Projeto de subvenção do seguro rural divide opiniões

Às vésperas de ser votado em 1o turno no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o Projeto de Lei (PL) 40...

09/05/2007 - 00:01
 

Projeto de subvenção do seguro rural divide opiniões

Às vésperas de ser votado em 1o turno no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o Projeto de Lei (PL) 409/07, de autoria do governador Aécio Neves, que dispõe sobre subvenção para a contratação de seguro rural, ainda divide opiniões. Representantes dos agricultores familiares defendem que os pequenos proprietários rurais sejam os principais beneficiários da futura lei. O governo do Estado e os grandes fazendeiros querem que todos os produtores sejam igualmente beneficiados com a subvenção. O assunto foi discutido na reunião da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial nesta quarta-feira (9/5/07), a requerimento do deputado padre João (PT).

Inicialmente, o PL 409/07 destinava-se aos pequenos proprietários de terra. "O apoio do governo do Estado, ao assumir parte dos encargos decorrentes do custeio do prêmio do seguro rural, será certamente um incentivo para a maioria dos pequenos produtores", afirma o governador Aécio Neves na mensagem que encaminhou o projeto à Assembléia, em março deste ano.

Na Comissão de Constituição e Justiça, porém, o projeto recebeu emendas de modo a incluir todos os agricultores como beneficiários da subvenção do seguro rural. A Comissão de Política Agropecuária ainda tentou retornar com a prioridade para a agricultura familiar, mas as emendas apresentadas na comissão receberam parecer pela rejeição na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, que apreciou a matéria em seguida.

O objetivo da mudança, segundo o representante do Conselho Estadual de Política Agrícola, João Marcos Caixeta, é criar uma grande base de segurados, de modo a reduzir o preço das apólices. "Catástrofes climáticas não escolhem categorias de agricultores. Com a expansão da base de segurados, vamos viabilizar a redução do custo do seguro e o acesso de todos os produtores rurais a esse benefício", justifica.

A Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg) também defende a universalização do acesso ao seguro rural. "Estamos lidando com um problema de mercado. O prêmio do seguro rural é caro porque ele não tem uma grande massa de clientes. Se restringirmos o seu acesso a um grupo, quem vai perder é esse mesmo grupo", defende o representante da entidade, Rodolfo Osório Oliveira.

Para o deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), o projeto não pode priorizar nenhum público, pois a crise da agricultura atinge todos os proprietários rurais. "Pode parecer que o governo está dando um presente de grego, mas não é esse o objetivo do projeto. Na verdade, estão todos quebrados: pequenos, médios e grandes produtores", afirmou. O deputado Chico Uejo (PSB) também se colocou a favor da universalização do acesso à subvenção do seguro rural.

Pequenos querem prioridade nos recursos

Os pequenos agricultores, no entanto, fazem questão de que o texto defina prioridades de modo a beneficiá-los com o subsídio para a contratação do seguro rural. Esse segmento sofre com a falta de informações para se beneficiar de programas já existentes, como o Pronaf. "Às vezes, o produtor perde a safra e tem que sair do campo por não conseguir arcar com o prejuízo", comentou o representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaemg), Guilherme Gonçalves Teixeira.

O deputado Padre João disse estar angustiado com a possibilidade de que os agricultores familiares fiquem em segundo plano e não consigam se beneficiar da subvenção do seguro rural. Ele cobrou da Secretaria de Estado de Agricultura o envio de uma minuta do decreto que vai regulamentar o seguro rural, para ter certeza de que todos os agricultores serão beneficiados. Essa proposta foi formalizada na forma de um requerimento de sua autoria, aprovado ao final da reunião.

O subsídio para a contratação do seguro rural é uma antiga reivindicação dos produtores rurais mineiros, como lembrou o deputado Weliton Prado (PT). O parlamentar informou que em 2003, a ex-deputada Maria José Haueisen (PT) apresentou um projeto semelhante, que foi desarquivado por ele no início desta legislatura. Ele lamentou a anexação do seu projeto ao do governador, o que considera um desrespeito ao Regimento Interno e à Constituição Estadual.

Atividade agrícola é de alto risco

O governo federal já subvenciona 50% do valor do seguro rural. Caso o PL 409/07 seja aprovado, os agricultores mineiros serão beneficiados com a subvenção de 75% do valor das apólices. Como a atividade agrícola é de alto risco, o preço do seguro é alto e proibitivo para a maioria dos fazendeiros.

Segundo João Marcos Caixeta, do Conselho Estadual de Política Agrícola, 214 produtores foram beneficiados pelo subsídio federal no ano passado, e o valor médio das apólices custeadas girou em torno de R$ 500, o que evidencia a sua utilização principalmente por pequenos agricultores.

Ele adianta que a regulamentação do PL 409/07 será semelhante à do programa federal. Existem apenas cinco seguradoras atuando nesse mercado em Minas, por isso, inicialmente serão seguradas apenas as safras de milho e soja. Mas futuras regulamentações poderão ocorrer em função de variações de públicos e culturas. A Secretaria de Estado de Agricultura dispõe em seu orçamento de R$ 200 mil para as subvenções, o que deve limitar as indenizações a valores entre 500 e 1 mil reais.

Atingidos por barragens - A comissão aprovou requerimento do deputado Padre João para a realização de audiência pública para debater o PL 642/07, de sua autoria, que institui a política estadual de apoio às comunidades atingidas pela construção de barragens.

Presenças - Deputados Padre João (PT), vice-presidente; Antônio Carlos Arantes (PSC), Chico Uejo (PSB) e Weliton Prado (PT). Também participaram da reunião os representantes do Conselho Estadual de Política Agrícola, João Marcos Guabiraba e José Carlos Campelo; da Emater-MG, José Ricardo Ramos; e da Fetraf, Magno Nilton Oliveira.

 

 

 

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