PBH anuncia edital para aterro; moradores cobram participação

Até o final de maio, a Prefeitura de Belo Horizonte vai publicar edital para credenciamento de empresas visando à con...

25/04/2007 - 00:00
 

PBH anuncia edital para aterro; moradores cobram participação

Até o final de maio, a Prefeitura de Belo Horizonte vai publicar edital para credenciamento de empresas visando à concessão do serviço de destinação final do lixo, na forma de aterro sanitário. A informação foi prestada, nesta quarta-feira (25/4/07), pela superintendente de Limpeza Urbana da PBH, Sinara Chenna, a deputados e moradores dos bairros no entorno do aterro sanitário da BR-040. A Prefeitura afirmou que serão cumpridas todas as determinações do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam): que as atividades do aterro sanitário sejam encerradas até dezembro de 2007 ou até que o aterramento da ampliação da área atinja a cota 930 (930 metros acima do nível do mar); e que a comunidade participe das decisões sobre a recuperação do passivo ambiental da área.

Apesar das garantias dadas pela Prefeitura, os moradores - inclusive estudantes, que lotaram o Auditório - demonstraram preocupação quanto aos desdobramentos da decisão do Copam. Em reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, eles relataram seu sofrimento diário devido à proximidade do aterro sanitário. Questionaram também, em representação encaminhada ao prefeito Fernando Pimentel e entregue à comissão, as vantagens, para o município, do aterramento em detrimento da adoção de novas tecnologias. Cobraram ainda a participação ativa da comunidade no processo de recuperação do passivo ambiental. "Os problemas não desaparecerão como num passe de mágica. Não podemos nos dispersar", alertou Ricardo Costa, do Movimento Muda Aterro da BR-040.

O vice-presidente da comissão, deputado Fábio Avelar (PSC), que solicitou o debate desta quarta, lembrou que a ALMG vem discutindo esse assunto há mais de dois anos, além de destacar como vitoriosa a mobilização da comunidade para resolver os impasses quanto às atividades do aterro sanitário. Ao final da reunião, sugeriu à Prefeitura que não descarte a adoção de novas tecnologias na destinação final dos resíduos, defendendo maior reflexão sobre o assunto. Avelar informou aos moradores que a Comissão de Meio Ambiente acompanhará o cumprimento de todas as determinações e prazos fixados pelo Copam. Também foram solidários com a comunidade os deputados Wander Borges (PSB) e Rômulo Veneroso (PV).

Comunidade cobra implementação das medidas determinadas pelo Copam

Na representação encaminhada ao prefeito e repassada à comissão pela advogada Mônica Chaves, os moradores também cobraram que sejam cumpridas as deliberações do Copam. O presidente da Associação de Desenvolvimento da Região do Pindorama, Expedito Martins, declarou ser insuportável conviver com o lixo. "Hoje, a questão do meio ambiente é de vida ou morte e nós optamos pela vida", enfatizou.

Martins foi apoiado pelo presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Nossa Senhora da Glória, Osvaldo Pereira Sanches, e pelo diretor da Orbis-Clube Califórnia, Rafael Afonso Silva, que agradeceu o apoio dado pela ALMG e afirmou que a decisão do Copam é uma primeira vitória da comunidade. Já o morador Antônio Donizete Silva, do Movimento Muda Aterro da BR-040, fez um discurso emocionado sobre os problemas causados pelo aterro e cobrou que a área seja transformada em um parque ecológico. Ele também questionou o prazo para se atingir a cota 930, afirmando que isso poderia acontecer já em meados deste ano.

PBH informa próximas ações

A superintendente da SLU, Sinara Chenna, informou que, até a próxima semana, serão sistematizadas todas as propostas de recuperação do passivo ambiental já apresentadas pela Prefeitura à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). Depois disso, será aberta a discussão com a comunidade, a fim de apresentar o projeto e colher sugestões. Até o dia 3 de junho, a PBH deve apresentar projeto de recuperação do passivo ambiental do aterro. Outra determinação do Copam é que ela formalize, até setembro deste ano, processo de licença prévia para nova área de destinação final dos resíduos.

