Mineradoras apresentam medidas para reduzir acidentes na
BR-040
Um grupo de mineradoras que utilizam a BR-040 no
trecho entre o bairro Belvedere, em Belo Horizonte, e Conselheiro
Lafaiete anunciou que vai protocolar, no dia 18 de junho, no
Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), um
programa emergencial para reduzir os acidentes causados pelo
transporte de minério no trecho. O anúncio foi feito durante
audiência pública da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras
Públicas da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta
terça-feira (5/6/07).
A audiência presidida pelo deputado Juninho Araújo
(PRTB) lotou o auditório da Assembléia com representantes da
comunidade de Congonhas e parentes de vítimas de acidentes na
BR-040. Foi requerida pelo deputado Padre João (PT), que descreveu
as péssimas condições de segurança da rodovia e traçou um panorama
ainda mais sombrio, já que a atual fase de expansão da exploração de
minério deve triplicar o tráfego num futuro próximo.
"Durante a seca, a poeira reduz a visibilidade dos
motoristas. Na chuva, o pó de minério se transforma numa lama que
cobre o pára-brisa, acarretando perda total da visibilidade e
causando sérios acidentes. O minério que cai das caçambas e é
lançado pelos pneus dos caminhões quebra os vidros dos carros. A
legislação que prevê a cobertura de lona das caçambas não está sendo
observada", denunciou o deputado.
O vice-prefeito de Congonhas, José de Freitas
Cordeiro, acrescentou que as carretas de minério formam comboios que
trafegam com excesso de velocidade e excesso de peso. Ele garante
que um lobby poderoso foi montado em Brasília para desativar
as balanças e permitir que caminhões de 25 toneladas transportem 45
toneladas, destruindo as rodovias. Além do mais, jornadas
extenuantes de 17 horas estariam pondo em risco os reflexos dos
motoristas.
Região está sempre de luto
Para Cordeiro, a solução seria colocar lombadas
eletrônicas para inibir o excesso de velocidade. Disse ainda que a
comunidade de Congonhas está disposta a interditar a rodovia para
chamar a atenção das autoridades em Brasília. O presidente da Câmara
Municipal, vereador Evandro Almeida, disse que a região está sempre
de luto e que toda semana a Câmara aprova uma moção de pesar por
causa de alguma tragédia. Almeida apontou várias pessoas da platéia
que haviam perdido entes queridos.
Álvaro Campos de Carvalho, superintendente do DNIT,
disse que trafegam pelo trecho 14 mil veículos por dia, mas não
precisou quantos seriam carretas, automóveis ou ônibus. Disse que o
DNIT adotou "providências as mais enérgicas possível" junto às
mineradoras, devido ao desgaste provocado pela poeira e pela lama no
piso da rodovia, nas placas de sinalização e no entupimento da
drenagem. Tais providências consistiram em convocar uma reunião à
qual só compareceu o representante da Cia. Vale do Rio Doce. Outra
reunião, convocada através do Departamento Nacional da Produção
Mineral (DNPM), foi melhor sucedida. Representantes da Cia.
Siderúrgica Nacional, da Mineração Jota Mendes e outras menores
compareceram, e discutiram formas de reduzir imediatamente os
riscos.
As mineradoras pretendem pavimentar ou calçar os
trechos de acesso à BR-040 e lavar os caminhões com jatos de água ao
saírem da mineração. Marília Fernandes, do DNIT, esteve presente e
disse que a cobertura com lona não é importante para evitar
acidentes, porque as pedrinhas lançadas pelos pneus dos caminhões
são piores para estilhaçar pára-brisas.
Mineradoras garantem que pesam caminhões;
lideranças duvidam
Alexandre Campanha, da CVRD, assegurou que nenhum
caminhão pertencente à companhia transita no trecho, e que sua
movimentação de minério é quase toda feita por ferrovia. No entanto,
ele admitiu que a empresa vende minério para siderúrgicas próximas a
Belo Horizonte, e que exige habilitação e impõe regras aos
motoristas.
Taís Rego, da CSN, disse que a empresa assinou
termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público para
melhorar a segurança na MG-442, que utiliza, colocando lona nas
cargas, fazendo pesagem, altura segura para a carga, limpeza de vias
e canaletas. Para ela, cada mineradora terá que assumir uma parte do
ônus de recuperação das rodovias, de acordo com o impacto que
provoca. A questão da pesagem foi contestada por várias pessoas que
vieram ao microfone de aparte.
Álvaro Carvalho, do DNIT, anunciou também que o
novo viaduto que substituirá o das Almas deve estar concluído dentro
de um ano, e que no final de 1988 o trecho inteiro passará por
recuperação. O deputado Juninho Araújo está preparando projeto em
que os caminhões terão que ser bem identificados, já que pelas
placas essa tarefa é impossível. Ele quer uma ampla ação da
comunidade junto aos deputados federais para conseguir a duplicação
do trecho inteiro.
Outra denúncia importante foi feita pelo jornalista
Tarcísio Martins, de Belo Vale. Ele assegura que as mineradoras
estão fazendo trevos clandestinos tanto na BR-040 quando na MG-442,
e colocando homens com bandeirinhas para facilitar a entrada de
caminhões na pista. Álvaro Carvalho pediu-lhe para especificar os
pontos, para que o DNIT pudesse entrar em ação. A ausência da
Polícia Rodoviária Federal na reunião foi lamentada pelo deputado
Padre João, que anunciou a preparação de vários requerimentos para
prosseguir a apuração do assunto, a serem apreciados na próxima
reunião.
Presenças - Deputados
Juninho Araújo (PRTB), vice-presidente, que presidiu a reunião;
Padre João (PT), Gil Pereira (PP), Doutor Viana (DEM), Dinis
Pinheiro (PSDB) e Weliton Prado(PT).
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