Dia de Luta contra a Homofobia é comemorado na Assembléia

As comissões permanentes de Direitos Humanos e de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais real...

17/05/2007 - 00:01
 

Dia de Luta contra a Homofobia é comemorado na Assembléia

As comissões permanentes de Direitos Humanos e de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizaram, na manhã desta quinta-feira (17/5/07), uma audiência conjunta para comemorar o Dia de Luta contra a Homofobia, estabelecido pela Lei Estadual 16.636, de 2007, de iniciativa da então deputada Jô Moraes (PCdoB). Os deputados Durval Ângelo (PT) e Carlin Moura (PCdoB) receberam lideranças dos movimentos homossexuais e autoridades na luta contra a discriminação, que falaram sobre o estágio atual da conquista de direitos de cidadania para esses segmentos historicamente discriminados.

Inicialmente, Durval Ângelo, que presidiu o evento, revelou que morrem 160 homossexuais por ano no Brasil, assassinados por intolerância sexual, ou por suicídio motivado pelas agressões, preconceitos, rejeição social e expulsão do lar pela família. "São mais mortes anuais do que de soldados americanos no Iraque", comparou o deputado. Na Alemanha, quatro em cada cinco suicídios seriam por motivo de orientação sexual, e os homossexuais sofrem ainda com o abuso de drogas que ingerem para suportar as humilhações que sofrem, segundo Durval Ângelo.

Cálculos apresentados por Carlos Magno, secretário da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, dão conta de que há 38 milhões de homossexuais no Brasil, e que seus direitos à cidadania plena são cerceados. São 2.511 as mortes registradas de 1980 a 2005. Proporcionalmente, o número é menor em Minas, 104 assassinatos no mesmo período.

O assassinato mais emblemático é o do bailarino Igor Xavier, ocorrido há quatro anos em Montes Claros. O crime já levou várias vezes a Comissão de Direitos Humanos àquela cidade. Durval Ângelo revelou que o desfecho está próximo: um rico fazendeiro, apontado como autor, já esgotou as manobras protelatórias e será julgado em agosto ou setembro próximo. "Trata-se de uma promessa do juiz de Montes Claros, e sugiro que a militância relembre à sociedade a crueldade desse crime antes do julgamento", disse o deputado.

Lésbicas se preocupam com invisibilidade social

Soraya Meneses, da Associação das Lésbicas, afirmou que a violência que aumenta contra as mulheres em Belo Horizonte recrudesce especialmente contra as lésbicas e revelou que muitas das profissionais do sexo hoje na cidade são lésbicas desempregadas que migraram do interior, onde a intolerância é pior. "Historicamente dizemos não àquilo que a sociedade espera de nós. Somos expulsas de casa por amar outra mulher e ainda enfrentamos o preconceito da invisibilidade social", disse Soraya, explicando que os boletins policiais que relatam casos de agressão paterna à filha lésbica registram apenas briga de família, assim não há dados estatísticos confiáveis sobre os dramas desse segmento.

Durval Ângelo informou sobre decisão recente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em que o cabo da PM Marcos Antônio Oliveira Alves, expulso por ser gay, foi reintegrado à corporação e recebeu indenização de R$ 25 mil por danos morais. Entre os avanços ocorridos em Minas, estão a mudança de atitude da Polícia Militar, que hoje discute com a militância gay formas mais respeitosas de abordagem policial, e a iniciativa do Ministério Público, que planeja editar, em conjunto com o Centro de Referência Homossexual, uma cartilha sobre os direitos e garantias dos homossexuais.

Travestis querem representante político próprio

O subsecretário de Estado de Direitos Humanos e ex-deputado, João Batista de Oliveira, mencionou a legislação estadual de apoio, como a Lei 14.170, de 2002, de sua autoria, que proíbe a discriminação contra homossexuais em locais públicos. Carlin Moura falou sobre a lei da deputada comunista Jô Moraes, que cria o Dia de Luta contra a Homofobia, fixado no dia 17 de maio, data em que, em 1990, a homossexualidade foi retirada do Código Internacional de Doenças pela Organização Mundial da Saúde. Militantes do movimento colheram assinaturas de apoio ao Projeto de Lei 122/06, do Senado, que tipifica como crime atitudes de preconceito sexual.

Walkiria La Roche, da Associação Mineira de Travestis, assegurou que Belo Horizonte está à frente das melhores iniciativas nacionais, e reivindicou representação política própria. "Nós, que vivenciamos a realidade de ser homossexual no Brasil, temos maturidade política para ter representação própria. Sabemos melhor do que ninguém o que é sofrer o preconceito", afirmou.

Presenças: Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; e Carlin Moura (PCdoB), membro da Comissão de Participação Popular. Além dos citados, compuseram a mesa Rodrigo Filgueiras, coordenador do CAO-DH do Ministério Público; Newton Pereira de Souza, secretário adjunto de Direitos da Cidadania da PBH; e Gilton Carneiro, presidente do Grupo Gay de Betim.

 

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