Sinara Chenna explicou que, tendo em vista a necessidade de resolver em curto prazo a situação do aterro da BR-040, a opção mais adequada foi a de aterro sanitário. "Não existe outra tecnologia implantada ou passível de implantação em poucos meses", ponderou. No último dia 13 de abril, como etapa anterior à publicação do edital de credenciamento, foram apresentados à PBH oito projetos relativos à destinação final do lixo, sendo que seis se referiam à tecnologia de aterro sanitário. No credenciamento, existe a opção de firmar contrato com mais de uma empresa, caso todas estejam aptas a prestar o serviço.

Contraponto - A superintendente não descartou, por outro lado, a possibilidade de uso de novas tecnologias na gestão dos resíduos. Informou que já está pronta minuta de edital para que o gás metano do aterro sanitário seja aproveitado economicamente, para fins de obtenção de crédito de carbono. Questionaram a opção da Prefeitura pela tecnologia de aterro sanitário representantes do Consórcio BH Energia, formado por três empresas. Renê Júnior e Hélio Ricardo Fortes Ribeiro defenderam sua proposta de transformar o lixo em energia ao invés de enterrá-lo e de gerar empregos por meio do trabalho de seleção dos resíduos e do estímulo à reciclagem.

Em entrevista à imprensa, Chenna informou que a audiência pública promovida pela Prefeitura em 13 de abril apontou a existência de dois aterros privados, em Sabará e Betim, que poderiam atender à demanda da Capital em curtíssimo prazo. Outras empresas poderiam também implantar aterros. Os 2,5 milhões de habitantes de BH produzem, hoje, diariamente, cerca de 3 mil toneladas de lixo domiciliar. Durante a reunião, a superintendente reafirmou que a Prefeitura não vai, no entanto, abandonar a estratégia de implantar um aterro sanitário em Esmeraldas, numa parceria entre Belo Horizonte e aquele município.

Feam responde críticas - Também presente à reunião, a gerente da Divisão de Saneamento da Feam, Denise Bruschi, destacou que a fundação - braço técnico do Copam - sempre defendeu a interação entre PBH e moradores do entorno do aterro sanitário. "O problema tem sido conduzido de forma responsável", frisou, respondendo a questionamentos dos moradores sobre a demora em resolver a questão do aterro.

PL que altera lei do Fhidro é analisado

Está pronto para ser analisado em 1º turno pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária o Projeto de Lei (PL) 68/07, do deputado Paulo Guedes (PT), que determina que, na aplicação dos recursos do Fhidro, seja dada prioridade à Bacia do Rio Jequitinhonha. O projeto altera a Lei 15.910, de 2005, que dispõe sobre o Fundo de Recuperação e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro). Ele teve parecer favorável aprovado pela comissão, também nesta quarta.

A Comissão de Constituição e Justiça havia apresentado a emenda nº 1, a fim de que todas as bacias da área de atuação do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste do Estado (Idene) tenham prioridade. Já o relator pela Comissão de Meio Ambiente, deputado Wander Borges (PSB), apresentou o substitutivo nº 1 à matéria, por discordar das mudanças propostas no projeto original e também por entender que a lei merece ser aprimorada, a fim de se tornar mais eficaz no apoio à gestão dos recursos hídricos.

O substitutivo atende sobretudo à reivindicação de mais verbas para implantação da política estadual de recursos hídricos, feita pela sociedade civil aos deputados durante o VI Fórum das Águas, em março de 2007. O relator cita como exemplo das dificuldades que, entre os 29 comitês estaduais de bacia hidrográfica existentes, apenas dois já elaboraram seus planos diretores de recursos hídricos e deram início ao cadastramento de usuários de água em sua área de atuação.

Conteúdo do substitutivo - Para tentar resolver o problema, o substitutivo acrescenta o parágrafo 4º ao artigo 5º da Lei 15.910, determinando que, na aplicação dos recursos não vinculados do fundo, será dada prioridade ao financiamento de projetos que visem à elaboração de planos diretores de recursos hídricos de bacias hidrográficas e à implantação de sistema de informações e cadastramento de usuários de recursos hídricos.

