Proposta sobre mercados distritais passa pela
CCJ
Está pronto para ser analisado pela Comissão de
Cultura da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em 1º turno, o
projeto que declara como patrimônios históricos e culturais de Minas
Gerais os mercados distritais do Cruzeiro e de Santa Tereza, em Belo
Horizonte. Ele foi apreciado nesta terça-feira (12/6/07) pela
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tendo sido aprovado
parecer pela constitucionalidade, sem emendas, do deputado Hely
Tarqüínio (PV). De autoria de 19 deputados, tendo como primeiro
signatário o deputado João Leite (PSDB), o Projeto de Lei (PL)
1.016/07 estará pronto para ser discutido e votado pelo Plenário
depois de passar pela Comissão de Cultura. Ainda não foi agendada
reunião dessa comissão para analisar a matéria.
Apresentado pelos parlamentares depois de audiência
pública promovida em 26 de abril pela Comissão de Direitos Humanos,
o projeto determina que caberá ao Poder Executivo a adoção das
medidas cabíveis para registro dos bens culturais. Nessa audiência,
comerciantes e freqüentadores, incluindo artistas, demonstraram
preocupação quanto à possibilidade de fechamento dos espaços
públicos. Em 10 de maio, a comissão percorreu as instalações dos
mercados e se mobilizou para demonstrar o apoio da ALMG à causa dos
feirantes. Segundo informações repassadas pelos feirantes aos
deputados, a Prefeitura de Belo Horizonte pretende construir um
quartel da Guarda Municipal em Santa Tereza e um estacionamento no
Cruzeiro.
Deputado sugere cuidado na análise do projeto;
autores defendem idéia
Na CCJ, deputados discutiram a eficácia da
proposição. O deputado Sebastião Costa (PPS) destacou que não é
contrário ao PL 1.016/07, mas ponderou que é preciso ter cuidado
quanto à sua eficácia. "Não pode ser uma lei a mais", disse,
questionando de quem seria a competência para implantar a medida.
Ele defendeu que não aconteça intromissão do Legislativo estadual no
Poder Executivo municipal, ao mesmo tempo em que enfatizou ser
preciso preservar a autonomia dos poderes federados. Foi por
sugestão do deputado Sebastião Costa que a CCJ solicitou informações
ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e
à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) sobre a
conveniência técnica da medida e encargos do imóvel.
Tanto o relator da matéria na CCJ, deputado Hely
Tarqüínio (PV), quanto alguns dos autores - deputados João Leite
(PSDB), Fábio Avelar (PSC) e Wander Borges (PSB) - defenderam a
proposição. Para Tarqüínio, o PL 1.016/07 representa o desejo de
grande parte da população do Estado. Em resposta a Sebastião Costa,
citou que haveria um decreto de 1937 permitindo ao ente estadual
tombar patrimônio do ente municipal. Assim como Costa, sugeriu, por
outro lado, que o projeto seja melhor discutido nas comissões de
mérito, quando as informações dos órgãos de governo deverão ter
chegado à Assembléia.
O deputado João Leite (PSDB) discordou de Sebastião
Costa, afirmando que a questão é de âmbito estadual, legal e tem
grande apoio popular. Ele lembrou que atitude semelhante foi tomada
quando a Assembléia promoveu, em lei, a criação da Estação Ecológica
do Cercadinho (Lei 15.979, de 2006). A atitude de proteger o
manancial do Cercadinho, em Belo Horizonte, impediu, segundo ele, a
construção de empreendimento imobiliário de 12 torres de
apartamentos entre a Capital e Nova Lima. O deputado Wander Borges
(PSB), outro autor, lembrou que, quando era prefeito de Sabará,
promoveu o tombamento de um pontilhão sobre o rio das Velhas, que
pertencia à antiga Rede Ferroviária Federal. A empresa recorreu na
Justiça, e a causa foi favorável ao município em todas as
instâncias, segundo o parlamentar.
Emenda em Plenário - Já o
deputado Fábio Avelar (PSC), também signatário do projeto, defendeu
o PL e informou que apresentará emenda em Plenário para tornar clara
que a finalidade maior da proposição é fortalecer a economia dos
mercados, agregando ao comércio atividades ligadas à cultura e à
história dos bairros de Santa Tereza e Cruzeiro. Para isso, a emenda
determina que são objetivos da declaração: preservar a tradição e a
cultura desenvolvidas nas áreas dos mercados e entornos; e permitir
a revitalização econômica e ambiental das áreas ocupadas pelos
mercados pela agregação de atividades correlatas à tradicionalmente
desenvolvidas ali.
Sobre os locais - O mercado
distrital de Santa Tereza já teve 99 boxes, mas hoje conta com
apenas 15 feirantes. Trabalham no local cerca de 120 pessoas
(somando-se os funcionários de um supermercado dentro de suas
dependências). Atualmente, existem 36 boxes desocupados, mas segundo
os feirantes haveria pelo menos 74 pessoas interessadas em
ocupá-los. Já os comerciantes do mercado distrital do Cruzeiro
ficaram sabendo pela imprensa que existe a intenção de transformar o
espaço em uma espécie de centro gastronômico. Longe da situação de
abandono de Santa Tereza, o mercado do Cruzeiro tem 58 lojas em
atividade e recebe cerca de 8 mil pessoas semanalmente.
Os autores do PL 1.016/07 são os deputados João
Leite (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Durval Ângelo (PT), Ademir
Lucas (PSDB), Fábio Avelar (PSC), Walter Tosta (PMN), Gustavo
Valadares (DEM), Gláucia Brandão (PPS), André Quintão (PT), Elmiro
Nascimento (DEM), Doutor Rinaldo (PSB), Carlin Moura (PCdoB), Maria
Lúcia Mendonça (DEM), Agostinho Patrús Filho (PV), Domingos Sávio
(PSDB), Gustavo Corrêa (DEM), Wander Borges (PSB), Ronaldo Magalhães
(PSDB) e Délio Malheiros (PV). Na justificativa, os deputados
destacam que "mercados como os distritais de Santa Tereza e do
Cruzeiro, o municipal de Diamantina e o central de Belo Horizonte
fazem parte da história das cidades, compondo o patrimônio cultural
de nosso povo".
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