Subsecretário mostra Plano de Educação em Direitos Humanos

Ações educativas em vários níveis, nas escolas, sindicatos, associações, igrejas e nas próprias instituições de forma...

19/04/2007 - 00:01
 

Subsecretário mostra Plano de Educação em Direitos Humanos

Ações educativas em vários níveis, nas escolas, sindicatos, associações, igrejas e nas próprias instituições de formação policial são a melhor solução apontada pelos especialistas para eliminar os preconceitos contra minorias e reduzir a violência policial contra infratores no Brasil, país que é signatário de praticamente todos os tratados internacionais de direitos humanos, mas ostenta índices lastimáveis de violência e ainda convive com a prática da tortura por parte dos órgãos de segurança pública.

Essa proposta foi apresentada aos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e a dezenas de pessoas na platéia da audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (19/4/07), pelo subsecretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano. "O Plano é fruto de muitas discussões realizadas em todos os Estados, e também de um seminário que realizamos com 12 países da América Latina. O ponto de partida é entendê-lo como um processo em construção permanente, e fazê-lo não para a população, mas com a população", distinguiu Cipriano.

O presidente do PT estadual e ex-secretário Nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, disse que o plano abrange as ações nas três esferas de Governo, e também no âmbito dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e das entidades de defesa. "Nada vai acontecer de cima para baixo", assegurou, acrescentando que "o desafio é chegar ao cidadão comum". Miranda disse que o Brasil tem o Estatuto da Criança e do Adolescente que merece a admiração do mundo, mas que pouca gente o conhece. "Ainda temos dois milhões de crianças em trabalhos penosos", informou.

Ódio e preconceito se aprendem na escola

Em sua palestra, o subsecretário Cipriano disse acreditar que o século 21 vai se ocupar especialmente dos direitos humanos e do meio ambiente, ou seja, do combate à violência contra os seres humanos e contra a natureza. Explicou que o plano ataca a questão em vários níveis: no nível universitário, o sistema de cotas para negros já estaria mudando a cor das universidades, e brevemente a população perceberá o aumento no número de médicos negros nos hospitais.

No ensino fundamental, prosseguiu Cipriano, é preciso um longo trabalho de discussão com os pais, dirigentes e professores, porque o ódio racial e o preconceito contra minorias se aprende na escola. Seria necessário também, segundo ele, rever o papel da mídia, nos programas de humor que fazem chacota contra judeus, ciganos, idosos, mutilados, homossexuais, portadores de síndrome de Down, etc. "Há pesquisadores que sustentam que o presidente Juscelino Kubitschek era descendente de ciganos", informou.

Um manual para treinar a polícia na forma de abordar as pessoas na rua também precisa ter o enfoque de direitos humanos, para que respeite a cidadania e os direitos dos mendigos e moradores de rua, e também para lembrar aos policiais que, aos olhos da lei, tortura é um crime mais grave do que roubar uma padaria. "Às vezes as próprias mães legitimam a tortura, ao dizer que seu filho foi maltratado, mas que é inocente. É como se elas admitissem a tortura para quem for culpado".

O deputado João Leite (PSDB) interveio para dizer que seu pai era guarda-civil, e foi mandado para casa após o golpe de 1964, que extinguiu essa corporação que tinha uma formação especial para apaziguar conflitos sem recorrer desnecessariamente à força. "Hoje, quando se fala na formação da Guarda Municipal, temos a oportunidade de capacitar esses novos guardas em direitos humanos", sugeriu o deputado.

Governo em dia com as indenizações a vítimas da tortura

O subsecretário de Direitos Humanos do Governo de Minas, João Batista Oliveira, informou que o Governo está em dia com os pagamentos das indenizações às vítimas de tortura do período militar. Cerca de 450 indenizações no valor de R$ 30 mil foram pagas e há outros processos em análise. Ele pediu a Perly Cipriano que reativasse as reuniões periódicas do Fórum Nacional de Direitos Humanos.

Emely Salazar, presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, avalia positivamente a ação das ouvidorias de Polícia, que chegaram a modificar as atitudes de muitos policiais, e aprova os programas de educação dos profissionais da segurança pública. Por outro lado, pediu a prorrogação dos prazos para os processos de indenização de torturados pelo regime militar, argumentando que muitas vítimas sofreram seqüelas psicológicas ou simplesmente lhe falta informação sobre esse direito.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT) também pediu depoimentos do promotor de Justiça de Direitos Humanos, Rodrigo Filgueira, e do chefe da Defensoria Pública, Leopoldo Portela, a respeito das dificuldades de sua ação e do risco de retrocesso. Os defensores estão em greve por melhores salários e condições de trabalho há 70 dias, como assinalou a deputada Elisa Costa (PT). Ao final da reunião, Durval Ângelo abriu a palavra para a platéia. Representantes de minorias homossexuais, estudantes de Direito e outros militantes de direitos humanos se revezaram ao microfone para expor suas questões e apresentar reivindicações. A todos o subsecretário Perly Cipriano respondeu.

Presenças: Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice; João Leite (PSDB), e a deputada Elisa Costa (PT).

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715