Crise em Teófilo Otoni será investigada pela Comissão de
Saúde
O deputado Getúlio Neiva (PMDB) tem qualificado
como "caótica" a situação da saúde pública em Teófilo Otoni, cidade
da qual foi prefeito até 2004. Ele atribui ao secretário de Estado
da Saúde, Marcus Pestana, a afirmação de que o maior problema de
saúde, hoje, no Estado, está localizado nessa cidade. Neiva
denunciou também o fechamento do Hospital Municipal Raimundo Gobira
e a ameaça de fechamento do São Lucas e do Vera Cruz. Os casos de
dengue notificados, segundo o deputado, são 4,4 mil, e os não
notificados, segundo pesquisa do Ministério da Saúde, chegariam a 22
mil, o que configuraria epidemia.
A requerimento dele, a Comissão de Saúde da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais se deslocará para uma visita
à cidade na próxima quinta-feira (3/5/07). A partir das 9h30, haverá
uma visita ao hospital municipal e depois a outras unidades de saúde
do município. O presidente da Comissão, deputado Carlos Mosconi
(PSDB), confirmou sua presença e disse que deseja contribuir para
melhorar o atendimento à população e para assegurar o funcionamento
dos hospitais.
Getúlio Neiva disse que obteve, junto ao Governo do
Estado, o envio a Teófilo Otoni de oito veículos UBV para
pulverização contra o mosquito da dengue. Apelou à prefeita Maria
José Haueisen (PT) que aceite a ajuda que o Governo está oferecendo
para enfrentar a crise de saúde na cidade. A prefeita disse que a
presença dos deputados será muito bem-vinda para conhecer a situação
que o município enfrenta e que acompanhará toda a visita dos
integrantes da Comissão de Saúde. Afirmou que aceita qualquer ajuda
"que não fique no discurso, mas que se traduza em ação
coerente".
Segundo ela, o hospital Raimundo Gobira não está
fechado e o ambulatório continua atendendo cerca de 800 pessoas,
diariamente. Apenas as internações foram suspensas este ano porque o
hospital não apresentava as condições exigidas pela Central de
Leitos. A cidade recebeu verbas do ProHosp para reforma da
internação, mas ainda não teve condições de aplicá-las inteiramente.
"Desde fevereiro enfrentamos uma greve de ortopedistas, embora nossa
remuneração pelos plantões seja a melhor da região. Mas estamos já
chegamos a um acordo com eles", informa a prefeita.
Getúlio Neiva afirma que o problema do hospital
municipal é má-gestão, porque teria recebido recursos do ProHosp no
valor de R$ 1,2 milhão no ano passado sem prestar contas e sem
concluir a reforma. "Quando fui prefeito, tomei o hospital da
Maçonaria e elevei o faturamento do SUS de R$ 70 mil para R$ 240
mil. Hoje, esse faturamento caiu para R$ 50 mil", afirma.
A prefeita Maria José contrapôs que o município
gasta 26% do seu orçamento com Saúde, quando a lei lhe exige apenas
15%. "Mesmo assim não é suficiente, e lutamos com recursos minguados
para atender uma imensa região com 63 municípios, e ainda recebemos
pacientes do Espírito Santo e da Bahia".
A secretária Municipal de Saúde, Ildete Silva Mota,
assegura que não há risco de fechamento dos hospitais São Lucas e
Vera Cruz, e que estes apenas estariam cogitando descredenciar-se do
SUS por causa da defasagem da tabela. "Esse não é um problema local,
mas ocorre em todo o Estado", afirmou.
Ildete Mota confirma 3 mil casos de dengue
notificados na cidade, e outros 3 mil não notificados, mas nega que
tenha havido aumento nos índices. "Retornamos aos mesmos níveis de
2003 e 2004, porque em 2005 e 2006 não tivemos dengue na cidade",
afirmou, acrescentando que não há registro de nenhum caso de dengue
hemorrágica, nem de mortes causadas pela doença. Informou também que
as ações preventivas, como o controle de focos da doença e
esclarecimento à população tinham sido intensificadas e aprovadas
pelo secretário adjunto da Saúde de Minas, Luiz Márcio
Araújo.
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