O substitutivo também dá nova redação ao inciso II do artigo 5º da mesma lei. Esse artigo relaciona as formas de aplicação dos recursos do Fhidro, e a nova redação do inciso estabelece a seguinte forma: "não reembolsável, para pagamento de despesas de consultoria e de custos de execução de programas, projetos ou empreendimentos de proteção e melhoria dos recursos hídricos, aprovados pelo comitê de bacia hidrográfica da área de influência do projeto ou empreendimento e, na falta deste, pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos, após análise pela respectiva agência de bacia ou entidade equiparada ou pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam)". Hoje, o texto da lei traz o termo "reembolso", ao se referir aos custos de execução dos programas de proteção e melhoria dos recursos hídricos.

Adiada análise de projeto que estabelece condições para instalar frigorífico e abatedouro

Foi adiada a análise do parecer do deputado Fábio Avelar (PSC) sobre o PL 131/07, do deputado Adalclever Lopes (PMDB), que estabelece condições para a instalação e o funcionamento de frigoríficos, matadouros, abatedouros e charqueadas no Estado. O relator opinou pela aprovação na forma do substitutivo nº 2, mas o deputado Rômulo Veneroso (PV) pediu vista do parecer, ou seja, mais prazo para analisá-lo.

O substitutivo nº 2 determina que a concessão de licença ambiental para estabelecimentos de carnes e derivados obedecerá às normas previstas na futura lei, sem prejuízo de outras exigências estabelecidas em normas federais, estaduais e municipais. Lista, ainda, a quais estabelecimentos se aplica a norma: matadouro-frigorífico; matadouro; matadouro de pequenos e médios animais; charqueada; fábrica de produtos suínos; fábrica de produtos gordurosos; fábrica de produtos não comestíveis e matadouro de aves e coelhos.

Na cidade - O substitutivo veda, no artigo 3º, a concessão de licença ambiental para a implantação de estabelecimentos de carnes e derivados em perímetros urbanos ou em locais densamente povoados. Esta regra não se aplicará, no entanto, no caso da implantação de estabelecimentos de carnes e derivados em distrito industrial regularmente instituído ou em local especialmente destinado para este fim em plano diretor municipal; e de empreendimento em fase de instalação, devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente em data anterior à vigência da futura lei.

No artigo 4º, o substitutivo determina que a renovação da licença ambiental de estabelecimentos de carnes e derivados situados em perímetros urbanos ou em locais densamente povoados fica condicionada ao cumprimento prévio das seguintes exigências: comunicação do pedido de renovação da licença ambiental ao prefeito Municipal, presidente da Câmara e ao titular de Conselho Municipal de Meio Ambiente, ou órgão equivalente, quando houver; realização de audiência pública pelo órgão estadual competente, a requerimento dos interessados, segundo o disposto na legislação aplicável; e apresentação de nova certidão de conformidade do empreendimento com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo, expedida pelo município.

Justificativa do relator - Na justificativa para apresentar o parecer, o relator lembra que, originalmente, o projeto proíbe a instalação e o funcionamento desse tipo de estabelecimento em perímetros urbanos ou em áreas densamente povoadas. Pondera, no entanto, que o fundamental é garantir que a instalação e o funcionamento desses empreendimentos - seja em perímetro urbano ou em zona rural - sigam os procedimentos legais e técnicos previstos na legislação ambiental. Caso contrário, devem ser aplicadas as sanções cabíveis, entre as quais a interdição ou até mesmo o encerramento da atividade.

Além desse aspecto, o relator entende que a implantação dessa atividade em regiões urbanas deve ser restringida, mas não totalmente vedada, considerando-se que planos diretores municipais ou distritos industriais podem destinar locais específicos para esse fim dentro de perímetros urbanos. Já o processo de renovação ganha novas regras com o substitutivo, que também promove a adequação do texto ao Decreto Federal 30.691, de 1952, que dispõe sobre o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal.

