Audiência busca aperfeiçoar PL de Engenharia e Arquitetura Públicas

Importantes sugestões de aperfeiçoamento foram apresentados nesta quarta-feira (9/5/07) ao Projeto de Lei 32/07, da d...

09/05/2007 - 00:02
 

Audiência busca aperfeiçoar PL de Engenharia e Arquitetura Públicas

Importantes sugestões de aperfeiçoamento foram apresentados nesta quarta-feira (9/5/07) ao Projeto de Lei 32/07, da deputada Elisa Costa (PT), que pretende criar um núcleo estadual de Engenharia e Arquitetura Públicas (Neap). Uma audiência da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, presidida pelo deputado Weliton Prado (PT), reuniu representantes do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MG), do Sindicato dos Engenheiros, do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), da Fundação João Pinheiro, da UFMG e da PUC Minas.

Dados citados pelo presidente do CREA-MG, Gilson Queiroz, calculavam que cerca de 400 municípios mineiros não dispunham de equipes técnicas capazes de prestar serviços públicos e engenharia e arquitetura, e tampouco de elaborar projetos para captar recursos. No entanto, Queiroz corrigiu seus números pelas informações prestadas pelo presidente da Associação Mineira de Municípios, Celso Cotta, no Congresso que se realiza no Expominas. Cotta teria afirmado que 90% dos municípios não dispõem desse pessoal.

Críticas importantes ao projeto foram endereçadas por José Osvaldo Lasmar, técnico da Fundação João Pinheiro. Segundo ele, a forma do projeto original, apresentado na legislatura anterior, propunha a criação de um serviço estadual de execução de demandas diretas num formato que não se usa mais em administração pública. À época, o secretário Manoel Costa, que era titular da Sedru, teria orientado a apresentação de um substitutivo para não dissipar a boa idéia da deputada Elisa Costa, pois, da forma original, o projeto não vingaria. O substitutivo pretendia revigorar as associações microrregionais. Essas fariam parcerias com as universidades regionais e apresentariam seus planos ao Neap, para aprovação. O núcleo ficaria subordinado à Sedru, que para isso receberia suplementação orçamentária.

Ministério das Cidades tem R$ 1 bilhão para projetos

Elisa Costa explicou que nem seu projeto, nem o substitutivo, foram votados na legislatura anterior. Ao ser desarquivado, ele voltava da forma original, mas ela já estava preparando a incorporação de todas as contribuições obtidas durante a tramitação. A deputada informou que há tempos vem discutindo projetos para o Programa de Aceleração do Crescimento e que o Ministério das Cidades está abrindo licitações para aplicar R$ 1 bilhão em projetos.

Uma das novidades do PL 32/07 é a participação de todas as entidades na elaboração de um cadastro estadual de profissionais em condições de prestar esse serviço. O Crea-MG ofereceu-se para capacitar as equipes e sugeriu a inclusão do Instituto Mineiro de Engenharia Civil e da Sociedade dos Engenheiros Agrimensores no pool de entidades.

Vários participantes relataram experiências e fizeram reflexões que poderiam inspirar o aprimoramento do projeto. O professor Leonardo Castriota, da UFMG, disse que a luta por uma engenharia e arquitetura públicas vem dos anos 60, mas foi interrompida pelo golpe militar de 1964. Hoje se observa, segundo ele, grande degradação de cidades que eram agradáveis há dez anos, devido às intervenções desplanejadas. Revelou que os grandes compradores de cimento hoje não são mais as empreiteiras, mas os anônimos que constróem sem assistência nas periferias, e por isso o ensino superior está descolado da realidade nacional.

Alfio Conti, professor da PUCMinas, considera que o projeto abre espaço para a extensão universitária e que cria um mercado virgem a ser explorado. Propôs a formação de profissionais para atuarem especificamente nesse novo nicho e a criação de um programa de primeiro emprego para arquitetos e urbanistas. Fez também uma crítica aos conjuntos habitacionais que não atendem as expectativas da população de baixa renda, que não perde oportunidade de modificar rapidamente suas unidades.

PBH regulariza gratuitamente habitações de baixa renda

Júnia Márcia Bueno, da Secretaria de Regulação Urbana de Belo Horizonte, relatou que a Capital mineira tem 80% das edificações em situação irregular, e que a PBH tinha lançado um programa de regularização, em que as famílias de baixa renda não tinham qualquer ônus. A Prefeitura banca a planta, dá baixa e concede licença de habitação.

Roberto Matozinhos, do Sinduscon, relatou um projeto do sindicato para atender famílias de baixa renda com financiamento da Caixa e oferta de materiais de construção a baixo custo ou preço simbólico. O projeto se chama Brechó da Construção. Matozinhos fez uma afirmação polêmica, de que o metro quadrado mais caro de construção era o da população de baixa renda, pela falta de acompanhamento técnico.

Nivaldo Matias, do Sindicato dos Engenheiros, disse que há 30 anos trabalhou num projeto da PUC Minas para capacitar trabalhadores da construção civil para trabalharem nos condomínios que proliferavam em Rio Acima, e também para recuperar moradias em más condições. Matias disse que "a Engenharia é a mais social das profissões", e que é engano classificá-la como profissão técnica.

O deputado Wander Borges (PSB) concordou com ele, já que via muito desperdício de material em habitações nunca concluídas, e introduziu um dado novo no debate: que o orçamento per capita de Belo Horizonte é de R$ 1,9 mil, enquanto o de Ribeirão das Neves mal chega a R$ 500. Borges apelou para a compreensão de que a Região Metropolitana é uma só cidade, e precisa ter soluções compartilhadas. Borges foi prefeito de Sabará.

O deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), por sua vez, foi prefeito de Itabira, cidade que polariza outras 13 ao redor. Apoiou a idéia de reforçar as associações microrregionais - embora admita que poucas funcionam bem - para oferecer os serviços do Neap e também para resolver conjuntamente a questão do lixo e a formulação de projetos para captar verbas.

Os deputados e convidados debateram muito a questão da remuneração dos profissionais de engenharia e arquitetura. Gilson Queiroz, do Crea, disse que os convênios com as prefeituras não funcionam porque os prefeitos têm a ilusão de que os profissionais vão deixar suas atividades remuneradas para atender voluntariamente. "É preciso criar um fluxo financeiro para que os prefeitos possam pagar pelos serviços", propôs.

Presenças - Deputados Weliton Prado (PT), presidente; Ronaldo Magalhães (PSDB), vice-presidente; Wander Borges (PSB), Eros Biondini (PHS) e a deputada Elisa Costa (PT). Participaram ainda Edicleusa Veloso Moreira (Sedru) e Maurício Fernandes da Costa (Crea-MG).

 

 

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