Comissão Especial sobre transtorno mental será prorrogada

O número de alunos especiais matriculados em escolas estaduais não chega a 90 mil. Esse foi o único dado numérico apr...

11/06/2007 - 00:01
 

Comissão Especial sobre transtorno mental será prorrogada

O número de alunos especiais matriculados em escolas estaduais não chega a 90 mil. Esse foi o único dado numérico apresentado pela diretora de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, Ana Regina de Carvalho, nesta segunda-feira (11/6/07), durante a quarta reunião com convidados da Comissão Especial para o Estudo da Atenção à Pessoa com Transtorno Mental, Deficiência Mental ou Autismo da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Ana Maria falou sobre o Projeto Incluir, do governo do Estado, que tem como objetivo preparar as escolas públicas para receber alunos com deficiências. A apresentação foi seguida de debate.

Ainda na reunião, foi aprovado requerimento do deputado Célio Moreira (PSDB), presidente da comissão, que pediu a prorrogação dos trabalhos por mais 30 dias, a partir da semana que vem. Ele também avisou que retirou de tramitação o Projeto de Lei (PL) 652/07, de sua autoria, que obriga o governo a proporcionar tratamento especializado, educação e assistência específica a todos os portadores, independentemente da idade. A proposição recebeu parecer da Comissão de Constituição e Justiça pela inconstitucionalidade e aguardava inclusão na ordem do dia do Plenário para análise do parecer. "Vamos aguardar o relatório final da comissão e estabelecer o diálogo com o governo do Estado", afirmou o deputado, que frisou a necessidade de se chegar a um resultado prático que auxilie as famílias com crianças e adolescentes com necessidades especiais.

"Reconhecemos a importância do projeto Incluir, não estamos aqui para combatê-lo", enfatizou o deputado Célio Moreira. A diretora de Educação Especial Ana Regina de Carvalho afirmou que o desafio do projeto, que tem a participação de 893 escolas nos 853 municípios do Estado, é prestar mais atendimentos de orientação inclusiva nas escolas do Estado, a fim de evitar a concentração de matrículas de alunos especiais em instituições especializadas. O projeto foi elaborado em 2004 e colocado em prática a partir de 2005. "A organização de uma rede de escolas públicas em condições de atender a demanda da educação inclusiva é o nosso objetivo, e a implementação é gradativa", informou Ana.

Entre as ações do projeto estão o repasse de recursos para materiais adaptados, a reforma de escolas com ampliações e adaptações de acessibilidade e o processo de licitação de instituições de ensino superior para a capacitação de profissionais das escolas do projeto. Ana Regina lembrou as realidades regionais diferenciadas, o preconceito e a discriminação em relação ao tema e o custo elevado do projeto como algumas das dificuldades enfrentadas. "Tivemos reforma que chegou a custar R$ 1 milhão, bem mais que o previsto." Até agora o orçamento prevê R$ 15 milhões para o Projeto Incluir.

A maioria do convidados alertou para a necessidade de um relatório final da comissão criterioso e com conteúdo para subsidiar a política do Estado voltada para os alunos especiais. A representante da Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Infância e Juventude, Cíntia Maria Oliveira de Lucena, questionou a falta de números sobre o tema. "Quem são essas crianças? Quantas são? Onde estão elas? É preciso um diagnóstico. O Estado tem a obrigação de apresentar dados. Além disso, temos carência de profissionais multidisciplinares em várias regiões do Estado, sobretudo no Norte", disse. Ana Regina, da Secretaria de Estado de Educação, disse que o governo tem dados baseados nas matrículas escolares, tanto da rede pública quanto das instituições conveniadas e das escolas particulares. Ela prometeu trazê-los na próxima reunião.

Vários pais de alunos especiais fizeram uso do microfone para expor sua indignação. Maria Tereza de Almeida, mãe de autista, lembrou que o preconceito começa com os próprios pais dos colegas de escola. Ela citou matéria da revista Época desta semana sobre o autismo, que afirma não haver estudos sobre o número de autistas no País. Luzia Zolini, mãe de Izabella Silva Zolini, que tem síndrome de Down, questionou o fato de a capacitação de professores não contemplar os servidores contratados, que hoje são maioria nas escolas. Sua filha Izabela fez um relato de sua rotina, que inclui aulas de informática na escola. Ela freqüenta uma instituição especializada.

Representante da Apapae denuncia atitude de membro da Secretaria de Educação

A presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais (Apape), Estela Mares Guillen de Souza, denunciou a falta de transparência das ações estaduais. De acordo com ela, o servidor da Secretaria de Estado de Educação, Roberto Sales, do Serviço de Apoio à Inclusão, não permitiu que ela e o familiar de um aluno especial da Escola Estadual Mariano de Abreu participassem da reunião que ele teria com a diretora da escola da criança. "Ela mesma tinha nos convidado", afirmou, chamando-o de "tecnocrata insensível". "As políticas são apenas apresentadas e não discutidas. Queremos uma inclusão responsável. Já perdemos toda uma geração com esse engodo da escola plural falida", disse.

A representante da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, Ana Regina de Carvalho, avisou que vai encaminhar a denúncia à secretária de Estado e considerou a situação narrada como constrangedora. Ana Maria prometeu levar à próxima reunião, além dos números sobre os alunos especiais matriculados em escolas no Estado, a lista da rede de escolas conveniadas, solicitada por um pai presente à reunião, e os dados da ampliação dos atendimentos educacionais especializados.

Presenças - Deputados Célio Moreira (PSDB), presidente; Walter Tosta (PMN); e deputadas Gláucia Brandão (PPS) e Maria Lúcia Mendonça (DEM). Além dos convidados citados acima, o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conped) e coordenador da (Caade), Flávio Couto Silva de Oliveira; a vice-presidente da Federação das Apaes de Minas Gerais, Maria Dolores da Cunha Pinto; assessora técnica da Coordenadoria Estadual de Atenção à Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência, Renata Mendes Araújo Cruvinel; e o técnico de Referência em Saúde Mental da Criança e do Adolescente, Marcone Alexandre da Silva, ambos da Secretaria de Estado da Saúde; e o pedagogo Willian Lelis Brás Nascentes, da Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Infância e Juventude.

 

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