Fazendeiros do Norte de MG pedem fim de restrições a desmatamento

Produtores rurais do Norte de Minas querem uma nova legislação sobre a conservação de áreas de reserva legal dentro d...

18/04/2007 - 00:00
 

Fazendeiros do Norte de MG pedem fim de restrições a desmatamento

Produtores rurais do Norte de Minas querem uma nova legislação sobre a conservação de áreas de reserva legal dentro das fazendas. O pedido foi feito pelo presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Alexandre Antônio Viana, aos deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que fizeram uma audiência pública na cidade nesta quarta-feira (18/4/07).

O produtor rural reclama que, há pelo menos quatro anos, diversas normas legais vêm restringindo as atividades agropecuárias na região. Há um decreto federal que considera as áreas de Mata Seca como remanescentes de Mata Atlântica, e, portanto, essa vegetação deveria ser preservada. A restrição absoluta à derrubada da Mata Seca poderia acarretar a eliminação de cerca de 90 mil empregos no campo, conforme estudo elaborado pela Emater-MG.

Por isso, Comitê Estadual de Política Ambiental (Copam) baixou uma deliberação normativa que libera o desmatamento dessas áreas no Norte de Minas, mas com limites. Segundo Alexandre Viana, nas chamadas capoeiras (antigos pastos onde já houve a rebrota da caatinga) é permitida a derrubada de até 60% da vegetação, percentual que cai para 20% em áreas de mata nativa.

A Sociedade Rural considera esses limites injustos, uma vez que nas outras regiões do Estado não há esse tipo de restrição. A Lei 14.309 estabelece o limite de 20% de reserva legal nas propriedades rurais. Mas é comum fazendeiros de regiões mais ricas investirem na formação de reservas no Norte do Estado, onde as terras são mais baratas. De acordo com Alexandre Viana, o Sul e o Triângulo têm apenas 7% de cobertura florestal nativa, enquanto no Norte de Minas esse percentual gira em torno dos 50%.

"Não podemos permitir que o Norte pague a conta ambiental das outras regiões do Estado", reclama. Segundo Viana, além de ser a região que concentra a maior parte das florestas plantadas do Estado, é no Norte que se localizam muitas das unidades de conservação que perfazem 17,3% do território mineiro. Ele defende a criação de créditos ecológicos para compensar as restrições mais severas ao desmatamento na região. "O Poder Executivo tem sido extremamente prepotente nesta questão. É preciso que a Assembléia, que é a casa do povo, assuma verdadeiramente o papel de defensora dos direitos do cidadão", cobrou.

Equilíbrio entre desenvolvimento e conservação

O presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), que solicitou a realização da reunião, defendeu que é preciso haver uma mediação para o dilema entre desenvolvimento econômico e preservação da natureza. "Acredito que não há intenção dos órgãos ambientais de penalizar o produtor rural. Tanto os que querem gerar empregos quanto os que querem preservar o ambiente agem com as melhores intenções", ponderou o parlamentar.

O deputado Paulo Guedes (PT) manifestou apoio à causa dos produtores rurais. Ele defende que a recomposição da reserva legal seja feita obrigatoriamente na mesma bacia hidrográfica da área desmatada, para evitar distorções como a criação de áreas de conservação no Norte por fazendeiros do Triângulo. Tramita na ALMG um projeto de lei de sua autoria com essa finalidade. É o PL 6/07, que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça e aguarda parecer da Comissão de Meio Ambiente para ir a votação em 1º turno no Plenário.

O deputado Wander Borges (PSB), por sua vez, garantiu que os produtores rurais serão ouvidos no processo de elaboração da futura lei. E o deputado Almir Paraca (PT) defendeu a necessidade de revitalização do Rio São Francisco.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Wander Borges (PSB), Almir Paraca (PT), Rômulo Veneroso (PV) e Paulo Guedes (PT). Também participaram da reunião o superintendente de licenciamento e atos autorizativos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Rogério Rocha; e o vice-presidente da regional Norte da Fiemg, Adalto Marques Batista.

 

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