Assembléia homenageia ambientalista em reunião de Plenário

O ambientalista e professor Ângelo Machado, reconhecido internacionalmente por suas contribuições pela preservação da...

14/06/2007 - 00:00
 

Assembléia homenageia ambientalista em reunião de Plenário

O ambientalista e professor Ângelo Machado, reconhecido internacionalmente por suas contribuições pela preservação da natureza, foi homenageado nesta quinta-feira (14/6/07) pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que interrompeu a Reunião Ordinária do Plenário para lembrar o Dia Internacional do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho. Emocionado, Ângelo Machado disse que essa é a mais importante homenagem que recebeu, porque a Assembléia representa o povo mineiro.

O autor do requerimento pela reunião, deputado Fábio Avelar (PSC), destacou a atuação do homenageado, que tem mais de 100 trabalhos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais, além de sete livros técnicos, sobretudo sobre libélulas e espécies ameaçadas de extinção. Por seu trabalho, Ângelo Machado já recebeu muitas premiações e foi homenageado por zoólogos do Brasil e do mundo com a escolha de seu nome para identificar 27 espécies, principalmente de insetos. O deputado resumiu a escolha do ambientalista, a quem considerou "um extraordinário agente a serviço do meio ambiente", por ter dedicado sua vida ao ensino e à pesquisa em duas áreas: neuroanatomia e zoologia.

O deputado João Leite (PSDB), que conduziu a reunião como representante do presidente da ALMG, Alberto Pinto Coelho (PP), lembrou a atuação de Ângelo Machado na criação de importantes parques mineiros, como o da Serra do Cipó e o Grande Sertão Veredas. Disse que a homenagem a ele significava o reconhecimento da Assembléia ao trabalho de toda uma geração de ambientalistas que nos levaram a pensar em soluções de desenvolvimento sustentável. Segundo o parlamentar, se hoje a preservação do meio ambiente é defendida, isso se deve "ao alerta pioneiro" de pessoas conscientes, entre elas o professor homenageado.

Luta incansável - Ângelo Machado nasceu em Belo Horizonte e graduou-se em Medicina. Fez doutorado na UFMG e pós-doutorado na Northwestern University, em Chicago. É professor emérito da UFMG em neuroanatomia e zoologia e mantém, voluntariamente, o trabalho de pesquisa e ensino no Departamento de Zoologia da universidade.

Entre suas contribuições para o meio ambiente e a ciência, Machado foi responsável pela descoberta de quatro gêneros e 48 espécies de libélulas. Além dos trabalhos científicos e pesquisa, também se dedicou à educação ambiental, com atenção às crianças. Já fez cerca de 200 palestras em quase todos os estados brasileiros e conta com 35 livros infanto-juvenis e sete peças teatrais. É autor, ainda, da maior bilheteria do teatro mineiro, a comédia "Como sobreviver em festas com bufê escasso".

Em seu discurso, o ambientalista disse que conheceu o deputado Fábio Avelar, autor do requerimento da reunião, ao solicitar à Copasa, empresa onde o parlamentar trabalhou, licença para coletar libélulas nas reservas da companhia. "Mas o que talvez o Fábio não saiba é que as coletas que fiz nessas reservas resultaram na descoberta de duas espécies novas de libélulas", revelou. Uma das espécies está na lista da fauna brasileira ameaçada de extinção e que só não desapareceu graças ao cuidado que a companhia tem com suas reservas.

Machado relatou a grande mudança que acompanhou no Brasil e em Minas nos últimos 35 anos. "Houve a institucionalização da variável ambiental nos governos e nas empresas. Hoje não é mais aceitável governos sem ministério ou secretaria de meio ambiente, ou empresa de grande porte sem um departamento de meio ambiente".

Ao encerrar seu discurso, o ambientalista fez um convite aos deputados que, segundo ele, é o que recomenda Diadorim - personagem de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa: "olhar a natureza com um todo carinho".

Soluções emergentes - Os dois parlamentares que discursaram durante a reunião de homenagem ao Dia do Meio Ambiente, lembraram os problemas atuais que afetam a humanidade, com destaque para o aquecimento global e as mudanças climáticas.

O deputado Fábio Avelar destacou as ondas de calor no continente europeu, com temperaturas de até 40 graus centígrados, os ciclones que começam a atingir o Brasil, o aumento dos desertos e os fenômenos que provocam mortes e destruição em partes diferentes do planeta, tudo conseqüência do lançamento de poluentes na atmosfera. Ressalvou que os acontecimentos não o desanimam: "Ao contrário, nos estimulam e impulsionam rumo à luta".

João Leite salientou as previsões de que, até o final do século, 160 milhões de pessoas vão sofrer com a redução da água na América Latina e que haverá queda de 50% da produção agrícola. Também destacou os 25 milhões de "refugiados do clima", pessoas que se deslocam dos locais de origem em função das mudanças ambientais. De acordo com o deputado, eles podem superar o número de refugiados de guerra. Para João Leite, as políticas públicas são necessárias "para que acertemos nossas contas com a natureza".

Mesa - Além do homenageado e dos deputados, compuseram a mesa da reunião a vereadora Elaine Matozinhos (PTB), representando a Câmara Municipal de Belo Horizonte; o professor Eugênio Batista Leite, da Pontifícia Universidade Católica (PUC); o representante da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), Ivan Arruda de Oliveira; o subsecretário de Gestão Ambiental Integrada da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Ilmar Bastos; o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), José Antônio Cunha Melo; a presidente da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas; e o diretor de Gestão Corporativa da Copasa, Gelton Palmieri Abud.

 

 

 

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