Carta de Minas
O Colegiado de Presidentes dos Poderes Legislativos
Estaduais e do Distrito Federal, reunido em Belo Horizonte nos dias
24 e 25 de maio de 2007, afirma, neste documento, seu compromisso
com a defesa de um novo pacto federativo.
Considera o Colegiado que um grande obstáculo ao
desenvolvimento político, social e econômico do Brasil é o secular e
imenso desequilíbrio na repartição de competências entre União,
Estados e Municípios.
Essa fragilidade federativa debilita a Nação,
desacredita as instituições e enfraquece o poder político em todos
os seus níveis.
A centralização política e administrativa teve
justificativa histórica no século XIX, à época do Império, com
vistas à manutenção da unidade política e da integridade territorial
do País. Todavia, os interregnos autoritários do século XX voltaram
a reforçar essa tendência centralizadora, que se afigura, nesse
limiar do século XXI, incompatível com o Estado de Direito
Democrático e com os princípios republicanos.
A "Constituição Cidadã" de 1988, com sua louvável
intenção de prestigiar o princípio federativo, consagrou metas e
atribuiu mais recursos financeiros aos entes estaduais e
municipais.
Paradoxalmente, porém, dados do Ministério da
Fazenda sobre o perfil de distribuição da arrecadação de receitas
federais, que permitem comparar os números de 1989, primeiro ano de
vigência da atual Constituição, com os mais recentes, de 2006,
revelam que nesse bolo tributário a participação de Estados e
Municípios sofreu uma queda de 25%, enquanto os recursos da União,
no mesmo comparativo, tiveram um crescimento de 10%.
Prova maior não poderia haver de que, na prática, o
espírito descentralizador da Lei Magna vem sendo ignorado pelos
agentes públicos que deveriam zelar pela sua rigorosa
observância.
Com grave prejuízo para o equilíbrio federativo - e
talvez com isso esclarecendo a distorção observada na distribuição
das receitas federais antes mencionada -, a Constituição vigente não
conseguiu estabelecer regras claras para o jogo de relações entre os
entes federados.
Por tudo isso, o Colegiado de Presidentes dos
Poderes Legislativos Estaduais e do Distrito Federal propõe,
reivindica e assume a defesa das seguintes urgências institucionais
do Brasil:
- reformar o Estado, desatando o nó federativo pela
reavaliação da repartição de competências e atribuições dos entes
federados, com o intuito de promover a boa governança em todos os
níveis da administração pública;
- promover a reforma fiscal e a reforma política,
de modo a redefinir as competências da União, dos Estados e dos
Municípios, com vistas à refundação da Federação Brasileira;
- fortalecer e consolidar, na configuração dessas
reformas, o Poder Legislativo como instituição fundamental da
democracia representativa, ampliando suas prerrogativas
legislativas, com abertura de mecanismos para uma crescente e
efetiva participação popular na gestão governamental;
- construir uma Nação moderna e apta a enfrentar os
desafios da globalização, com base em uma relação mais harmônica e
equilibrada entre os entes federativos, nas instâncias federal,
estadual e municipal.
Para tornar moderna e forte a Federação Brasileira
é imprescindível, pois, construir um novo modelo institucional,
capaz de dar organicidade a um processo de descentralização fundado
na autonomia e na responsabilidade dos parceiros estaduais e
municipais.
É hora de enxergar e caminhar rumo ao horizonte de
uma Nação democrática, com uma sociedade participante e consciente
de seu destino, com sua diversidade e sua dimensão continental.
É tempo de pisar o território do futuro com
autonomia e integração entre os governos da União, dos Estados e dos
Municípios, a serviço pleno e integral da cidadania e do povo
brasileiro.
Esta é a condição eficiente e necessária para
destravar e desenvolver o Brasil e colocar o País no contexto da
moderna civilização política.
Belo Horizonte, aos 24 de maio de 2007.
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