Deputados querem incluir meia-entrada no Estatuto do Cinéfilo

Modificações nos critérios para concessão de meia-entrada e gratuidade nos cinemas e espetáculos artísticos e criação...

19/04/2007 - 00:01
 

Deputados querem incluir meia-entrada no Estatuto do Cinéfilo

Modificações nos critérios para concessão de meia-entrada e gratuidade nos cinemas e espetáculos artísticos e criação de um fundo para compensar os empresários do setor na concessão desses benefícios foram algumas das sugestões de alterações no Estatuto do Cinéfilo discutidas na reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (19/4/07). Realizada a pedido do presidente da comissão e autor do Projeto de Lei (PL) 685/07, deputado Délio Malheiros (PV), a reunião tinha como objetivo discutir a proposição, que institui o Estatuto do Cinéfilo, regulamentando as relações entre consumidores e estabelecimentos que exploram comercialmente a apresentação de filmes, de teatro, de dança, entre outros.

O presidente do Sindicato das Empresas Cinematográficas Exibidoras de Cinema de Belo Horizonte, Pedro Olivotto, apresentou algumas das dificuldades que o setor vem enfrentando hoje. Segundo ele, a falta de controle na emissão das carteiras de estudantes, que atualmente estão sendo emitidas também por empresas privadas, é um dos grandes problemas enfrentados pelos empresários. "Atualmente, a meia-entrada é responsável por 73% dos ingressos vendidos, sendo que, no caso dos cinemas, para que a atividade seja rentável, é necessário que pelos menos 30% dos ingressos sejam vendidos no seu valor integral", afirmou.

Outra dificuldade apresentada por Pedro Olivotto é a venda pirata de filmes que ainda estão em exibição nas salas de cinema. Segundo ele, a pirataria reduziu em 25% o público dos cinemas. Para o presidente do sindicato, o cinema está se tornando uma atividade insustentável para as empresas brasileiras, sendo que os grupos estrangeiros estão invadindo o mercado brasileiro e hoje já possuem cerca de 60% das salas no País. De acordo com Pedro Olivotto, a instalação de uma sala de cinema custa pelo menos R$ 200 mil.

Mudança no projeto - Diante dos problemas relatados pelo presidente do sindicato, os deputados Délio Malheiros e Antônio Júlio (PMDB) discutiram a possibilidade de acrescentar no PL 685/07, que está aguardando parecer na Comissão de Constituição e Justiça, uma regulamentação mais clara sobre a concessão de meia-entrada e gratuidade e também a previsão de um fundo que possa custear a concessão desses benefícios. O deputado Délio Malheiros afirmou que é necessário alterar os critérios de concessão de meia-entrada e de gratuidade, que devem levar em consideração a condição socioeconômica das pessoas. "Enquanto os estudantes de escolas públicas, por exemplo, não possuem condições de pagar nem a meia-entrada, os estudantes da rede privada muitas vezes podem pagar a inteira", destacou.

O deputado Antônio Júlio defendeu a criação de um fundo com recursos públicos, que podem ser originados de impostos ou da cobrança de multas, para custear a concessão dos benefícios. Para ele, o Estado e a sociedade devem arcar com essa situação e não apenas os empresários, como vem acontecendo hoje. Pedro Olivotto manifestou apoio às sugestões dos deputados e afirmou que o estabelecimento de critérios com um pano de fundo social para a concessão de meia-entrada poderá aumentar o público dos cinemas, que atualmente corresponde a apenas 9% da população brasileira.

Estatuto do Cinéfilo irá regulamentar o uso dos celulares

O assessor da Diretoria do Audiovisual da Secretaria de Estado da Cultura, Daniel de Queiroz Soares, afirmou que um dos benefícios trazidos pelo Estatuto do Cinéfilo será o controle do uso dos celulares. O projeto prevê que os espectadores deverão mantê-los no modo silencioso durante todo o espetáculo, e os administradores das salas terão o direito retirar as pessoas que insistirem em utilizar aparelhos telefônicos durante os espetáculos.

Entretanto, Daniel de Queiroz Soares lembrou que muitas vezes não é somente o uso dos celulares que causa incômodo nas salas de cinema, mas também outros comportamentos, como conversas. Para ele, seria importante acrescentar no projeto a possibilidade de os espectadores recorrem aos administradores das salas em outros casos de comportamentos que estejam atrapalhando as exibições dos filmes. Nesse sentido, Pedro Olivotto afirmou que os celulares estão deixando de se tornar um incômodo, pois é cada vez maior o número de pessoas que se sentem constrangidas em utilizar o aparelho nas salas de cinema.

Determinações do projeto - Outras modificações trazidas pelo PL 685/07 são a proibição de mudanças de última hora na programação das salas, a limitação das propagandas exibidas antes de cada exibição e o controle na entrada de servidores públicos sem pagar ingresso. O projeto limita a dez minutos o tempo para exibição de trailers e cinco minutos para propagandas. Para evitar abusos, observará novas regras a entrada de policiais e demais servidores que tenham direito de acesso ao interior das salas de cinema e teatro sem pagar ingresso. O profissional deverá preencher um breve cadastro detalhando o porquê de estar ali. O deputado Délio Malheiros explicou que o objetivo é permitir a entrada gratuita apenas dos servidores que estiverem em serviço, como policiais que precisem realizar a prisão de uma pessoa.

Requerimentos - Na reunião, foram aprovados dois requerimentos apresentados pelo deputado Antônio Júlio. O primeiro pede informações à Secretaria de Estado da Fazenda sobre a falta de regulamentação da Lei 15.300, de 1994, que torna obrigatória a instalação de lacre eletrônico nos tanques de armazenamento de combustível. O segundo solicita que sejam convidados representantes do Sindicato dos Fiscais e Agentes Fiscais de Tributos de Minas Gerais (Sindifisco) para, em reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, prestar esclarecimentos sobre a portaria da Secretaria da Fazenda que vincula a concessão de reajustes salariais à aplicação de multas aos contribuintes do Estado.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente da comissão; Antônio Júlio (PMDB), Célio Moreira (PSDB) e Neider Moreira (PPS); e, além dos convidados já citados, o conselheiro do Sindicato das Empresas Cinematográficas Exibidoras de Cinema de Belo Horizonte, Lúcio Otoni.

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715