Audiência mostra necessidade de credenciamento de clínicas pelo
Detran
A audiência pública realizada pela Comissão de
Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de
Minas Gerais, nesta quinta-feira (17/5/07), para discutir o
credenciamento de novas clínicaS médicas e de aplicação de testes
psicológicos pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran),
mostrou que há um consenso entre os segmentos envolvidos quanto à
necessidade de abertura de novas vagas. Mostrou também que os atuais
prestadores de serviços querem critérios mais claros, como a escolha
por licitação pública e uma fiscalização mais presente do Detran.
O requerimento da reunião foi apresentado pelo
deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), com o objetivo de esclarecer o
conteúdo de uma minuta do Detran que regulamenta os novos
credenciamentos. Essa minuta foi apresentada pelo órgão em uma
audiência pública realizada em abril deste ano e teria gerado muitas
dúvidas por parte de representantes das clínicas credenciadas. Uma
das preocupações seria exatamente a possibilidade de uma licitação
para a escolha das empresas. Assim como os representantes das
clínicas, de auto-escolas, advogados presentes e outros deputados,
Dalmo Ribeiro Silva também manifestou-se favorável à licitação.
Todos defenderam a necessidade de parceria que inclua a Assembléia
Legislativa e de um debate mais amplo sobre o melhor instrumento
para regulamentar, o decreto ou uma lei, conforme enfatizou o
presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Délio
Malheiros (PV).
O documento originado naquela audiência do Detran
foi encaminhado à Advocacia-Geral do Estado, segundo a delegada do
órgão, Rafaella Gigliotti, que trabalhou na elaboração da minuta,
para subsidiar um decreto a ser assinado pelo governador Aécio
Neves, regulamentando os novos credenciamentos. Segundo Rafaella
Gigliotti, novas modificações não podem mais ser feitas no Detran,
mas na Advocacia-Geral.
Mudanças sugeridas pelas clínicas
Em documento entregue à Comissão de Defesa do
Consumidor, a Associação de Profissionais de Clínicas de Psicologia
e Medicina de Trânsito de Minas Gerais (Apsimt/MG), relacionou
algumas sugestões feitas ao Detran. Entre elas, segundo a presidente
da entidade, Maria José Vilela Lamounier, estão: criação de vaga em
municípios que ainda não tenham clínica e cujo eleitorado ultrapasse
a 20 mil habitantes e em cidades onde já existam estabelecimentos
credenciados, mas onde se observem critérios de demanda, tendo como
base o número de atendimentos mensais; realização de novos
credenciamentos, por meio de licitação; distribuição eqüitativa dos
candidatos por meio de informatização; manutenção das taxas das
prestadoras de serviços no valor equivalente a 3% sobre a tarifa
cobrada do candidato e extinção da taxa anual de renovação do
credenciamento; retirada da indicação do conteúdo mínimo da
avaliação psicológica e da minuta do decreto; e respeito ao direito
adquirido dos psicólogos já credenciados de continuarem no exercício
da função de perito examinador. Em Minas, há 96 clínicas
credenciadas para a realização de exames médicos e testes
psicológicos, presentes em 81 dos 853 municípios mineiros.
Detran reconhece demanda reprimida
Segundo o coordenador da Administração de Trânsito
do Detran, Carlos Alberto Costa e Silva, o órgão reconhece que há
uma demanda reprimida por novas vagas, e a minuta é uma resposta às
necessidades dos usuários. Ele acredita que, com a entrada de novos
credenciados, a prestação de serviços tende a melhorar em relação a
algumas reclamações, como nos casos de atrasos no atendimento médico
e de falta de educação por parte dos atendentes. Sobre a falta de
fiscalização, o chefe da Seção Médica e Psicológica do órgão,
Marcelo Figueiredo, garantiu que elas são feitas mediante denúncias
dos usuários, mas que o trabalho se baseia principalmente no aspecto
educativo junto às clínicas, para sanar os problemas, já que a
estrutura de fiscalização é pequena.
