Parentes de desaparecidos pedem maior atenção do governo

Familiares de pessoas desaparecidas pediram o apoio da Assembléia Legislativa de Minas Gerais para pressionar o Execu...

24/04/2007 - 00:00
 

Parentes de desaparecidos pedem maior atenção do governo

Familiares de pessoas desaparecidas pediram o apoio da Assembléia Legislativa de Minas Gerais para pressionar o Executivo a aparelhar melhor a delegacia responsável pela investigação dos desaparecimentos. O pedido foi feito nesta terça-feira (24/4/07), em reunião conjunta das comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública, com o objetivo de apurar os casos de desaparecimento de crianças e adolescentes em Minas Gerais, desde 2005. De acordo com os parlamentares, já se registraram mais de 50 casos desse tipo, no período. Entre os casos mais divulgados estão o do garoto Pedro Augusto Beltrão, visto pela última vez em agosto de 2006, e o de Douglas Freitas Ferreira, desaparecido em março do mesmo ano.

Os pais de Pedro Augusto, Benoni Prates Beltrão e Cléia Maria da Conceição Santos, e a mãe de Douglas, Simone Helena Rodrigues, participaram da reunião conjunta. Também compareceram Vânia Froes, mãe de um desaparecido, e Wanda Nogueira Miranda, que possui uma irmã desaparecida há oito anos. Benoni Beltrão e Simone Rodrigues se disseram muito insatisfeitos com as investigações, que até agora mostraram pouco ou nenhum resultado. "É muito lento, muito devagar. São 117 dias, e cada dia é uma dor. Meu filho pode estar por aí, com fome, ou até morto", declarou Simone Rodrigues. Douglas foi visto pela última vez na Avenida Pedro I, perto da Vila Olímpica do Atlético, onde tinha ido jogar futebol.

Delegado diz que não há prova de assassinato

Simone disse não acreditar que haja ligação real entre o caso de seu filho, ou o de Pedro Augusto, com o relato feito pelos dois filhos de um policial civil. Os dois garotos, já ouvidos em reunião reservada das comissões parlamentares, disseram ter sido violentados pelo pai e terem visto o assassinato de Pedro Augusto. "A gente não quer acreditar, mas queremos que se investigue mais para tirarmos logo esse peso", afirmou Benoni Beltrão. O delegado titular da Divisão de Crimes Contra a Vida, Wagner Pinto de Souza, disse que não há provas de que o assassinato tenha ocorrido, apesar de continuarem as investigações sobre o caso. Wagner Souza participou da reunião em que os filhos do policial foram ouvidos, e também acompanhou os trabalhos das comissões nesta terça-feira.

O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), disse que o trabalho conjunto das comissões parlamentares com as delegacias especializadas e o Ministério Público é um avanço, na medida em que isso não deixa os casos serem esquecidos. "Infelizmente, em alguns casos, a polícia encontra dificuldades porque não há pistas", ressalvou. Com relação a Pedro Augusto, ele disse que é cedo para manifestar qualquer conclusão. "Vamos ser cautelosos, para não acusar, mas também para não fazer absolvição prévia", afirmou o parlamentar.

Foi aprovado, na reunião conjunta, requerimento de autoria dos deputados Durval Ângelo (PT), Sargento Rodrigues, Luiz Tadeu Leite (PMDB) e Leonardo Moreira (DEM), solicitando que seja enviado ofício à delegada titular da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, pedindo que seja enviado relato sobre o andamento dos 42 inquéritos de desaparecimentos de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança; Ruy Muniz (DEM), Leonardo Moreira (DEM) e Luiz Tadeu Leite (PMDB); ex-deputado Rogério Correia; delegada titular da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, Cristina Coeli Masson; delegado titular da Divisão de Crimes Contra a Vida, Wagner de Souza; promotora da Infância e da Juventude, Ângela Fábero; Benoni Beltrão, Cléia Santos, Simone Rodrigues, Vânia Froes e Wanda Nogueira, parentes de desaparecidos.

 

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