ALMG vai mediar negociações para pôr fim à greve dos defensores

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai intermediar uma solução para pôr fim à greve dos defensores públicos, qu...

17/05/2007 - 00:01
 

ALMG vai mediar negociações para pôr fim à greve dos defensores

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai intermediar uma solução para pôr fim à greve dos defensores públicos, que completa 100 dias no próximo sábado (19). Os deputados da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social aprovaram nesta quinta-feira (17/5/07) requerimento para a realização de um encontro com representantes do governo do Estado e da Defensoria Pública para negociar o fim da greve. De autoria do deputado Walter Tosta (PMN) e da deputada Elisa Costa (PT), o requerimento foi aprovado em reunião realizada para debater as condições de trabalho dos defensores, a pedido da presidente da comissão, deputada Rosângela Reis (PV).

Os defensores públicos reclamam das péssimas condições de trabalho e da baixa remuneração, e alegam que a greve se arrasta devido à posição do governo, que condiciona a retomada das negociações ao fim da paralisação. "Não há intransigência da nossa parte, estamos abertos ao diálogo. Reconhecemos os avanços deste governo, mas a questão da remuneração tem que ser enfrentada", afirmou o presidente da Associação dos Defensores Públicos de Minas Gerais, Eduardo Cyrino Generoso. Para encerrar a greve, a categoria pede piso salarial de R$ 10 mil e o cumprimento de mecanismos constitucionais que asseguram a autonomia do órgão.

De fato, o salário pago em Minas Gerais só é maior que o de dois estados: Paraíba e Pernambuco. A remuneração inicial da carreira é de R$ 4 mil, enquanto no Distrito Federal é de R$ R$ 13 mil. Os baixos salários têm levado a uma debandada geral desses profissionais. Segundo o defensor público-geral, Leopoldo Portela Jr., havia 728 defensores públicos em Minas em dezembro de 1998. No final de 2002, esse número havia caído para 420, e subiu para 560, com a abertura de concurso no primeiro mandato de Aécio Neves. Mas, diante das precárias condições de trabalho, o número de defensores em atividade já caiu para 495. "Estamos nos transformando numa escola de formação de juízes e promotores", ilustra a corregedora-geral da instituição, Beatriz Monroe de Souza.

A conseqüência desse esvaziamento é o funcionamento precário da Defensoria, principalmente no interior. Das 294 comarcas de Minas Gerais, 170 não contam com defensor. O orçamento da Defensoria aumentou de R$ 20 milhões em 2003 para R$ 74 milhões neste ano, mas esse dinheiro ainda é insuficiente para garantir o bom funcionamento da instituição, segundo o defensor e conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Glauco David de Oliveira Souza. "A alocação de recursos per capita de Minas é a pior do Brasil", informou.

Além do reajuste salarial, os defensores também reivindicam o cumprimento das emendas à Constituição Estadual 73 e 75, que asseguram à Defensoria autonomia funcional e administrativa e assento na comissão de compatibilização orçamentária. Com isso, a instituição teria autonomia para definir seu próprio orçamento e sua execução, assim como os três poderes, Ministério Público e Tribunal de Contas. Segundo Glauco David, essa prática já acontece em seis estados, onde as defensorias têm inclusive a prerrogativa de apresentar projetos de lei.

Deputados defendem o governo

A secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, não compareceu à reunião. Mas coube à base aliada defender a posição do governo. O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) lembrou as realizações da gestão Aécio Neves e reiterou que o governo está aberto ao diálogo, desde que os defensores voltem ao trabalho. "O Estado deseja melhorar as condições de trabalho dos defensores, mas é difícil negociar durante a greve", afirmou.

O deputado Domingos Sávio (PSDB), por sua vez, pediu um voto de confiança dos defensores e garantiu que as negociações terão continuidade com o fim da greve. Os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Antônio Carlos Arantes (PSC) e a deputada Rosângela Reis manifestaram apoio aos defensores, mas pediram moderação do movimento grevista.

A oposição criticou duramente a postura do governo. A deputada Elisa Costa reiterou que a proposta patronal não atende os defensores. Para o deputado Carlin Moura (PCdoB), a proposta apresentada é no mínimo constrangedora, e o governo deveria reabrir as negociações com os servidores. O deputado Padre João (PT) acusou a falta de boa vontade do Estado e ameaçou com a possibilidade de obstrução nas votações de Plenário de modo a forçar a retomada das negociações.

A greve dos defensores tem seu momento decisivo nesta sexta-feira (18), quando a categoria se reúne em assembléia para definir os rumos do movimento.

Requerimento - A comissão aprovou ainda requerimento do deputado Carlin Moura para a realização de nova audiência pública para continuar o debate sobre o assunto.

Presenças - Deputadas Rosângela Reis (PV), presidente; e Elisa Costa (PT), vice; e deputados Antônio Carlos Arantes (PSC), Domingos Sávio (PSDB), Walter Tosta (PMN), Carlin Moura (PCdoB), Agostinho Patrús Filho (PV), Lafayette de Andrada (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Chico Uejo (PSB) e Padre João (PT). Também participaram da reunião o presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos, Fernando Calmon; e o representante da Amagis, Cláudio Barreto de Figueiredo.

 

 

 

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