Pais e especialistas pedem cuidados preventivos para diabetes
infantil
O diabetes infantil do tipo 1 depende de controle
constante para que não evolua mal e cause seqüelas terríveis no
futuro, com amputação de membros, cegueira ou comprometimento do
fígado. Esse controle tem que ser feito em parceria pelos médicos e
pelos familiares, mas também é muito importante que os professores e
colegas das crianças diabéticas estejam a par da doença, para
contribuírem na dieta. Há mais de 10 milhões de diabéticos no
Brasil.
Essas constatações foram obtidas numa audiência
pública realizada pela Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa
de Minas Gerais, na manhã desta quarta-feira (6/6/07), a
requerimento do deputado Dinis Pinheiro (PSDB),
1o-secretário da ALMG. "A melhor arma contra o diabetes é
a informação. Cuidados preventivos, esporte, alimentação saudável,
medicação adequada, possibilitam grande qualidade de vida a essas
crianças. Infelizmente, a Organização Mundial da Saúde prevê que,
com o aumento da obesidade infantil, os casos de diabetes devem
dobrar nos próximos anos", disse o deputado.
Dinis entrou em detalhes sobre as técnicas mais
modernas de diagnóstico e tratamento, ao ponto de sua intervenção
ser considerada, pelo presidente da Comissão de Saúde, deputado
Carlos Mosconi (PSDB), uma "aula magna" para os deputados médicos
presentes.
O representante da Secretaria de Estado da Saúde,
José Maria Borges, disse que Minas deveria ter 60 mil crianças
diabéticas em tratamento pelo setor público, mas tem apenas 20 mil,
possivelmente por desconhecimento de como buscar os benefícios. Para
ele, é preciso melhorar a eficácia do sistema de atenção primária
para aumentar os cuidados preventivos. Ele disse que o Governo de
Minas compra anualmente R$ 3,8 milhões em fitas para medir glicemia,
e que distribui duas fitas por paciente por dia.
Número de fitas de medição de glicemia é
insuficiente
Tal número é considerado insuficiente pela
presidente da Associação de Diabetes Infantil (ADI), Maria Aparecida
Marques Campos. Ela diz que nem mesmo as duas fitas diárias estão
asseguradas, e que há crianças que precisam medir a glicemia até
oito vezes por dia, para a administração correta da insulina. Ela
alerta que os custos da fita e o da insulina de efeito rápido são
insignificantes para o Estado diante das internações que as
complicações podem trazer. E disse ainda que as mães das crianças
diabéticas funcionam como "pâncreas externos" dos filhos, pois têm
que monitorar constantemente o nível de açúcar e administrar a
insulina necessária.
O endocrinologista pediatra do Hospital das
Clínicas, Antônio José das Chagas, confirmou o conhecimento de
Aparecida Campos e explicou as causas do não funcionamento do
pâncreas. Disse também que a existência de nutricionistas nos postos
de saúde seria fundamental para o controle do diabetes. A
nutricionista Soraia Drumond Rojar confirmou que a alimentação é
fundamental para o controle da glicemia. Segundo ela, as crianças
precisam ingerir frutas, verduras e carboidratos para um crescimento
saudável, mas que as cantinas das escolas oferecem muitas
guloseimas, refrigerantes e doces, que são hipercalóricos além da
necessidade.
Outra questão que preocupa os pais e os médicos é o
tamanho da seringa fornecida para aplicação da insulina, que teria
agulha maior do que o necessário, fazendo com que a criança receba o
medicamento no músculo, e não subcutânea, para rápida absorção. José
Maria Borges explicou que essa questão já está contornada, mas que
os processos licitatórios, quando detalham demais os produtos,
provocam desconfiança de que seriam dirigidos para a vitória de
determinados fornecedores.
O Hospital das Clínicas acompanha 500 crianças há
muitos anos e constatou que as necessidades são diferentes de
indivíduo para indivíduo. A endocrinologista Ivani Novato disse que
há entraves na dispensação dos medicamentos e que as crianças do
interior têm muito mais problemas.
Campanhas educativas - Requerimentos dos deputados Dinis Pinheiro e Ruy Muniz (DEM),
que serão votados na próxima reunião, pedem à secretária da
Educação, Vanessa Guimarães, que lance campanhas educativas sobre
diabetes nas escolas, e um programa de controle das cantinas, para
que forneçam alimentação adequada. O segundo requerimento pede
ofícios ao secretário da Saúde, Marcus Pestana, pedindo o
fornecimento de seringas adequadas e quatro fitas de medição de
glicemia por paciente/dia, e também o fornecimento de insulina de
ação ultra-rápida aos postos de saúde. Os deputados apresentaram
ainda um terceiro requerimento ao secretário Pestana, pedindo a
criação de mais centros Viva Vida em Minas Gerais.
Requerimentos aprovados: do
deputado Ruy Muniz, pedindo audiência pública para debater os
problemas dos médicos legistas do interior; do deputado Doutor
Rinaldo (PSB), pedindo convidar o médico Alcindo Lázaro para fazer
uma apresentação aos secretários de saúde de Minas e de Belo
Horizonte; do deputado Carlin Moura (PCdoB), fazendo apelo ao
secretário Marcus Pestana e ao Hemominas para implantar unidades
móveis de coleta de sangue.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), Doutor
Rinaldo (PSB), Ruy Muniz (DEM), Dinis Pinheiro (PSDB), Weliton Prado
(PT) e Domingos Sávio (PSDB). Além dos citados na matéria,
participou da mesa Silvana Regina da Silva, psicóloga especialista
em Obesidade Infantil.
|