| População de Buritizeiro pede que ponte interditada seja 
            reaberta A população de Buritizeiro lotou o auditório do 
            Centro Pastoral São Pedro, na cidade, para participar da audiência 
            pública que discutiu a interdição da Ponte Marechal Hermes, que liga 
            Buritizeiro a Pirapora, no Norte de Minas. A reunião foi solicitada 
            pelo deputado Weliton Prado (PT), presidente da Comissão de Assuntos 
            Municipais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Além da 
            população, compareceram vereadores das duas cidades, líderes 
            comunitários, e o vice-prefeito de Buritizeiro, Luiz Carneiro 
            Júnior. Todos pediram ao Ministério Público que a ponte fosse 
            reaberta pelo menos para o tráfego de motos. A interdição da ponte foi determinada pela Justiça, 
            em novembro de 2006, a pedido do Ministério Público, em razão da 
            precariedade das condições estruturais da via e da necessidade de 
            preservação daquele patrimônio histórico, tombado pelo Estado. A 
            população de Buritizeiro exigiu que o Ministério Público libere a 
            ponte, pelo menos, para motos. Hoje, cinco meses após a interdição, 
            só é permitido o tráfego de bicicletas e pessoas. Quem precisa da 
            ponte como via, gastava R$ 2 para ir de uma cidade à outra. Agora, 
            está pagando o dobro, R$ 4, já que o moto-táxi está passando pela BR 
            365, o que deixa o percurso 8 km mais longo. O custo elevado faz com 
            que os cerca de 200 motoqueiros das duas cidades tenham sua 
            clientela diminuída, o que também prejudica a economia local. Outro problema enfrentado é aumento do número de 
            acidentes. O vereador de Pirapora, Ildemar Cordeiro, que representou 
            o prefeito da cidade, Warmillon Fonseca Braga, disse que já 
            ocorreram dois acidentes fatais na rodovia, enquanto na ponte nunca 
            foi registrado nenhum caso similar. O vice-prefeito de Buritizeiro 
            criticou a ação do Ministério Público e o projeto de reforma da 
            ponte, apresentado pela Usiminas, a pedido da prefeitura de 
            Pirapora. "É um projeto caro e que muda as características da ponte. 
            Ele troca os dormentes por cimento, no piso", disse. O deputado 
            Paulo Guedes (PT) ressaltou que a ponte também é uma forma de 
            preservar a memória da população ribeirinha do rio São 
            Francisco. Recursos provenientes do tombamento histórico não 
            garantem manutenção Os deputados presentes lembraram a importância 
            histórica da ponte. A Ponte Marechal Hermes tem 694 metros de 
            extensão, divididos em 14 vãos, e oito metros de largura. Aberta em 
            1922, foi construída pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e sua 
            estrutura metálica foi doada pelo governo da Bélgica. Em 1978, a 
            prefeitura de Buritizeiro fez um contrato de comodato com a RFFSA, 
            válido por 30 anos, para manutenção da ponte. A deputada Ana Maria 
            Resende (PSDB) manifestou preocupação com a proximidade do fim do 
            comodato (em 2008), além de ressaltar que o trabalhador da região 
            foi o principal prejudicado com a interdição. "Quem tem carro 
            utiliza a BR 365. A situação encareceu os custos de transporte para 
            o trabalhador", avaliou. O deputado Eros Biondini (PHS) disse que 
            avaliava a audiência com muita esperança e conclamou a todos para 
            organizarem um movimento de união entre povo e poder público. Em 1995, a prefeitura de Pirapora tombou a ponte, 
            como patrimônio histórico da cidade, beneficiando-se da Lei Robin 
            Hood, que repassa parcelas maiores de ICMS, para cidades com 
            monumentos tombados ou com unidades ecológicas. O vice-prefeito de 
            Buritizeiro e algumas pessoas presentes afirmaram que o tombamento 
            significou um aumento de repasse do Estado para Pirapora, de R$ 6 
            mil, segundo eles, não revertidos pela Prefeitura para manutenção da 
            ponte. O vereador de Pirapora, Ildemar Cordeiro, argumentou que o 
            repasse não é suficiente nem para cobrir os gastos com o vapor 
            Benjamim Guimarães, "também patrimônio histórico da cidade, que 
            custa R$ 15 mil mensais à prefeitura", declarou. "A ponte é um 
            vínculo entre as duas cidades. É preciso mais boa vontade, 
            competência e responsabilidade dos órgãos públicos nesse caso", 
            afirmou o deputado Almir Paraca (PT). A interdição foi pedida pelo então promotor da 
            Comarca, Marcelo de Oliveira Costa, por meio de uma ação civil 
            pública cautelar. Um mês depois, em dezembro, de 2006, houve uma 
            tentativa de solucionar a situação com um Termo de Ajustamento de 
            Conduta (TAC), mas não houve acordo entre as partes. O atual 
            promotor, Carlos Eduardo de Almeida, esteve na audiência pública. 
            Ele afirmou que "o Ministério Público está aberto ao diálogo e quer 
            resolver o problema, mas não pode ser irresponsável e reabrir a 
            ponte sem um laudo de segurança". Resultados - Três 
            requerimentos foram aprovados na reunião. O primeiro solicita que o 
            comando da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) aumente o 
            contigente de policiais nas duas cidades, já que estão sendo 
            registrados muitos casos de violência na ponte e nos seus arredores. 
            Outro requerimento pede ao Ministério Público que realize e celebre 
            o TAC com as prefeituras, e viabilize recursos emergenciais para sua 
            reforma. O documento também pede que o Corpo de bombeiros elabore o 
            laudo de segurança sobre a ponte. O terceiro requer o agendamento de 
            uma visita da comissão ao Iepha para discutir a possibilidade de 
            recursos financeiros para a obra. "De imediato, essa comissão não tem o poder de 
            resolver a situação, mas esse encontro em Buritizeiro é muito 
            importante para, juntos, tentarmos uma solução", reforçou o deputado 
            Weliton Prado. Prova disso foi o outro resultado da audiência 
            pública: a criação de uma comissão com dez membros (cinco de cada 
            cidade), para continuar as discussões sobre a reforma e a retomada 
            do tráfego na ponte. Presenças - Deputados 
            Weliton Prado (PT), presidente da comissão; Eros Biondini (PHS), 
            Paulo Guedes (PT), Ana Maria Resende (PSDB), Almir Paraca 
            (PT).   
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