Na Comissão de Constituição e Justiça, o PL 131/07 recebeu o substitutivo nº 1, que exclui os vícios jurídicos originais e mantém o objetivo primeiro de proibir a instalação e o funcionamento desse tipo de estabelecimento em perímetros urbanos ou em áreas densamente povoadas. O substitutivo nº 1 inova ao prever que, nesses locais, não será também permitida a renovação da licença ambiental para aqueles empreendimentos.

Diagnóstico da Feam aponta problemas

No parecer, o relator do PL 131/07 também traz um diagnóstico ambiental das indústrias de abate no Estado, elaborado pela Feam, de setembro de 2003. Em novembro de 2002, havia 136 frigoríficos e indústrias de carne e derivados em atividade cadastrados na fundação, entre os quais 28 eram municipais e 108 particulares. Esses empreendimentos estavam distribuídos em 93 municípios, com maior concentração no Triângulo Mineiro, Sul de Minas e Zona Metalúrgica. Os municípios com maior número desses empreendimentos são Uberlândia e Montes Claros, com seis cada, e Araguari, Campo Belo e Pará de Minas, com cinco cada.

Outro dado do diagnóstico é que existiam, à época, 44 empresas particulares com licença de operação, mas somente 31 com Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) e, dessas, 24 cumpriam integral ou parcialmente o programa de automonitoramento. Ainda segundo esses dados de 2003, do universo de 26 empresas que tinham remetido à Feam os resultados de automonitoramento de suas ETEs, 54% iniciaram suas atividades produtivas antes de março de 1981 e 58% estavam em zona rural.

Requerimentos aprovados - A comissão aprovou 10 requerimentos solicitando a realização de audiências públicas, debate público e providências a órgãos de Estado. Os requerimentos são:

* Do deputado Doutor Viana (DEM), que solicita audiência pública para debater as Leis Delegadas 125 e 178, de janeiro deste ano.

* Do deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente da comissão, que solicita audiência pública na sede regional do Copam no Sul de Minas, a fim de avaliar os impactos ambientais e sociais da usina de compostagem em Córrego do Bom Jesus.

* Do deputado Padre João (PT), solicitando audiência em Ouro Preto, a fim de debater a criação do Parque Estadual da Serra do Ouro Branco (ou Serra do Deus Te Livre) e de conhecer estudo técnico de identificação da localização, dimensões e limites da serra.

* Do deputado Roberto Carvalho (PT), que solicita audiência pública em Santa Luzia para discutir a proposta de classificar como área de proteção permanente (APP) aquela sob domínio da Codemig na região do bairro Frimisa.

* Do deputado Domingos Sávio (PSDB), solicitando que, nas audiências públicas nas regiões do Estado, seja incluído painel sobre alterações climáticas e convidado a falar o coordenador executivo do Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas Globais do Estado, Milton Nogueira.

* Do deputado Elmiro Nascimento (DEM), que solicita reunião conjunta com as comissões de Administração Pública e de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, a fim de discutir a situação do ensino de educação ambiental na rede pública.

* Do deputado Roberto Carvalho (PT), solicitando Debate Público a fim de discutir projeto de criação do programa de catalogação e preservação de nascentes de água em Minas.

* Do deputado Adalclever Lopes (PMDB), solicitando ao Copam do Sul de Minas fiscalização urgente do empreendimento de aterro sanitário em Perdões, conduzido pela Prefeitura.

* Dos deputados Fábio Avelar (PSC) e Wander Borges (PSB), dois requerimentos: de realização de audiência para discutir os impactos socio-ambientais da construção do mineroduto Minas-Rio pela empresa MMX Mineração; e de realização de audiência para discutir o PL 135/07, que institui o Código Estadual de Proteção dos Animais.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), vice-presidente, que presidiu a reunião; Wander Borges (PSB), Rômulo Veneroso (PV) e Almir Paraca (PT). Também participou o presidente da Associação Comunitária dos Moradores do Bairro Álvaro Camargos, Geraldo Ezequiel Pereira.

 

 

 

 

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