População de Buritizeiro pede que ponte interditada seja reaberta

A população de Buritizeiro lotou o auditório do Centro Pastoral São Pedro, na cidade, para participar da audiência pú...

19/04/2007 - 00:02
 

População de Buritizeiro pede que ponte interditada seja reaberta

A população de Buritizeiro lotou o auditório do Centro Pastoral São Pedro, na cidade, para participar da audiência pública que discutiu a interdição da Ponte Marechal Hermes, que liga Buritizeiro a Pirapora, no Norte de Minas. A reunião foi solicitada pelo deputado Weliton Prado (PT), presidente da Comissão de Assuntos Municipais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Além da população, compareceram vereadores das duas cidades, líderes comunitários, e o vice-prefeito de Buritizeiro, Luiz Carneiro Júnior. Todos pediram ao Ministério Público que a ponte fosse reaberta pelo menos para o tráfego de motos.

A interdição da ponte foi determinada pela Justiça, em novembro de 2006, a pedido do Ministério Público, em razão da precariedade das condições estruturais da via e da necessidade de preservação daquele patrimônio histórico, tombado pelo Estado. A população de Buritizeiro exigiu que o Ministério Público libere a ponte, pelo menos, para motos. Hoje, cinco meses após a interdição, só é permitido o tráfego de bicicletas e pessoas. Quem precisa da ponte como via, gastava R$ 2 para ir de uma cidade à outra. Agora, está pagando o dobro, R$ 4, já que o moto-táxi está passando pela BR 365, o que deixa o percurso 8 km mais longo. O custo elevado faz com que os cerca de 200 motoqueiros das duas cidades tenham sua clientela diminuída, o que também prejudica a economia local.

Outro problema enfrentado é aumento do número de acidentes. O vereador de Pirapora, Ildemar Cordeiro, que representou o prefeito da cidade, Warmillon Fonseca Braga, disse que já ocorreram dois acidentes fatais na rodovia, enquanto na ponte nunca foi registrado nenhum caso similar. O vice-prefeito de Buritizeiro criticou a ação do Ministério Público e o projeto de reforma da ponte, apresentado pela Usiminas, a pedido da prefeitura de Pirapora. "É um projeto caro e que muda as características da ponte. Ele troca os dormentes por cimento, no piso", disse. O deputado Paulo Guedes (PT) ressaltou que a ponte também é uma forma de preservar a memória da população ribeirinha do rio São Francisco.

Recursos provenientes do tombamento histórico não garantem manutenção

Os deputados presentes lembraram a importância histórica da ponte. A Ponte Marechal Hermes tem 694 metros de extensão, divididos em 14 vãos, e oito metros de largura. Aberta em 1922, foi construída pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e sua estrutura metálica foi doada pelo governo da Bélgica. Em 1978, a prefeitura de Buritizeiro fez um contrato de comodato com a RFFSA, válido por 30 anos, para manutenção da ponte. A deputada Ana Maria Resende (PSDB) manifestou preocupação com a proximidade do fim do comodato (em 2008), além de ressaltar que o trabalhador da região foi o principal prejudicado com a interdição. "Quem tem carro utiliza a BR 365. A situação encareceu os custos de transporte para o trabalhador", avaliou. O deputado Eros Biondini (PHS) disse que avaliava a audiência com muita esperança e conclamou a todos para organizarem um movimento de união entre povo e poder público.

Em 1995, a prefeitura de Pirapora tombou a ponte, como patrimônio histórico da cidade, beneficiando-se da Lei Robin Hood, que repassa parcelas maiores de ICMS, para cidades com monumentos tombados ou com unidades ecológicas. O vice-prefeito de Buritizeiro e algumas pessoas presentes afirmaram que o tombamento significou um aumento de repasse do Estado para Pirapora, de R$ 6 mil, segundo eles, não revertidos pela Prefeitura para manutenção da ponte. O vereador de Pirapora, Ildemar Cordeiro, argumentou que o repasse não é suficiente nem para cobrir os gastos com o vapor Benjamim Guimarães, "também patrimônio histórico da cidade, que custa R$ 15 mil mensais à prefeitura", declarou. "A ponte é um vínculo entre as duas cidades. É preciso mais boa vontade, competência e responsabilidade dos órgãos públicos nesse caso", afirmou o deputado Almir Paraca (PT).

A interdição foi pedida pelo então promotor da Comarca, Marcelo de Oliveira Costa, por meio de uma ação civil pública cautelar. Um mês depois, em dezembro, de 2006, houve uma tentativa de solucionar a situação com um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas não houve acordo entre as partes. O atual promotor, Carlos Eduardo de Almeida, esteve na audiência pública. Ele afirmou que "o Ministério Público está aberto ao diálogo e quer resolver o problema, mas não pode ser irresponsável e reabrir a ponte sem um laudo de segurança".

Resultados - Três requerimentos foram aprovados na reunião. O primeiro solicita que o comando da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) aumente o contigente de policiais nas duas cidades, já que estão sendo registrados muitos casos de violência na ponte e nos seus arredores. Outro requerimento pede ao Ministério Público que realize e celebre o TAC com as prefeituras, e viabilize recursos emergenciais para sua reforma. O documento também pede que o Corpo de bombeiros elabore o laudo de segurança sobre a ponte. O terceiro requer o agendamento de uma visita da comissão ao Iepha para discutir a possibilidade de recursos financeiros para a obra.

"De imediato, essa comissão não tem o poder de resolver a situação, mas esse encontro em Buritizeiro é muito importante para, juntos, tentarmos uma solução", reforçou o deputado Weliton Prado. Prova disso foi o outro resultado da audiência pública: a criação de uma comissão com dez membros (cinco de cada cidade), para continuar as discussões sobre a reforma e a retomada do tráfego na ponte.

Presenças - Deputados Weliton Prado (PT), presidente da comissão; Eros Biondini (PHS), Paulo Guedes (PT), Ana Maria Resende (PSDB), Almir Paraca (PT).

 

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