Frente Parlamentar vai lutar por recursos para a Saúde Pública

Deflagrar um grande movimento para obter a regulamentação da Emenda 29 à Constituição Federal e assim assegurar o fin...

25/04/2007 - 00:00
 

Frente Parlamentar vai lutar por recursos para a Saúde Pública

Deflagrar um grande movimento para obter a regulamentação da Emenda 29 à Constituição Federal e assim assegurar o financiamento da saúde pública, a partir de Minas, é a ambição da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde, lançada na tarde desta quarta-feira (25/4/07) no Teatro da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, com assinaturas de mais de trinta deputados. Dos dez deputados médicos da Assembléia, sete estavam presentes ao evento: Carlos Pimenta (PDT), Carlos Mosconi (PSDB), Hely Tarqüínio (PV), Sebastião Helvécio (PDT), Doutor Rinaldo (PSB), Doutor Viana (DEM) e Fahim Sawan (PSDB).

Carlos Pimenta disse que a Frente terá maior mobilidade que a Comissão de Saúde para discutir grandes temas, como a regulamentação da Emenda 29 para tornar claro o custeio da saúde pública no Brasil. "A União não cumpre o papel de investir sua parte. O presidente Lula está pedindo a prorrogação da vigência da CPMF por mais quatro anos, e lembramos que os bilhões ali arrecadados se destinavam originalmente à Saúde. Enquanto em Minas o governo investe R$ 176 milhões no ProHosp, o governo federal repassa apenas R$ 200 milhões para o país todo", denunciou.

Hely Tarqüínio, escolhido coordenador da Frente, agradeceu o privilégio e recordou a criação do SUS na Constituinte de 1988, atribuindo méritos ao deputado Mosconi, "que ajudou a escrever a bela página da Saúde Pública na Constituição e também foi o autor da Emenda 29, que desejamos ver regulamentada". Tarqüínio disse que o Brasil estava emergindo de uma ditadura que havia negado os direitos básicos ao cidadão durante muito tempo e, por essa razão, o constituinte tentou resgatar a utopia do direito universal à saúde. Acrescentou que a CPMF arrecada R$ 32 bilhões por ano, e esse dinheiro é lançado no Caixa único. "Enquanto isso temos 60 mil pessoas com a AIH na mão sem conseguir atendimento".

País de indigentes, sem cidadania e sem direitos

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi lembrou que o ex-ministro Adib Jatene se desgastou muito para obter a aprovação da CPMF e, quando não conseguiu vinculá-la à Saúde, demitiu-se no dia seguinte. Recordou que, antes da Constituição, a Saúde era totalmente desorganizada. O Inamps, que tinha 130 mil funcionários, não pertencia ao Ministério da Saúde, mas ao da Previdência. A transferência se deu no apagar das luzes do Governo Sarney. Mosconi lembrou que só tinha acesso à saúde pelo Inamps o portador de Carteira de Trabalho, naquilo que o deputado Sebastião Helvécio chama de "pensamento bismarckiano". Os restantes eram considerados indigentes.

"O Brasil era um país de indigentes, sem cidadania, sem direito a nada. Foi preciso acabar com o Inamps para o SUS sobreviver. Foi uma grande vitória a inclusão do Sistema Único na Constituição. No entanto, faltou um dispositivo que assegurasse financiamento para o SUS. Só a Educação conseguiu esse objetivo. O paradoxo que observo é esse: a Educação tem financiamento, mas não tem política. A Saúde tem política, mas não tem financiamento", disse Mosconi, sublinhando que a solução para o problema é exclusivamente política.

O deputado Sebastião Helvécio, que acaba de obter o título de doutor em Saúde Coletiva, opinou que, se os ventos neoliberais que hoje varrem o Congresso estivessem presentes em 1988, o Sistema Único de Saúde jamais seria incluído na Constituição, e revelou que a Constituição Estadual mineira de 1989 foi a primeira do país a inserir proteções sociais. "No artigo 158, nossos constituintes estipularam que o gasto em saúde teria que ser equivalente aos de transporte e obras viárias, que costumeiramente ficam com 10% do orçamento. Foi a maneira encontrada para burlar a proibição de vinculação de receitas", lembrou o deputado.

Gastos das três esferas em saúde estão em declínio

Helvécio informou ainda que entrou nesta quarta-feira com um projeto de lei criando a Conta Estadual da Saúde, que espera tornar-se um embrião mineiro para uma Conta Nacional que inclua gastos privados e gastos públicos em equilíbrio para o atendimento à população. Disse que a Inglaterra gasta 7,8% do seu PIB com Saúde, e que o Brasil gasta o mesmo percentual, sendo 50% da União, 26% dos municípios e 24% dos estados.

Adiantou dados de sua tese de doutorado - aprovada na última sexta-feira com nota máxima e louvor pela banca da UERJ e da UFJF - segundo os quais os gastos da União, dos Estados e do conjunto dos 853 municípios mineiros com saúde vêm encolhendo ano após ano desde 1995. "Foram furtados da Saúde nada menos que R$ 9,9 bilhões. Essa é uma grave assimetria federativa que precisa ser corrigida politicamente".

O deputado Doutor Rinaldo também se integrou ao movimento pela regulamentação da Emenda 29, e pediu a expansão do Programa de Saúde da Família (PSF). Exemplificou que em Belo Horizonte e Várzea da Palma o PSF está 100% implantado. Mas em sua cidade, Divinópolis, apenas 20% da população é atendida.

A secretária-adjunta de Saúde de Belo Horizonte, Maria do Carmo, revelou a grande expectativa da comunidade pela regulamentação da Emenda 29, com o aporte de recursos que permitirão aumentar o acesso e a qualificação do atendimento. E o promotor de Justiça Antônio Joaquim Fernandes Neto discorreu sobre a "judicialização da Saúde", reconhecendo que o foco tem sido excessivo no indivíduo e escasso no aspecto coletivo.

Estiveram presentes ao evento, além dos já citados, os deputados Fábio Avelar (PSC), Wander Borges (PSB), Paulo Cesar (PDT), Domingos Sávio (PSDB) e a deputada Gláucia Brandão (PPS). Compuseram a mesa também o presidente da Associação Médica de Minas Gerais, José Carlos Colares e o ex-deputado Kemil Kumaira, secretário de Relações Institucionais da Copasa-MG.

 

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