PBH relata ações na saúde; ALMG quer liderar debate sobre Emenda 29

A defesa do Programa de Saúde da Família (PSF) como âncora da melhoria do SUS; a criação de um consórcio público na á...

02/05/2007 - 00:01
 

PBH relata ações na saúde; ALMG quer liderar debate sobre Emenda 29

A defesa do Programa de Saúde da Família (PSF) como âncora da melhoria do SUS; a criação de um consórcio público na área de urgência, que é um dos gargalos do sistema; a implantação de um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a área da saúde; e a regulamentação da Emenda Federal nº 29, de 2000. Todas essas propostas foram feitas pelo secretário de Saúde de Belo Horizonte e presidente do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Helvécio Miranda Magalhães Júnior, que falou nesta quarta-feira (2/5/07) à Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Movimento nacional - Tanto o secretário quanto os deputados voltaram a defender a regulamentação da Emenda Federal nº 29, de 2000, que vai especificar quais serviços públicos serão considerados como de saúde na contabilização da receita mínima que deve ser aplicada na área pelos governos federal, estaduais e municipais. O presidente da Comissão de Saúde da ALMG, deputado Carlos Mosconi (PSDB), e os deputados Carlos Pimenta (PDT) e Doutor Rinaldo (PSB) anunciaram a promoção de um grande debate em junho, envolvendo integrantes das comissões de saúde de outras Assembléias do País, além dos três níveis de governo. A idéia da recém-criada Frente Parlamentar da Saúde da ALMG e da própria comissão é deflagrar um movimento nacional pela regulamentação da Emenda 29, cobrando do Congresso a votação de projeto sobre o assunto.

Ressaltando o protagonismo da comissão no debate sobre a Emenda 29, o secretário defendeu um PAC para o setor, a fim de compor um estágio avançado de desenvolvimento do SUS. Para ele, é fundamental regulamentar a Emenda, dizendo onde cada milhão será investido e com qual impacto. "O PAC não dará certo se não houver o PAC da Saúde, assim como foi anunciado o da Educação", completou, lembrando que a saúde é um complexo produtivo, gerando 2 milhões de empregos.

Além de defender a regulamentação da Emenda 29, o deputado Ruy Muniz (DEM) ratificou as palavras de Helvécio Magalhães, ao cobrar a elevação do valor per capita repassado a Minas via SUS. De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Marcus Pestana, em depoimento anterior à comissão, enquanto nos planos particulares o custo anual per capita é de R$ 5 mil, em média, a cifra no SUS é de R$ 500 (somando todos os investimentos feitos nos três níveis de governo e dividindo o montante pela população). Também saíram em defesa da regulamentação da Emenda e da elevação dos valores per capita os deputados Domingos Sávio (PSDB) e Célio Moreira (PSDB).

Secretário anuncia mutirão para cirurgias eletivas

O secretário de Saúde de Belo Horizonte anunciou aos deputados que a Prefeitura fará um grande mutirão para operar 100 mil pessoas até dezembro de 2008. Com a medida, a PBH tenta resolver um dos gargalos do sistema, que são as cirurgias eletivas, com pessoas aguardando anos na fila para se submeterem ao procedimento. Os recursos virão do município (60%) e do Ministério da Saúde. Levantamento feito entre 1998 e 2005 apontou que mais de 70 mil pessoas estariam, em tese, na fila de espera. Ao checar, no entanto, as informações com os gestores de outros municípios (mais de 600 cidades agendam cirurgia em BH), não se descobriu o endereço da maioria.

Sobre o Programa de Saúde da Família (PSF), Helvécio Magalhães pontuou que fortalecer esse projeto e adequá-lo às características regionais de Minas é fundamental para que a regionalização dê certo. "É assim no mundo. Não existe estrutura hospitalar e de urgência sem uma atenção básica à saúde bem feita", ressaltou em entrevista à imprensa, depois da reunião. A implantação do PSF na Capital contribuiu para reduzir internações. Hoje, são 507 equipes implantadas, com 450 mil famílias assistidas e 1,7 milhão de cadastrados. O programa atinge 76% da população de BH, o que é destaque no País. Um problema enfrentado nessa esfera, no entanto, é que 76% dos médicos em Minas têm contratos precários no PSF, de acordo com dados do censo de recursos humanos da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Ao responder aos deputados que indagaram sobre ações na área de urgência médica, Helvécio Magalhães informou que uma proposta em estudo é adotar a alternativa de um consórcio público na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Experiência antiga no setor, o consórcio foi regulamentado em janeiro deste ano pelo presidente Lula. De acordo com Magalhães, esse consórcio seria viabilizado em parceria da PBH com outros municípios e governo do Estado. Por meio dessa alternativa, seria possível, por exemplo, a contratação de profissionais por seleção pública, sem vínculos precários, em todas as unidades de urgência da região.

