Comissão quer ajudar a resolver crise da saúde em Teófilo Otoni

Quatro deputados da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais visitaram, nesta quinta-feira (3/5/07...

03/05/2007 - 00:00
 

Comissão quer ajudar a resolver crise da saúde em Teófilo Otoni

Quatro deputados da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais visitaram, nesta quinta-feira (3/5/07), o Hospital Municipal Raimundo Gobira, em Teófilo Otoni, cidade que enfrenta uma grave crise na saúde pública. Conversaram com dezenas de pacientes que aguardavam atendimento e principalmente com os médicos e autoridades municipais, entre elas a prefeita Maria José Haueisen (PT) e a secretária interina de Saúde, Ildete Mota.

Os deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão, Carlos Pimenta (PDT), Ruy Muniz (DEM) e Doutor Rinaldo (PSB) percorreram o ambulatório, as salas de urgência e emergência e a unidade de internação, cujos serviços estão suspensos enquanto a prefeitura providencia uma reforma com recursos do ProHosp. A administração municipal acaba de concluir uma negociação com os ortopedistas em greve e já começa a enfrentar uma greve de anestesistas.

Como Teófilo Otoni tem um serviço de Ortopedia considerado referência, inúmeros pacientes encaminhados não só pelos 63 municípios pactuados, como também por outros Estados, demandam esse serviço. Com a greve dos anestesistas, as cirurgias continuam suspensas. O gerente regional de Saúde, Ivan Santana, disse que o Raimundo Gobira tinha 59 leitos pelo SUS, e que a Ortopedia é o gargalo do atendimento. Ele mesmo declarou estar vitimado pelo surto de dengue que só agora Teófilo Otoni está conseguindo controlar. O número correto de casos ocorridos neste surto é de 2.924, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Em 2006, ocorreram apenas 13 casos registrados.

Cem pacientes por dia para cada médico

O diretor clínico do hospital municipal, Dr. Luiz Antônio Ribeiro, disse que é plantonista há quatro anos e fala em nome dos colegas que enfrentam plantões em que precisavam atender até cem pacientes em 12 horas. Para ele, isso desumaniza a relação com os pacientes. A solução estaria em questionar e redesenhar a estrutura de saúde do município como um todo. "É preciso pôr em funcionamento várias unidades de atenção básica na periferia e ficar aqui só com a urgência e emergência", sugeriu.

Como as queixas e as informações chegavam desordenadas aos deputados, o presidente da Câmara Municipal, Northon Neiva, sugeriu que todos se sentassem no Plenário da Câmara para debater de forma mais organizada. Mosconi aceitou a sugestão e cancelou a visita subseqüente a um posto de saúde da prefeitura. Disse que era visível a dificuldade financeira do município e que iria levar a questão ao Governo do Estado para um posicionamento mais firme.

Dois problemas ficaram claros para os deputados. Um deles é a incapacidade financeira do município em arcar com os custos da urgência e emergência. A prefeita Maria José Haueisen informa que gastou no exercício de 2006, nada menos que 26% do orçamento municipal em atendimento à saúde, quantia insuficiente para atender as 500 pessoas que demandam diariamente o Hospital Raimundo Gobira.

Saída está no fortalecimento do PSF e da Farmácia

O outro problema é de gestão da saúde. O deputado Carlos Pimenta disse ter ficado "apavorado com o esboço de hospital que é o Raimundo Gobira, que assume responsabilidade pelo tratamento dos pacientes, mas não recebe recursos para atender". Pimenta notou que não há um dirigente, o diretor técnico não se faz presente, e até a secretária de Saúde é interina. Segundo ele, os médicos ali correm riscos gravíssimos, não só de agressão, como tem acontecido, mas de ter que responder por negligência em casos de óbito.

Doutor Rinaldo recomendou que a primeira atitude a ser tomada é reconhecer que o problema de saúde é grave e que a cidade não conseguirá resolver sozinha. A segunda é colocar em bom funcionamento os programas de Saúde da Família e de Farmácia, que permitirão melhorar a atenção básica e economizar com agravamentos de doenças que exigem tratamentos mais dispendiosos.

Para o deputado Ruy Muniz, as soluções surgem com facilidade se houver união de forças políticas em favor do município. "Noto que está faltando diálogo entre as lideranças, e também que os salários pagos aos médicos do PSF aqui são melhores do que em Montes Claros. Parece que está faltando divulgação, porque certamente os interessados surgirão", afirmou. A prefeita confirmou que paga R$ 6.500,00 a cada médico do PSF. Muniz propôs que seja constituída uma Oscip para fazer administração terceirizada do hospital municipal, e assegurou que essa fórmula foi aplicada com sucesso na administração dos hospitais da Prefeitura de São Paulo na administração Martha Suplicy.

Conflitos políticos protelam as soluções

Por sua vez, o presidente da Comissão de Saúde, Carlos Mosconi, disse que, com a visita, os deputados perceberam a gravidade e a dimensão do problema. "Vamos levar o relato dessa visita ao secretário de Saúde, Marcus Pestana, e nosso papel não se encerra aqui. Vamos convocar alguns dos senhores a outras reuniões em Belo Horizonte até chegarmos à solução do problema".

Por outro lado, Mosconi exortou as lideranças de Teófilo Otoni a entrarem em acordo. "Se levarmos o embate político, a população é quem paga o preço. A saúde é pobre, é problemática. Nunca há dinheiro suficiente. Quando conseguirmos regulamentar a Emenda 29, haverá mais recursos. Mesmo assim, não se iludam de que será possível atender perfeitamente a todos. Se tudo funcionar bem, mesmo assim alguém ainda vai reclamar", afirmou.

Durante a visita, os deputados entrevistaram pacientes das cidades de Ataléia, Catuji, Bias Fortes, Pote, Angelândia, Novo Cruzeiro e Novo Oriente. Maria José Haueisen informou que a cidade de Teófilo Otoni tem 129 mil habitantes, mas que a região pactuada ultrapassa um milhão de pessoas, para serem atendidas com recursos insuficientes.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), Ruy Muniz (DEM) e Doutor Rinaldo (PSB).

 

 

 

 

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