Aids avança no interior de Minas
O número de infectados com o vírus HIV está
aumentando nas cidades do interior do Estado. Entre 1982 e 1989,
havia o registro da doença em apenas 88 municípios mineiros.
Atualmente, existem notificações em 626 cidades. Das 15.158 pessoas
infectadas atualmente em Minas, 8.882 estão na Capital. Juiz de Fora
vem em segundo lugar, com 1.893 casos; seguida por Uberlândia
(1.289), Contagem (1.075) e Uberaba (1.036). Os dados foram
apresentados pelo deputado Célio Moreira (PSDB), na noite de
sexta-feira (18/05/07), na Reunião Especial que marcou a abertura da
25ª Vigília pelos Mortos da Aids, no Plenário da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais.
O deputado lembrou ainda o avanço da doença entre
as mulheres e nos países pobres. "Atualmente, a face mais expressiva
da Aids é negra, pobre e feminina. As mulheres são quase metade dos
soropositivos no mundo. E essa proporção já foi de 1 para 26",
disse.
Célio Moreira elogiou o trabalho da Igreja Católica
no apoio dos doentes e o trabalho de missionários católicos em
Moçambique, onde o crescimento da doença está fazendo cair a
expectativa de vida da população. Ele lembrou ainda que a Aids há
muito se tornou um grave caso de saúde pública. "Não se trata de um
problema individualizado ou de casos isolados, que atingem somente o
doente e a família. Dez pessoas por minuto pegam Aids no planeta,
segundo a Organização Mundial de Saúde. Vinte e cinco milhões já
morreram em duas décadas, e esse número tende a aumentar", afirmou.
Preconceito - O padre José
Januário Moreira, da Arquidiocese de Belo Horizonte, lamentou o
preconceito pelo qual passam os doentes e pediu a Deus que lhes dê
força para combater o preconceito. Ele falou sobre o trabalho dos
agentes da pastoral da Aids e citou passagens do Evangelho. "A
Igreja não pode se omitir diante do sofrimento dessas pessoas, que
sofrem mais com a discriminação do que com a própria doença. À
pastoral, cabe levar uma palavra amiga, apoio e orientação",
defendeu.
Lembrando que quase 90% dos aidéticos estão nos
países pobres ou em desenvolvimento, a coordenadora estadual do
Programa DST/Aids, Raquel Bacarini, alertou para a necessidade de as
nações ricas tomarem "medidas mais contundentes" para deter o avanço
da doença principalmente na Ásia, África e América do Sul.
A Vigília é um movimento mundial iniciado em 1983
por um grupo de mães, parentes e amigos de vítimas do HIV. Os
parentes organizaram uma reunião anual para recordar os mortos e
para se fortalecerem diante do preconceito contra as famílias de
vítimas da doença.
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