Pais de deficientes mentais reclamam do descaso governamental

A indiferença do poder público em relação aos deficientes é a maior das deficiências. A frase, dita pela presidente d...

04/06/2007 - 00:00
 

Pais de deficientes mentais reclamam do descaso governamental

A indiferença do poder público em relação aos deficientes é a maior das deficiências. A frase, dita pela presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais (Apape), Estella Mares Guillen de Souza, resume o sentimento dos participantes da reunião realizada nesta segunda-feira (4/6/07) pela Comissão Especial para o Estudo da Atenção à Pessoa com Transtorno Mental, Deficiência Mental ou Autismo da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Vários pais de deficientes mentais e autistas foram ao microfone para relatar a ausência de atendimento por parte dos governos municipal e estadual. "Estamos sozinhos, os governos não sabem quem são os nossos filhos", disse Cláudia Viana Bhering. Já Maria da Glória dos
Santos Pereira, também mãe de uma pessoa portadora de deficiência mental, cobrou a assistência à saúde, à educação e à profissionalização, "que é um direito de todos".

A representante da Secretaria de Estado da Educação, Ana Regina de Carvalho, reconheceu que as políticas públicas serão sempre insuficientes para atender à demanda, mas salientou que falta informação aos gestores escolares em relação à estrutura da Secretaria para prestar a devida assistência aos alunos portadores de deficiência matriculados nas escolas. Ela garantiu que esse aparato existe, basta que as escolas façam as solicitações.

No entanto, pais de deficientes e a promotora de Justiça Especializada na Defesa da Infância e da Juventude, Cíntia Maria de Oliveira Lucena, foram enfáticos ao afirmar que os deficientes mentais e autistas não vão para as escolas públicas porque essas instituições não têm condições de recebê-los, seja pela falta de profissionais especializados, pela ausência de estrutura física adequada e até mesmo pelo preconceito vindo dos próprios professores.

Atendimento no interior é precário

O deputado Célio Moreira (PSDB), presidente da Comissão, lembrou que em muitas cidades do interior os autistas e portadores de deficiência são atendidos nas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes), geralmente por voluntários sem o preparo mínimo necessário para a tarefa. Já o deputado Walter Tosta (PMN) fez críticas à BHTrans devido aos critérios adotados pela empresa para conceder passe livre aos autistas e deficientes mentais.

Os participantes defenderam a união dos esforços entre poder público e sociedade civil para a adoção das políticas de atendimento adequadas. Um avanço já detectado pelo representante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência, Nelson Garcia, é o reconhecimento da diferença entre as pessoas com deficiência mental e autismo e aquelas que sofrem com transtorno mental. Isso, segundo ele, representa um caminho para a criação dos aparatos sociais para acolher os deficientes mentais e autistas.

A fim de subsidiar os trabalhos da Comissão, os assessores técnicos da Coordenação Estadual de Atenção à Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência da Secretaria de Estado da Saúde, Darcy Barbosa e Flávio Lúcio Assis Moreira, entregaram ao presidente Célio Moreira uma relação das entidades credenciadas para o atendimento aos autistas e portadores de deficiência mental.

Outro ponto levantado na reunião foi a questão do número de profissionais preparados para atender os deficientes mentais e autistas. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, Walter Camargo Jr., menos de 5% dos psiquiatras são especializados em crianças, sendo que um número quase insignificante entende realmente de autismo. Ele alertou para a urgência de políticas públicas eficientes: "Quem vai cuidar dessas pessoas quando seus pais se forem?", questionou.

Presenças - Deputados Célio Moreira (PSDB), presidente da Comissão; e Walter Tosta (PMN). Além dos convidados citados na matéria, participou também o técnico em Saúde Mental Infanto-Juvenil da Secretaria de Estado da Saúde, Marconi Silva.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715