Quem não fuma também sofre com tabagismo, alertam os especialistas

Um homem que fumou dois maços de cigarro por dia, durante 40 anos seguidos, ficou surpreso ao descobrir que, com o di...

30/05/2007 - 00:00
 

Quem não fuma também sofre com tabagismo, alertam os especialistas

Um homem que fumou dois maços de cigarro por dia, durante 40 anos seguidos, ficou surpreso ao descobrir que, com o dinheiro gasto, poderia ter comprado um Mercedes-Benz. O susto desse fumante por causa do valor desembolsado foi presenciado e relatado pelo atual vereador de Belo Horizonte e antigo militante da luta contra as drogas, professor Elias Murad, um dos participantes da reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (30/5/07). Murad contou a história para lembrar que, além dos riscos à saúde do fumante, o tabagismo traz outros prejuízos que não costumam ser muito considerados. Um exemplo, como reforçaram os outros convidados da reunião, é o fumante passivo - aquele que respira a fumaça do cigarro sem tragar e, principalmente, e sem ter direito a qualquer filtro para as nada menos que 4.720 substâncias tóxicas contidas nesse fumígero.

A reunião abriu as atividades programadas pela ALMG para marcar o Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio. O objetivo da comissão foi aproveitar a data para sensibilizar as pessoas sobre os riscos do tabagismo, prática regulamentada pela Lei 9.294, de 1996, conhecida pelo nome de seu autor, Elias Murad, ex-deputado federal. Considerada uma das mais avançadas do mundo, a lei limita o uso e a propaganda do tabaco no País. Agora, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer impor mais rigor a essas restrições, para que ambientes de uso coletivo, públicos ou privados, sejam isentos de poluentes derivados de cigarro.

O técnico da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, Paulo César Nogueira, explicou o objeto da consulta pública aberta pela Anvisa visando a regulamentar a prática do tabagismo em locais fechados que queiram oferecer espaço para fumantes. Segundo ele, a proposta é bastante restritiva, pois prevê salas exclusivas, com infra-estrutura criteriosa, como climatização e mobiliários próprios, isolada das demais áreas.

Consulta da Anvisa tem elogios e críticas

A proposta de mais rigor para o tabagismo é elogiada pelos militantes anticigarro, mas criticado por outras categorias, como hotéis, restaurantes e bares. O presidente do sindicato dessa categoria em Belo Horizonte e Região Metropolitana, Paulo César Marcondes Pedrosa, explicou que o ramo, em nível nacional, é contra a consulta, por causa do rigor da proposta. "Não sei como as 1,5 milhão de empresas do setor vão conseguir se adaptar a essa legislação. Nas salas, não se pode alimentar nem fazer uso de qualquer bebida", disse, completando que a maioria não terá espaço físico para construí-las. Para ele, a lei deve ser mais severa em outros pontos, como proibir venda de cigarros para menores, como acontece em padarias e postos de gasolina.

"Quando se proibiu o uso do cigarro em aviões, não houve diminuição do número de passageiros, nem mesmo em vôos para a Europa, com suas dez horas", discordou o pneumologista da Unimed-BH, Luiz Fernando Ferreira Pereira. O médico expôs aos deputados dados da literatura médica que comprovam a dependência e as cerca de 50 doenças provocadas aos fumantes - problemas que a indústria do tabaco, segundo ele, já nem questiona mais. O importante, agora, seria reconhecer que o tabagismo passivo está em casa, no escritório e no lazer e provoca aos não-fumantes inalação de substâncias muitas vezes maior que aos próprios fumantes. "A única solução é a implantação de ambientes livres de tabaco", defendeu.

Para o médico que integra o grupo de estudo criado na Assembléia para estudar o controle do tabagismo, o cardiologista Paulo Alves, a saída também passa pela implementação de ambientes livres. "O fumante é um doente. Não existe outro exemplo de usuário de droga que faça mal à saúde dos outros, além da sua própria", afirmou. Ele relatou, na reunião, as ações que vêm sendo desenvolvidas no Legislativo mineiro com esse fim, desde 2005, que já alcançam resultados positivos - 60% dos participantes do primeiro ano do programa de apoio pararam de fumar. A ALMG tem uma norma interna que regulamenta os locais onde é permitido fumar

Deputados destacam prevenção

Para o presidente da comissão e autor do requerimento pela reunião, deputado Carlos Mosconi (PSDB), é necessário criar mais mecanismos para estimular o fumante a parar de fumar, oferecendo-lhe orientação precisa e segura sobre os tratamentos. A importância da prevenção para os jovens, já que 60% das pessoas começam a fumar com menos de 16 anos, foi destacada pelo deputado Fahim Sawan (PSDB). O esclarecimento cada vez maior para os não-fumantes também foi considerado essencial por esses deputados .

Para o deputado Doutor Rinaldo (PSB), da mesma forma como uma empresa que polui o meio ambiente deve se adaptar, uma pessoa que fuma em ambiente fechado também deveria fazê-lo, a começar na sua própria casa, na frente dos filhos. Ele lembrou que o cigarro é a terceira maior causa de morte evitável do mundo. Também para o vice-presidente da comissão, deputado Hely Tarqüínio (PV), são necessárias leis e campanhas, além de esforços multidisciplinares de todos os sentidos, para minimizar a situação.

PL municipal - Na reunião, o assessor do vereador Tarcísio Caixeta, Anderson Albuquerque, falou sobre o projeto 361/05, de autoria daquele parlamentar, que tramita na Câmara Municipal, com o objetivo de ampliar as ações de controle do tabagismo passivo para estabelecimentos como bares, restaurantes e salas de espera de teatros e cinema.

Requerimentos - Na reunião, a Comissão aprovou três requerimentos. Um deles, do deputado Gilberto Abramo (PMDB), pede que seja feita uma visita à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de Venda Nova, para apurar informações sobre o atendimento que vem sendo prestado à população. Os demais pedem envio de ofício à Secretaria de Estado de Saúde: um, do deputado Carlos Pimenta (PDT), pede o credenciamento em oncologia do Hospital Universitário Alzira Velano, em Alfenas; outro, do deputado Carlos Mosconi, pede informações sobre possível surto de meningite em Sete Lagoas e Ipatinga.

Presenças - Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüinio (PV), vice-presidente; Doutor Rinaldo (PSB) e Fahim Sawan (PSDB).

 

 

 

 

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