Os representantes do Detran insistiram em que órgão
segue à risca as deliberações do Conselho Nacional de Trânsito
(Contran). E que, quanto às punições, os critérios não são claros,
porque não há uma resolução que trate somente de penalidades. "Elas
se encontram disseminadas em uma série de regulamentações, muitas já
revogadas". Os representantes do Detran desagradaram as clínicas ao
citar que uma pesquisa com usuários sobre a prestação de serviços do
órgão identificou o pagamento de taxas em bancos e o atendimento das
clínicas como os dois piores itens.
Houve ainda relatos de casos no interior do Estado
como as reclamações de usuários que precisam se deslocar até 300
quilômetros para passar pelos exames; a busca de facilidades em
cidades das fronteiras de Minas com São Paulo e Bahia,
principalmente; e a alta credibilidade do documento de habilitação
emitido no Estado.
Projeto de lei trata da regulamentação
O presidente da comissão, deputado Délio Malheiros,
destacou que o assunto não pode ser regulamentado por decreto,
"principalmente na parte que trata de penalidades, que tem de estar
contida em lei, para que, ao tentar aplicá-las, o Detran não esbarre
em ações judiciais". Por isso, apresentou um amplo projeto de lei
que começou a tramitar recentemente. Com 44 artigos, o projeto trata
dos requisitos básicos do credenciamento, das instalações das
clínicas, dos equipamentos, informatização, vistoria, realização dos
exames, penalidades e disposições complementares. "Nosso objetivo é
dar estabilidade jurídica aos prestadores desses serviços",
garantiu.
Os deputados Inácio Franco (PV) e Carlos Pimenta
(PDT) destacaram a necessidade de novas clínicas, especialmente em
regiões deficitárias, como o Norte de Minas. Dalmo Ribeiro Silva
lembrou que,mesmo o assunto estando encerrado pelo Detran, continua
em aberto na Assembléia e nos setores envolvidos, e que a
importância do projeto de lei sobre o decreto é que "a lei vem do
povo".
Requerimentos - Foram
apresentados dois requerimentos do deputado Dalmo Ribeiro Silva,
assinados pelos membros da Comissão de Defesa do Consumidor, pedindo
o encaminhamento das notas taquigráficas da audiência ao Detran; e
formulando solicitação ao governador do Estado para que a minuta do
decreto retorne ao departamento, para novas modificações. Um do
deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), que pede audiência pública
para debater a falta de segurança para os consumidores dos veículos
automotores fabricados no País, e outro do deputado Délio Malheiros,
que faz apelo ao Detran para que disponibilize, para a comissão, os
estudos técnicos que subsidiaram a minuta de regulamentação.
Dois projetos de lei da pauta, os PLs 309/07 e
354/07 foram retirados. O primeiro é do deputado Célio Moreira
(PSDB), e disciplina o marketing direto ativo e cria lista
pública de consumidores para o fim que menciona. E o segundo, do
deputado Durval Ângelo (PT), dispõe sobre instalações sanitárias
para o uso de passageiros em estações rodoviárias e pontos de parada
intermunicipais.
Presenças - Deputados
Délio Malheiros (PV), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Inácio
Franco (PV), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Jayro Lessa (DEM), Getúlio
Neiva (PMDB) e Carlos Mosconi (PSDB) e a deputada Gláucia Brandão
(PPS). Além dos convidados citados na matéria, participaram da
reunião o procurador da Sociedade Brasileira dos Psicólogos
Educadores de Trânsito, Luiz Gustavo Rocha; o presidente do
Sindicato dos Proprietários do Centro de Formação de Condutores de
Minas Gerais, Rodrigo Fabiano da Silva; e o presidente do Sindicato
das Auto-Escolas do Sul de Minas, Sérgio Augusto de
Carvalho.
|