Direitos Humanos apura novos detalhes de crime em Barão de
Cocais
A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais recebeu nesta quarta-feira (06/06/07)
novas informações sobre o assassinato de Diego Luiz dos Santos, 20
anos, morto a facada no dia 8 de abril deste ano, em Barão de
Cocais. Os detalhes foram apresentados durante audiência pública
realizada na Câmara Municipal do município e poderão ajudar a
esclarecer as condições do crime. Após duas exumações do corpo de
Diego, peritos constataram fratura em um dente, enquanto o relatório
de necropsia realizado no dia do crime aponta "dentes conservados".
O documento também não cita outras lesões ou hematomas, embora a
briga que culminou na morte de Diego tenha deixado marcas em pelo
menos três amigos da vítima.
Diego foi morto por volta das quatro horas da
manhã, quando saía de um baile. A causa da morte, de acordo com a
necropsia, foi uma facada no pescoço. Porém, testemunhas citadas no
inquérito acrescentaram que o rapaz foi agredido até a morte.
Segundo o relato da família, o crime teria sido cometido por cinco
jovens, todos presos, e por uma menor, porque Diego teria pisado no
pé de um deles. O deputado Durval Ângelo, presidente da comissão e
autor do requerimento para a audiência, explicou que a família pediu
o esclarecimento dos fatos, temendo que a culpa recaísse sobre
apenas um dos jovens.
"O laudo não me convenceu. Vi marcas e escoriações
no meu filho que não foram citadas. Não quero que ninguém viva o que
estou vivendo e nem que isso fique impune", justificou a mãe de
Diego, Maria Olinda Vicente. O médico legista que conduziu a
primeira exumação do corpo de Diego, Elsias Nascente Coelho Neto,
explicou que o novo exame foi feito no dia 26 de maio, e que o
grande lapso de tempo prejudicou o trabalho. "Nessas condições, as
lesões de partes moles são de difícil identificação", afirmou.
Quanto à fratura no dente, segundo o perito, seriam necessários
exames microscópicos para confirmar se ela é antiga ou recente.
Informações semelhantes foram dadas pelo chefe da
Perícia do Morto do Instituto Médico Legal de Belo Horizonte, João
Batista Rodrigues Júnior, que coordenou a segunda exumação, feita na
última sexta-feira (1º/6) e ainda sem resultado oficial. "O que
fizemos foi tentar esgotar as possibilidades citadas nos
depoimentos, mas encontramos apenas a fratura no dente", salientou.
Segundo ele, exames serão feitos para determinar a data da fratura.
Durante a reunião, porém, familiares de Diego apresentaram um laudo
odontológico do jovem, feito 11 dias antes do crime, dando conta de
que o dente citado pelo perito não possuída fratura.
João Batista também esclareceu que a morte de Diego
ocorreu poucos minutos após a facada, uma vez que a lesão seccionou
a artéria carótida, atingiu a jugular e chegou à cavidade oral, o
que significa que a vítima aspirou sangue, tendo a morte acelerada.
O delegado da Comarca de Barão de Cocais, Paulo Tavares Neto,
responsável pelo caso, explicou que a segunda exumação foi pedida
tendo em vista procedimento administrativo instaurado para apurar a
confecção do primeiro laudo, no dia do crime. "Só se o Diego fosse
um super-homem para brigar durante o baile, depois brigar mais 20
minutos fora do clube e na porta da igreja, sem ter uma lesão
sequer", afirmou.
Acusados se recusam a dar depoimentos
O assassinato de Diego comoveu a cidade de Barão de
Cocais, e a audiência foi marcada por uma manifestação de amigos e
parentes da vítima, com faixas e cartazes. Mensagem pedindo justiça
também era exibida próximo à delegacia pública do município,
visitada pela comissão. De acordo com o deputado Durval Ângelo, o
objetivo era ouvir a versão dos acusados. Eles, porém, se recusaram
a dar depoimento. Permanecem presos Douglas Duarte; Omale Duarte;
Bruno Cabral; Adão Rosário e Júnia Duarte Gressi.
De acordo com o delegado Paulo Tavares, os rapazes
presos têm passagens pela Polícia e até pela Justiça, com exceção de
Adão Rosário, que teria assumido a autoria da facada que matou
Diego. O deputado Durval Ângelo ressaltou que, embora o laudo da
autópsia seja uma prova robusta no inquérito, há outros elementos,
entre eles os depoimentos de testemunhas. "A força pública funcionou
nesse caso. Tanto que há cinco presos. E o júri popular serve para
mostrar que tipo de sociedade queremos", lembrou. Ainda assim o
parlamentar adiantou que a comissão tomará providências em relação
às contradições do laudo.
Além das autoridades citadas, participaram também
da audiência o pai de Diego, Geraldo Luiz Gonzaga; a pastora da
Igreja Evangélica Novas de Paz, Cibele Marília de Assis Alvarenga; o
diácono José Apolinário Santos Filho; o presidente da Câmara
Municipal de Barão de Cocais, Sebastião Eustáquio dos Santos; o
ex-vice prefeito da cidade, Antônio Francisco Marques Djavan; e o
advogado da família de Diego, Anderson Cláudio Morais.
Presença - Deputado Durval
Ângelo (PT), presidente da comissão.
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