela Reis (PV), também destacou que a preservação ambiental tem se tornado fonte de trabalho e citou setores como de fabricação de biojóias, artesanato de palha, engenharia florestal, biológico, ecoturístico e hotereiro. "São inúmeras oportunidades no mercado de trabalho. Com esta audiência pública, queremos chamar a atenção para as enormes possibilidades que temos na nossa região e no nosso Estado", afirmou Rosângela Reis. "É um tema de fundamental importância, que não está longe de nós, faz parte de nossas vidas", completou, ao lembrar que Ipatinga tem hoje 172m² de área verde por habitante.

O vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Fábio Avelar (PSC), falou que os trabalhos que estimulam a preservação do meio ambiente apresentados durante a audiência pública serão encaminhadas para as autoridades estaduais e municipais do setor ambiental. Fábio Avelar também parabenizou a deputada Rosângela Reis pela realização da reunião e lembrou que o Projeto de Lei 952/07, do deputado Roberto Carvalho (PT), que está tramitando na ALMG, prevê a criação da "bolsa verde", que irá criar condições financeiras para a preservação do meio ambiente.

O deputado Ronaldo Magalhães (PSDB) destacou a importância da realização da audiência pública, que trouxe idéias de preservação do meio ambiente e despertou nas pessoas a importância na geração de renda e trabalho na área ambiental. Como representante da Cipe Rio Doce, Ronaldo Magalhães informou que, dos 230 municípios que fazem parte da bacia, 30 serão imediatamente beneficiados com ações de tratamento de esgoto. Ele também informou que irá buscar parte dos recursos do Fundo de Recuperação e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas (Fhidro) para a preservação da Bacia do Rio Doce.

Já o deputado Walter Tosta (PMN) parabenizou a sociedade de Ipatinga pela participação na audiência pública e lembrou que a responsabilidade de preservar o meio ambiente é de todos. "Se não tivermos consciência e educação na questão ambiental, seremos prejudicados pela ação do homem. É um projeto longo e lento e que depende da participação de todos nós e não só do Poder Público", concluiu.

Estado apresenta ações para preservação ambiental

Algumas ações do Estado na área de preservação ambiental e geração de emprego e renda foram apresentadas pela consultora da Gerência de Saneamento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Vera Lanza. Entre essas ações, ela destacou as voltadas para o saneamento por meio de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta, transporte e disposição final de resíduos sólidos e drenagem urbana.

Apresentou números que mostram a situação dos resíduos sólidos produzidos em Minas, que respondem por 10% dos gerados no País. Segundo Vera Lanza, em 2001, 823 municípios mineiros depositavam lixo de maneira inadequada. Em 2006, esse número caiu para 520 municípios. "Ainda é muito. Temos uma meta que é erradicar os lixões em 2011", afirmou ao alertar que a Feam e o Estado não vão atingir esse objetivo sem a participação de todos e da sociedade.

Nesse sentido, ela destacou que foi criado, no dia 12 de junho último, o Centro Mineiro de Referência de Resíduos, que vai atuar como núcleo irradiador de informações, projetos e parcerias, com o objetivo de estimular a reflexão e a ação da cidadania no setor. De acordo com a consultora da Feam, os eixos de atuação do centro serão: a qualificação profissional, a comunicação e informação, o apoio à gestão municipal, a educação ambiental e a pesquisa e o desenvolvimento. Informou ainda que 102 municípios do Estado recebem incentivo por meio do ICMS ecológico, por adotaram sistemas adequados de tratamento de resíduos.

Já o presidente da Câmara Municipal de Ipatinga, Nardyello Rocha de Oliveira, agradeceu a oportunidade de discutir esse assunto e afirmou "ter muita fé que este debate vai encaminhar soluções para preservar a vida e a auto-estima do cidadão para geração de emprego e renda". Para o prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão, existem hoje duas cidades: uma rica e outra pobre. Ele parabenizou a deputada Rosângela Reis pela iniciativa de mobilizar a sociedade.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, que presidiu a reunião; Rosângela Reis (PV), presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social; Walter Tosta (PMN) e Ronaldo Magalhães (PSDB) Além das autoridades citadas na matéria, estiveram presentes diversos prefeitos, vereadores e autoridades da região.

 

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