Agendas incompletas - À frente do Conasems, Helvécio Magalhães enfatizou aos deputados que o conselho de secretários municipais de saúde defenderá a conclusão do que chamou de agendas incompletas do setor. Entre elas, a qualificação do PSF; a resolução dos gargalos da média complexidade (consultas especializadas, exames e cirurgias eletivas); e as urgências. Também defendeu a bandeira da elevação da tabela do SUS - cobrança recorrente no setor.

Deputados fazem indagações

O secretário também respondeu várias perguntas dos deputados e repercutiu análises dos parlamentares sobre os problemas do setor saúde. O deputado Doutor Rinaldo (PSB) cobrou que sejam injetados recursos nos pronto-socorros e também que seja implantado em Divinópolis o PSF. O deputado Carlos Pimenta (PDT) indagou sobre o atendimento dos idosos, sobre procedimentos alternativos como acupuntura e o que está sendo feito para combater o câncer de mama.

Já o deputado Domingos Sávio (PSDB) opinou que a questão da saúde não é somente de destinação de recursos. Segundo ele, é necessário também discutir a gestão do SUS e o fato de que muitos municípios não têm controle dos gastos. "É preciso colocar o dedo na ferida", disse. O deputado Ruy Muniz (DEM) também comentou os problemas de gestão e a necessidade de qualificação profissional, além de ressaltar a importância do enfoque na prevenção.

O deputado Célio Moreira (PSDB) cobrou atendimento ortopédico no Barreiro, na Capital, e atendimento especializado para os portadores de transtornos mentais. Em resposta à última questão, o secretário informou que a PBH assumiu o compromisso público de melhorar o atendimento especializado para os pacientes citados, estando empenhada na contratação de clínicas específicas.

Todos os parlamentares defenderam, ainda, a regulamentação da Emenda 29. O deputado Carlos Pimenta (PDT) afirmou que, no debate sobre o Orçamento do Estado, vai cobrar a destinação de recursos "sem maquiagem". Hoje, verba destinada ao saneamento e à previdência dos militares, por exemplo, é considerada investimento em saúde. O deputado Célio Moreira chegou a sugerir uma reunião para debater apenas este tema, mas foi informado de que essa discussão já está agendada.

Magalhães responde deputados sobre Cardiominas e investimentos no setor

Helvécio Magalhães informou que o Centro de Especialidades Médicas (CEM) Metropolitano, a ser instalado no prédio do antigo Cardiominas, será inaugurado em julho deste ano. Neste local, os pacientes poderão ter acesso a consultas especializadas e a exames para apoio diagnóstico. Ele respondeu ao deputado Carlos Pimenta (PDT), informando que estão em processo de compra os equipamentos do centro (serão R$ 4 milhões em aquisições). A expectativa é de prestação de 31 mil consultas e 11 mil procedimentos mensalmente, o que representa quase metade do que é feito hoje.

Ao apresentar um balanço do trabalho da PBH, o secretário informou que um dos grandes problemas hoje é o déficit de leitos clínicos para internação, incluindo os leitos para terapia intensiva de adultos. O déficit seria de 400 leitos na macrorregião de Belo Horizonte, que abrange não somente a RMBH, mas também municípios como Sete Lagoas e Divinópolis, totalizando 5 milhões de habitantes. Ele lembrou que, do total de internações na Capital, 45% são do interior (e, destes 45%, 75% provêm da Região Metropolitana). "Essa situação é preocupante, pois agudiza as dificuldades e mostra as deficiências do interior", analisou. Para solucionar a questão, o secretário defendeu o fortalecimento das microrregiões, caminhando-se para um desenho regional de saúde.

Ao informar os investimentos em saúde pela PBH, em 2006, Magalhães disse que, dos R$ 940 milhões executados, R$ 344 milhões foram do Tesouro municipal - o que representa a aplicação de 19,75% da receita corrente líquida no setor saúde. Esse índice é superior ao que determina a Emenda nº 29, que é de 15%, no caso dos municípios.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), Doutor Rinaldo (PSB), Ruy Muniz (DEM), Domingos Sávio (PSDB) e Célio Moreira (PSDB).

 

 

 

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