Infra-estrutura precária emperra agronegócio em Minas e no
Brasil
O Brasil está pagando caro pela falta de
investimentos nas malhas rodoviária e ferroviária. Resultado: o
frete por tonelada no país custa o dobro do praticado nos Estados
Unidos, e são perdidos US$ 3 bilhões por ano por causa da
ineficiência de infra-estrutura e logística no escoamento da
produção. Os números foram apresentados pelo presidente da Companhia
de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg), Célio Gomes
Floriani, que participou, nesta quinta-feira (31/05/07), da reunião
da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia
Legislativa.
E os problemas para o agronegócio não param por aí.
Apenas pouco mais de 8% dos 277 mil quilômetros das estradas
mineiras são asfaltados, e grande parte das ferrovias do Estado é
antiga e obsoleta. "Transportar uma tonelada por mil quilômetros de
caminhão custa US$ 45, em média. De trem, o custo cai para US$ 16.
Ou seja, o transporte ferroviário é três vezes mais barato e ainda
assim não recebe investimentos. Em Minas, por exemplo, apenas as
estradas de ferro que passam por regiões com mineradoras estão em
melhor estado. Nas demais, a velocidade média das composições é de
16 km/h. Há ainda gargalos na Região Metropolitana e na Serra do
Tigre", afirmou Célio.
Ele apresentou sugestões para o setor, como a
construção de uma ferrovia ligando Belo Horizonte a Patrocínio e
outra de Pirapora a Unaí. "São obras relativamente simples que não
beneficiariam somente Minas, mas Mato Grosso, Goiás, estados do
Centro-leste do país, onde há maior dinamismo do agronegócio, além
do Espírito Santo, ponto de saída da produção. Célio Floriani
lamentou também a situação da estrutura portuária do país. "O Brasil
tem 37 portos, mas somente dois deles, Santos e Paranaguá, têm
acesso mais fácil e se mostram competitivos", disse.
Os deputado Chico Uejo (PSB) e Antônio Carlos
Arantes (PSC), que solicitaram o debate, lamentaram a situação
difícil pela qual passam os produtores rurais. Antônio Carlos
lembrou que 27% do PIB brasileiro é gerado pelo agronegócio. "O
agronegócio gera uma demanda muito grande de transporte. Quem vive
no interior sabe o quanto é difícil escoar a produção. É por isso
que o milho que sai de Minas chega ao Nordeste mais caro que o
argentino". O deputado cobrou do governo federal mais ações técnicas
e menos política. Ele elogiou o investimento do Estado nas rodovias
por meio do Programa Proacesso, que pretende asfaltar 8 mil
quilômetros de estrada, o que representa quase metade dos 23 mil
quilômetros pavimentados existentes atualmente. Já Chico Uejo disse
que neste mundo globalizado e competitivo, "a logística assume papel
fundamental. Temos de buscar soluções para baratear o transporte".
O deputado Padre João (PT) pediu à Casemg o
material apresentado na reunião para que possa ser encaminhado às
autoridades federais. "Precisamos de mobilização. Quanto mais gente
envolvida, maiores as chances de sucesso. Vamos fazer um apelo à
bancada mineira em Brasília e a líderes do Executivo para que se
sensibilizem com o problema. Os requerimentos serão apresentados e
votados na próxima reunião".
Presenças - Deputados
Padre João (PT), vice; Antônio Carlos Arantes (PSC), Chico Uejo
(PSB) e Inácio Franco (PV).
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