Omissão do Estado é criticada em Comissão Especial

A ausência dos convidados do Estado na reunião da Comissão Especial Atenção à Pessoa com Transtorno Mental da Assembl...

28/05/2007 - 00:01
 

Omissão do Estado é criticada em Comissão Especial

A ausência dos convidados do Estado na reunião da Comissão Especial Atenção à Pessoa com Transtorno Mental da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta segunda-feira (28/5/07), foi enfaticamente criticada pelo deputado Célio Moreira (PSDB) e outros participantes do encontro. Presidente da Comissão, Moreira foi também o autor do requerimento pela realização da reunião, que tinha o objetivo de ouvir, em especial, o assessor técnico da Coordenadoria Estadual de Atenção à Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência, Flávio Moreira, e o diretor do Centro Psicopedagógico (CPP), Lucas de Castro. Nenhum deles compareceu.

Além da ausência dos representantes das secretarias de Estado de Saúde e de Educação, foi também muito criticada a precariedade do atendimento público oferecido aos autistas e portadores de deficiência mental pelo poder público, tanto municipal quanto estadual. A promotora de Justiça Especializada na Defesa da Infância e da Juventude, Cíntia Lucena, resumiu algo discutido em reuniões anteriores da comissão. "Minha preocupação é que a legislação da Luta Antimanicomial, que é uma coisa linda, está servindo para justificar uma omissão das autoridades na assistência a esses portadores de necessidades especiais", afirmou a promotora.

O deputado Célio Moreira disse que irá procurar o secretário de Estado de Saúde, Marcus Pestana, para questioná-lo sobre o atendimento à deficiência mental. "Fizemos uma emenda ao PPAG, propondo recursos. Ela foi rejeitada sob o argumento que já havia verbas destinadas para isso. Não é o que estamos vendo", afirmou o parlamentar.

O deputado é autor do Projeto de Lei 652/07, que determina a obrigatoriedade de o Estado proporcionar tratamento especializado, educação e assistência específicos a todas as pessoas portadoras de deficiência mental moderada a grave ou autismo, independentemente da idade. A proposta foi considerada inconstitucional pela Comissão de Constituição e Justiça, em reunião realizada no dia 22 de maio, e o parecer encontra-se na Ordem do Dia do Plenário para análise. A explicação é a de que ela gera despesas para o Executivo, e só poderia ser proposta por esse Poder.

Mãe de esquizofrênico relata drama pessoal

A publicitária Patrícia Calixto, mãe de um esquizofrênico de 22 anos, cobrou, durante a reunião, que o Estado providencie moradias que abriguem esse tipo de paciente no período entre as crises, e que façam uma separação dos doentes internados por faixa etária. Ela contou que seu filho passou por oito internações em sete anos, e acabou se viciando em drogas após o contato com pacientes mais velhos. Por diversas ocasiões, quando seu filho estava em casa, ela disse que dormiu com a porta de seu quarto escorada por móveis, por medo de ser assassinada pelo filho em crise. "Já me disseram que meu filho teria que passar por uma internação maior, de uns dois anos, mas só achei uma clínica que fizesse isso em São Paulo, e ela cobra R$ 5 mil mensais", afirmou.

A presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais (Apape), Estela Mares de Souza, disse que já procurou a Secretaria de Estado de Saúde para discutir a inexistência do atendimento especializado ao portador de deficiência mental. Segundo ela, os órgãos existentes atendem apenas ao transtorno mental mais grave, de forma provisória, e não assiste os autistas e muitos outros portadores de deficiência mental. "Não consegui audiência com o secretário Marcus Pestana. O chefe de gabinete, Odilon, me recebeu há mais de dois meses e não me deu qualquer resposta desde essa data", afirmou Estela.

A promotora Cíntia Lucena disse que o Ministério Público está ciente da precariedade do atendimento aos portadores de deficiência mental. Segundo ela, há uma população mineira de 16 mil autistas e mais 6,5 mil crianças portadoras de outros tipos de deficiência mental. "Não é caridade nem benevolência a implantação dessas redes de assistência pelos governos estadual e municipal", advertiu a promotora. Ela, no entanto, pediu a ajuda das famílias para a realização de um levantamento da situação e distribuição geográfica dessa população carente, a fim de subsidiar ações suplementares do Ministério Público.

Único representante do Estado na reunião, o superintendente da Coordenadoria Especial de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência (Caade/MG) e presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conped), Flávio Couto de Oliveira, falou sobre as atividades da Caade, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese). Oliveira, no entanto, não entrou na questão específica do atendimento aos portadores de deficiência mental. "É um assunto delicado. Precisamos encontrar soluções coletivas", afirmou.

Presenças - Deputado Célio Moreira (PSDB), presidente; a psicóloga e coordenadora administrativa da Promotoria da Infância e Juventude, Selmara Ferreira, além das autoridades citadas na matéria.

 

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